Ronaldo Gogoni 3 anos atrás
Fim da novela: a nVidia confirmou neste domingo (13) que adquiriu a ARM, a divisão de semicondutores responsável pela arquitetura de praticamente todos os dispositivos móveis e da Internet das Coisas do planeta.
O acordo com o Grupo SoftBank, que comprou a então empresa britânica em 2016 foi fechado em US$ 40 bilhões, US$ 8 bilhões a mais do que a negociação original.
A venda da ARM para a nVidia acabou sendo um excelente negócio para o SoftBank, que está sangrando de forma descontrolada desde o início da pandemia da COVID-19, ao ponto de especialistas considerarem que o império de Masayoshi Son, fundador e presidente da companhia, está em risco de ruir.
Assim sendo, a ARM acabou se tornando uma boia de salvação, ou pelo menos uma maneira de recuperar os US$ 32 bilhões investidos originalmente, com juros; a nVidia, por sua vez está em um excelente momento, tendo ultrapassado a marca de US$ 260 bilhões em valor de mercado, ultrapassando a Intel e se tornando a fabricante de chips mais valiosa dos Estados Unidos.
Segundo o comunicado oficial da nVidia, a expertise da ARM em Inteligência Artificial irá potencializar as capacidades da empresa de Santa Clara, com os 13 mil funcionários da divisão britânica sendo adicionados à força de trabalho atual de 6 mil da companhia.
A empresa está mais prudente do que Masayoshi Son em 2016, que afirmou estar se preparando para o ponto onde atingiríamos a Singularidade Tecnológica, em que uma IA se tornaria mais inteligente que um humano; isso não implica em senciência, o que nem sabemos se é possível para uma máquina.
A ARM, diferente da nVidia não produz chips, mas licencia a arquitetura originalmente desenvolvida pela divisão para uma infinidade de dispositivos, de celulares a tablets (e em breve, computadores Apple Mac) a dispositivos vestíveis, câmeras, sensores, consoles de videogame (o Nintendo Switch usa um chip nVidia Tegra) e etc.
A aquisição da ARM vai permitir à nVidia atuar em um mercado muito maior, além de passar com clientes de peso como Apple, TSMC, Samsung, Qualcomm, Xiaomi e outras companhias que usam a arquitetura em seus SoCs e produtos. A empresa se comprometeu a manter a política de licenciamento aberto da tecnologia, logo, nada deve mudar para as parceiras comerciais e clientes finais.
Ao mesmo tempo, a nVidia anunciou investimentos como um novo centro de pesquisa no Reino Unido (a parceria com a Universidade de Cambridge será mantida), bem como um novo supercomputador com tecnologias das duas divisões, voltado à pesquisa.
No pronunciamento enviado aos acionistas, o CEO da nVidia Jensen Huang afirma que os negócios da ARM e da companhia de Santa Clara são complementares, e que não acredita que empecilhos serão colocados no negócio por agências reguladoras; este teria sido inclusive o motivo para a Apple, a primeira companhia procurada pelo Grupo SoftBank, recusasse o acordo.
O motivo seria simples, a maçã poderia (e fatalmente o faria) fechar o licenciamento da arquitetura ARM para seus próprios produtos, o que seria encarado como uma violação das práticas antitruste; a nVidia não é uma empresa neutra (já que atua no mercado de micro componentes), mas é diferenciada o suficiente para que tais problemas possam ser contornados mais facilmente.
Com informações: nVidia