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Será a emulação a tábua de salvação para os games antigos?

Sem que novos jogos sejam adicionados à lista de retrocompatibilidade do Xbox, Phil Spencer defende que a emulação oficial nos ajude a preservar o passado

2 anos atrás

Nos últimos dias a Microsoft surpreendeu muitas pessoas ao anunciar que mais de 70 jogos antigos passariam a funcionar no Xbox One e Xbox Series, inclusive com muitos deles contando com resoluções maiores e uma taxa de frames mais alta. A notícia foi comemorada por alguns, mas junto com ela veio a confirmação de que esta será a última leva de títulos que se tornariam retrocompatíveis nos consoles.

Crédito: Divulgação/Microsoft

Ao todo 632 jogos lançados para o Xbox 360 receberam este tratamento, enquanto 63 do primeiro Xbox também passaram a rodar nos videogames mais novos da Microsoft. Isto nos deu acesso a vários ótimos títulos, mas com mais de 2100 lançamentos para o console da sétima geração e quase mil para o seu antecessor, muita coisa boa acabou ficando de fora.

Por se tratar de um recurso tão elogiado e responsável por ajudar a manter viva a história da plataforma, algumas pessoas passaram a questionar o motivo para a empresa ter desistido de continuar incrementando esta lista e a justificativa dada pela Microsoft foi de eles terem esbarrado em questões técnicas, legais e de licenciamento.

Até por se tratar da fabricante de consoles que tem feito o melhor trabalho quando se trata da preservação do passado, saber que eles não continuarão “ressuscitando” jogo antigos é um duro golpe nos saudosistas. Porém, há uma pessoa muito importante na indústria que não parece ter se dado por vencida: Phil Spencer.

Chefe da divisão Xbox e um ferrenho defensor do passado dos games, ele já tinha apontado o Game Pass como uma maneira de resgatar franquias esquecidas e agora voltou a usar a emulação como uma forma de preservar os clássicos. Ao conversar com o site Axios, Spencer disse o seguinte:

Acho que podemos aprender com a história de como chegamos aqui através da criatividade. Adoro isso na música, adoro isso nos filmes e na TV, e há razões positivas para os jogos quererem os seguir.

A minha esperança (e penso que devo apresentá-la desta forma, a partir de agora) é de uma indústria em que trabalharíamos em uma emulação legal que permitisse que o hardware moderno rodasse qualquer (dentro do razoável) executável mais antigo, permitindo a alguém jogar qualquer jogo.

Penso que se no fim das contas dissermos, ‘Ei, qualquer pessoa deveria ser capaz de comprar qualquer jogo, ou possuir qualquer jogo e continuar jogando,’ isto parece um grande ponto de referência para nós, como uma indústria.

Esta última parte é algo que considero interessante, pois enquanto do lado de cá muitos de nós estão interessados apenas em poder ter acesso a títulos que nos divertiram, para as empresas esta pode ser uma excelente forma de aumentar seus faturamentos e principalmente, sem precisarem fazer muito esforço.

Neste sentido, a emulação parecer ser a melhor e mais simples saída, sem que as desenvolvedoras e editoras precisem investir em remasterizações e remakes, sendo que muitas vezes estes trabalhos passam longe de alcançar o resultado desejado, enfurecendo os fãs e podendo até prejudicar a imagem da empresa/franquia.

A própria Microsoft conseguiu explorar muito bem a ideia da emulação com o sistema de retrocompatibilidade implementado nos seus consoles. Pois de acordo com outra entrevista dada por Phil Spencer há alguns meses, a nuvem poderia contribuir muito para esse resgate do passado. Para ele, na nuvem “não precisamos nos preocupar com a capacidade computacional local para emular esses sistemas antigos.

Contudo, por mais que algumas pessoas importantes da indústria continuem alertando sobre a necessidade de manter a história dos games viva e algum avanço tenha sido feito quanto a isso nos últimos anos, a verdade é que ainda temos um longo caminho pela frente.

RetroArch - Emulação

Tela de configuração do RetroArch (Crédito; Divulgação/Libretro)

Só para ilustrar a situação, vou usar os últimos 76 jogos adicionados à lista de retrocompatibilidade do Xbox One e Xbox Series S|X. Assim que soube da novidade fiquei muito feliz ao pensar que finalmente poderia aproveitar títulos da minha coleção como o TimeSplitters: Future Perfect, Risen e Ridge Racer 6 em máquinas mais modernos. Por outro lado, como não lamentar ao saber que provavelmente nunca poderei fazer o mesmo com outros jogos que tanto adoro, como o RalliSport Challenge 2, The Thing ou Outrun 2?

Tudo bem, eu entendo toda a questão de licenciamento envolvida com muitos dos jogos que não se tornaram retrocompatíveis e por sorte ainda tenho os consoles onde posso rodá-los, mas essa não é realidade para muitos. Além disso, há ainda a questão do preço, já que o valor cobrado tanto pelos jogos antigos quanto pelos seus consoles estão se tornando cada vez mais proibitivos.

Talvez a ideia de oferecer uma forma de emulação oficial nunca se torne tão difundida quanto gostaríamos, mas acredito que esta seria uma ótima solução. Mesmo assim ainda esbarraríamos na questão do licenciamento, mas acredito que seria muito bom os consoles receberem suporte oficial a algo como um RetroArch, onde cada empresa poderia oferecer seus catálogos e cobrar pelos jogos da maneira que achassem melhor. Quem sabe um dia.

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