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Novo estudo sugere que matéria escura não existe

A existência (nunca provada) da matéria escura explicaria como as galáxias se formam, mas novo estudo a descartaria completamente

3 anos atrás

A matéria escura é uma das mais perenes sinucas de bico da cosmologia. Muito tempo atrás, a órbita de Mercúrio não podia ser explicada pelas Leis de Newton, e foi preciso que Einstein, com sua Teoria da Relatividade, oferecesse dados para sua precessão, com o planeta sofrendo interferência gravitacional do Sol, por estar perto demais.

No entanto, mesmo os modelos de Newton e Einstein não explicam a formação das galáxias. A aglomeração estelar não teria como se formar sem que houvesse muito mais matéria, e do tipo que não conseguimos detectar. Essa "invisibilidade" é o motivo do nome matéria escura, e mais: 85% do universo seria formado por ela. Todo o restante observável responderia por míseros 15% da matéria existente.

Representação artística da distribuição de matéria escura ao redor da Via Láctea, na forma de uma área azul de material (Crédito: Reprodução/ESO)

Representação artística da distribuição de matéria escura ao redor da Via Láctea, na forma de uma área azul de material (Crédito: Reprodução/ESO)

A existência da matéria escura nunca foi cientificamente comprovada, sua presença é sugerida em experimentos e observações, mas desde sua proposição original, ninguém conseguiu afirmar de forma categórica de que a matéria escura é real. Sua existência é baseada na discrepância entre a atração gravitacional cósmica medida por cientistas, e a quantidade de matéria existente.

Para que tudo funcione como esperado, seria preciso existir muito mais matéria do que já foi identificado, e a matéria escura não seria nada além de um tapa-buraco nos modelos. Só que nem todo mundo concordava com essa abordagem.

Em 1983, o físico israelense Mordehai Milgrom publicou uma alternativa à matéria escura, a hipótese chamada Dinâmica Newtoniana Modificada, ou MOND. Ela propôs uma observação com base em correções nas leis de Newton e Einstein, onde o excesso de atração gravitacional, só ocorre em baixíssimas acelerações, algo difícil de observar e que violaria as Leis de Newton.

O modelo de Milgrom diz que movimentos internos de um objeto dependem também da atração gravitacional gerada pela massa de todo o resto do universo, o que foi chamado de Efeito de Campo Externo, ou EFE. A aceleração resultante seria tão pequena, que os modelos de Newton e Einstein não foram capazes de prevê-la, e de qualquer forma, apenas objetos muito grandes geram uma discrepância notável. Como galáxias.

Nibbler vai finalmente ser deixado em paz (Crédito: 20th Television/Disney)

Nibbler vai finalmente ser deixado em paz (Crédito: 20th Television/Disney)

O ponto fraco da hipótese MOND era a ausência de equipamentos e dados para apresentar dados capazes de se opor à hipótese da matéria escura, e é onde entra o estudo apresentado por pesquisadores da Sejong University da Coreia do Sul, liderado pelo prof. Dr. Kyu-Hyun Chae.

No artigo (cuidado, PDF), a equipe relata que identificou o EFE em pelo menos 153 galáxias cujos campos de rotação foram testados. Os dados mostram que galáxias com campos externos mais fortes apresentaram desaceleração mais frequente, do que aquelas com campos mais fracos, algo que era esperado caso o modelo da hipótese MOND estivesse correto - desconsiderando a existência da matéria escura para "amarrar" as galáxias.

O estudo em si é preliminar e vem sendo encarado com bastante ceticismo pela comunidade científica (o que é normal), visto que muitos ainda acreditam que o modelo da matéria escura é o mais próximo do real. Claro que o experimento será estudado e minuciado por pares, e reproduzido várias vezes em busca de discrepâncias ou para confirmar a hipótese.

Independente de qual teoria esteja correta, os dados acerca da hipótese MOND reacenderam um debate que décadas atrás seria desconsiderado, pela absoluta crença da comunidade científica na matéria escura. Só que crença é coisa para religiões, não Ciência.

Referências bibliográficas

CHAE, K. et. al. Testing the Strong Equivalence Principle: Detection of the External Field Effect in Rotationally Supported Galaxies. The Astrophysical Journal, Edição 904 (2020), Artigo Nº 51, 20 páginas, 20 de novembro de 2020.

Crédito: ExtremeTech

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