André Fogaça 3 anos atrás
Chegou, o Galaxy Fold chegou ao Brasil e ele é o smartphone mais incrível e caro que nosso mercado nacional pode oferecer aos seus compradores. Ele é um celular dobrável, que vira um tablet pequeno com tela de 7,3 polegadas e a versão que o brasileiro pode comprar já é a com correções para os problemas do primeiro modelo. Ah, ele custa R$ 13 mil - é R$ 12.999, mas esse um real faz uma baita diferença psicológica.
A primeira tentativa de vendas do Galaxy Fold, lá fora, foi desastrosa. Como qualquer “primeiro de seu tipo”, o Fold teve falhas pesadas e que mostram que é mais importante inovar do que trazer uma inovação que dá pra usar – lembrei de você também, Galaxy Note 7. A tela dobrável fazia um espaço no meio que entrava sujeira com a maior facilidade do mundo, além do produto exibir uma película que qualquer usuário de smartphone retira logo de cara – pra colocar aquela película 10 reau do shopping trem depois.
PSA: There's a layer that appears to be a screen protector on the Galaxy Fold's display. It's NOT a screen protector. Do NOT remove it.
I got this far peeling it off before the display spazzed and blacked out. Started over with a replacement. pic.twitter.com/ZhEG2Bqulr
— Marques Brownlee (@MKBHD) April 17, 2019
A Samsung disse que as pessoas utilizaram errado o aparelho, mas as falhas apareceram nas mãos de jornalistas e especialistas que lidam com o assunto todo dia, sabem identificar uma película que não deve ser removida, ou tomar cuidado pra que uma sujeira do bolso não entre abaixo da tela. Imagine então o que aconteceria com o Zé da padaria (o dono, já que esse celular custa bem caro), ou o João do posto (o dono também).
The screen on my Galaxy Fold review unit is completely broken and unusable just two days in. Hard to know if this is widespread or not. pic.twitter.com/G0OHj3DQHw
— Mark Gurman (@markgurman) April 17, 2019
O lançamento foi cancelado, pré-venda não cumprida e o aparelho voltou para Coreia do Sul, pra ver o que poderia ser feito. As alterações foram feitas e os novos Galaxy Fold já não deixam a sujeira entrar com tanta facilidade na tela, a película agora vai até onde o olho não vê, as dobradiças foram reforçadas e até o momento....a coisa deu certo.
É esta revisão que vem pra cá, com a pressa do lançamento sanada e o orgulho da Samsung restaurado - além dos acionistas mais felizes e isso significa empresa mais feliz. Yay!
A Samsung foi a primeira empresa conhecida mundialmente a lançar um smartphone de tela dobrável e ele é incrível. O aparelho vem com duas telas, sendo uma Super AMOLED pequena (demais!) do lado de fora, com 4,6 polegadas e resolução de 1680 x 720 pixels, que dá espaço pra telona Dynamic AMOLED de dentro, que tem 7,3 polegadas e resolução de 2152 x 1536 pixels, em uma proporção doida (ótima pra acessar web, péssima pra vídeos) de 4,2:3.
A tela dobrável é o chamariz deste aparelho, é o que difere ele de qualquer outro Galaxy e qualquer outro celular do mundo. A experiência de uso é bastante agradável, ao menos foi o que senti nas poucas vezes que pude tocar no Galaxy Fold. Me incomodou o peso, são 263 gramas e isso significa um ganho de gordura que é pouco mais de 50% maior do que o peso do Galaxy S10+, com seus 175 gramas.
Eu sei, é questão de costume, mas é um salto muito grande do peso médio de celulares. Enfim, um ponto que precisa ficar bem claro é que a tela dobrável faz um vinco, uma lombada que segue toda a parte do meio do celular. Ele é visível? Ô se é, mas só com muita luz do lado de fora. Quando o ambiente está mais escuro, esse vinco fica menos visível.
A tela é de plástico, o vidro (ainda) não é tão maleável assim. Eu fico imaginando como estará o Galaxy Fold depois de dois anos de uso, que é o tempo médio que uma pessoa fica com o celular. Sabendo o público dele, aposto em um ano ou menos, que ainda sim é bastante tempo de abertura pra deixar o vinco cada vez mais visível - ele pifou antes do prazo que a Samsung dá, de 200 mil dobradas, nas mãos do CNET.
No Brasil temos um Snapdragon 855 com oito núcleos e é exatamente o mesmo que equipa o Galaxy S10+ vendido nos Estados Unidos e China, só que aqui a RAM tem 12 GB (sem nenhuma opção pra baixo). Tudo isso controlado pelo Android 9 - poxa Samsung, o Android 10 foi lançado publicamente quatro meses atrás!
Se o S10+ já roda tudo com folga, aqui a folga deve ser tipo 5% menor pela tela maior, que oferece uma experiência de multitask mais imersiva, já que o display acomoda dois apps abertos ao mesmo tempo com mais conforto e eu sei que você vai utilizar isso. Trocando em miúdos: você que tem bala na agulha pra comprar o Galaxy Fold, sabe que terá um celular muito potente por uns dois anos, sem reclamar da vida.
O Galaxy Fold chega ao Brasil na semana que vem, em um estilo de venda diferente. O valor dele é - sente, tome um chá, guarde a carteira – de R$ 13 mil. Este é o smartphone mais caro que a Samsung já lançou, mais caro que o iPhone 11 Pro Max, que o Galaxy Note 10 e dá pra comprar quase três Note 10+ com esse preço, já que ele custa, no momento da publicação deste texto, R$ 4,5 mil.
O tipo de venda diferente funciona assim: você só poderá comprar um Galaxy Fold entre às 21h do dia 22 de janeiro e às 21h do dia 23 deste mesmo mês. As vendas acontecerão apenas via online ou nas lojas da Samsung espalhadas pelo país, com a entrega em até 24 horas depois da compra e isso vale até mesmo pra loja física. Ele será vendido em unidades limitadas, mas a Samsung não diz quantas são - é caro, tão caro, que ela sabe que vai vender pouco.
Ainda é cedo pra falar se o preço vale, preciso passar um tempinho com o smartphone pra opinar melhor, mas pagar quase três vezes mais do que um Galaxy Note 10 só pela versatilidade de dobrar e desdobrar um smartphone, me parece muito dinheiro. Ele é realmente elegante, chamará atenção em qualquer mesa que estiver e certamente ficará enorme em qualquer bolso, mas é o suprassumo da tecnologia em celulares no momento.
(Ainda) Não há nada no mundo mais inovador do que o Galaxy Fold e toda inovação tem um preço salgado. Ele vale se você é early adopter e sabe que comprou algo beta, ainda em testes. Ele vale se você faz questão de ter o status massageado, vale se você tem um cartão de crédito sem limites. Pra qualquer outro humano, eu sugiro um Galaxy Note 10 e use o restante do dinheiro pra viajar pra longe.
Ah, sim, se você comprar o Galaxy Fold neste pequeno período de vendas, vai levar pra casa um Galaxy Buds e uma capinha de fibra de aramida, que chamamos de Kevlar no mundo dos humanos.