Dori Prata 3 anos atrás
Nas últimas semanas o mundo tem andado em estado de alerta por causa de uma nova doença que tem se alastrado pela China, o coronavírus. Com mais de 2.700 casos confirmados apenas na cidade de Wuhan e 81 pessoas tendo morrido após terem sido infectadas, os criadores do Plague Inc. viram o retorno de um fenômeno ao mesmo tempo interessante e perigoso: o aumento no interesse pelo game.
No título desenvolvido pelos britânicos da Ndemic Creations temos como objetivo criar uma doença que seja capaz de exterminar a humanidade. Funcionando como um jogo de estratégia, ao jogador caberá desenvolver um agente patogênico, fazendo com que ele sofra mutações e uma cura se torne cada vez mais distante.
Tenho que admitir que existe algo de fascinante em ver a nossa criação se espalhando pelo mundo e, embora o jogo sirva para termos uma noção de como algo parecido com o coronavírus se comporta, o game designer James Vaughn aproveitou esse súbito interesse pela sua criação para emitir um alerta que parece bobo, mas que é de suma importância:
“O Plague Inc. foi lançado há oito anos e sempre que um surto de uma doença começa, vemos um aumento de jogadores conforme as pessoas buscam descobrir mais sobre como as doenças se espalham e tentam entender as complexidades de surtos virais.
Nós desenvolvemos o jogo especificamente para ser realista e informativo, ao mesmo tempo em que não criamos sensacionalismos sobre problemas graves do mundo real. Isso foi reconhecido pelo CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) e outras organizações médicas ao redor do mundo.
Contudo, lembre-se que o Plague Inc é um jogo, não um modelo científico e o atual surto de coronavírus é uma situação muito real que está impactando um número enorme de pessoas. Nós sempre recomendamos que os jogadores pesquisem suas informações diretamente com as autoridades de saúde locais e globais.”
De acordo com o site SteamCharts, durante o mês de janeiro o Plague Inc. registrou o maior número de jogadores simultâneos, subindo dos 4.601 vistos em abril de 2018, para os 17.889 atuais. Grande parte deste interesse parece vir justamente da China, onde o jogo já alcançou o topo da lista de downloads da App Store e até mesmo a outra criação da Ndemic Creations, o simulador de rebeliões Rebel Inc., viu um aumento no número de pessoas jogando.
E enquanto as autoridades lutam para tentar controlar o que pode vir a se tornar uma enorme epidemia, os organizadores do League of Legends Pro League decidiram suspender por tempo indeterminado a realização da segunda semana do campeonato, que aconteceria a partir do dia 5 de fevereiro. Outra competição que seria realizada no país é a League of Legends Development League, uma espécie de segunda divisão do game e que iniciaria ainda no final de janeiro, mas também está suspensa.
We have decided to postpone week 2 of the LPL until we can ensure the safety and health of our players and fans.
To our fans, we sincerely apologize that it has come to this and we will share any and all info as soon as we can.
Stay Safe and thank you all for your support!
— LPL (@lplenglish) January 26, 2020
Embora tal decisão faça todo o sentido, ela não foi tomada apenas pelos responsáveis por tais torneios. Conforme pode ser visto no site da Associação Chinesa de Esportes a Motor, a Administração Geral de Esportes do país solicitou que sejam cancelados todos os eventos esportivos que estavam programados para até o mês de abril, o que serve para termos uma real noção do quanto as autoridades locais estão preocupadas e esta é apenas a ponta do iceberg.
Por toda a China 15 cidades estão passando por bloqueio total ou parcial, o que significa que mais de 57 milhões de pessoas estão sendo afetadas. A própria Wuhan está em estado de quarentena, com todas as entradas e saídas tendo sido fechadas e as ruas da sétima maior cidade do país, com mais de 11 milhões de habitantes, estando assustadoramente vazias.
Para piorar a situação, autoridades chinesas revelaram a descoberta de que o coronavírus pode ser transmitido antes mesmo dos sintomas começarem a se manifestar, o que dificulta muito a sua detecção e deverá fazer com que o número de pessoas infectadas aumente bastante nos próximos dias.
Até o momento, 12 países além da China já identificaram pessoas contaminadas com o vírus cujo nome oficial é 2019-nCoV e que causa infecção respiratória aguda, mas nenhum caso confirmado no Brasil. Ainda.
Fonte: CNN.