A tentativa de preservar o raríssimo Castlevania: The Arcade Game

Iniciando sua trajetória em 1986, a franquia Castlevania já recebeu mais de 30 capítulos, mas curiosamente, apenas dois deles apareceram nos fliperamas. Um é provável que você conheça, se trata do muitas vezes odiado Haunted Castle. Já o outro é o Castlevania: The Arcade Game, um título tão raro que apenas os mais apaixonados pela série ouviram falar e pouquíssimos tiveram a oportunidade de experimentar.

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Desenvolvido pela própria Konami e lançado em 2009, Castlevania: The Arcade Game (ou Akumajō Dracula: The Arcade, como é conhecido no Japão) foi uma guinada radical para a franquia. Ao contrário do que nos acostumamos a jogar ao longo das décadas, este não apresentava uma jogabilidade com visão lateral, muito menos adotava o estilo de ação 3D em teceria pessoa.

De forma um tanto surpreendente, o jogo seguia o estilo rail-shooter, mais ou menos como tínhamos em clássicos como Virtua Cop, House of the Dead ou Time Crisis. Porém, o seu grande diferencial estava no fato de a arma do personagem ser um chicote e para aumentar a imersão, a Konami não mediu esforços. Veja o que diz a descrição do Castlevania Wiki:

“Um controle-chicote especial com sensor de movimentos e com dois botões é utilizado para inserir os comandos. O botão superior é usado para ativar o chicote, levando os jogadores a movimentar o controle para causar dano nos inimigos. O gatilho é utilizado para ativar as sub-armas, como facas e cruzes. Já o uso das sub-armas permite que o jogador ataque inimigos distantes que a arma principal não consegue alcançar. As sub-armas são recarregadas coletando corações (até 25) espalhados por cada estágio na forma de velas destrutíveis e caixotes de madeira. É possível trocar para qualquer sub-arma já coletada ao apertar um botão vermelho especial.”

Ou seja, o controle funcionava como um Wiimote ou ainda mais precisamente, como um PlayStation Move, já que ele também contava com uma luz na ponta. Assim, cabia ao jogador imitar estar usando um chicote para desferir os golpes pela tela e ao final de cada estágio, ele receberia uma classificação de acordo com o seu desempenho.

Por fim, o Castlevania: The Arcade Game ainda contava com um sistema de progressão para os personagens, que eram conhecidos como Vampire Hunter e Lady Gunner. Além disso, sempre que ficássemos sem realizar uma ação, uma barra era preenchida e quando ela estivesse completa, era possível realizar um ataque especial, que causava bastante dano nos monstros.

Para ser sincero, algo assim me parece diferente demais do que eu gostaria de ver em um Castlevania, o que a princípio não me agrada muito. Contudo, por adorar a franquia, gostaria de ter a oportunidade de experimentá-lo, até por causa do seu belíssimo gabinete. Dê uma olhada:

O problema aqui é que o Castlevania: The Arcade Game foi lançado apenas no Japão e embora a máquina até tenha sido levada para outros países, há registros da existência de somente cinco nos Estados Unidos e uma na Europa, numa loja chamada Arcade Planet, na Espanha. Mesmo no seu país de origem só haveria um desses fliperamas.

Portanto, ter acesso a este jogo é algo muito complicado e conforme o tempo for passando, se tornará ainda mais difícil podermos conhecê-lo. Porém, uma iniciativa está tentando garantir que o título não só nunca desapareça, como seja disponibilizado a todos.

O responsável por essa bela atitude é o dono do canal, Video Game Esoterica, que através de um vídeo revelou ter conseguido acesso a uma imagem do jogo. O interessante é que como ele funcionava em uma placa baseada no PC, o sujeito afirma ter feito com ele rodasse mesmo no Windows 10.

Contudo, embroa a sua versão do Castlevania: The Arcade Game esteja funcional, o colecionador diz não estar conseguindo fazer com que os controles sejam reconhecidos e desta forma, é possível chegar apenas até a tela título. O objetivo agora é encontrar alguém com conhecimento técnico capaz de adaptar os controles pelo menos para a dupla teclado e mouse e se isso acontecer, terá caído a barreira para aquele que é um dos capítulos mais obscuros da franquia Castlevania.

Com o arquivo do jogo já disponível no Internet Archive e com algumas pessoas adorando colocar seus conhecimentos e tempos à disposição de causas como essa, é muito provável que logo alguém encontre uma solução e o título passe a rodar facilmente em quase qualquer computador lançado de uma década para cá. Vale citar que não se trata de emulação, pois essa versão do Castlevania: The Arcade Game está disponível como um executável para PC, o que por si só já deverá facilitar muito a vida daqueles que se interessarem por jogá-lo no futuro.

Mas o que mais impressiona nisso tudo nem é terem encontrado uma cópia somente agora, mais de uma década após o jogo ter aparecido nos arcades. O que me deixa pensativo é a incapacidade da Konami para faturar alguns trocados a mais. Tal jogo pode até não ser excelente, mas casava perfeitamente com os sensores de movimentos disponíveis para Wii e PlayStation 3, podendo ter sido adaptado até mesmo para o Kinect.

Devido à febre que títulos assim causaram na época e mais recentemente com a tentativa de alavancar os dispositivos de realidade virtual, acredito que algo como o Castlevania: The Arcade Game poderia ter feito algum sucesso. Porém, mesmo com o trabalho quase todo pronto, a empresa preferiu virar as costas para o seu público e provavelmente verá o jogo cair gratuitamente nas mãos de muitos que poderiam ter pagado por ele.