Ronaldo Gogoni 4 anos atrás
O Moto G7 Plus é o modelo mais caro da linha intermediária da Motorola: ele possui um melhor processador, som estéreo, uma câmera selfie melhor do que tudo o que a fabricante já fez, uma bateria de recarga ultrarrápida, e um design que ousa pouco, mas mantém a identidade da marca.
Originalmente custando R$ 1.899, ele pode hoje ser encontrado por bem menos, e se tornou mais atraente quando comparados a concorrentes, externos e internos.
Será o que intermediário vitaminado da Motorola é uma boa opção de compra? Vem comigo que eu conto nos próximos parágrafos.
Sendo direto, o Moto G7 Plus é bonito a beça. Na cor vermelha, ele enche os olhos e é uma agradável visão, se destacando num oceano de celulares pretos ou cinzas. O acabamento brilhante da traseira é muito atraente, e para evitar riscos, a fabricante envia uma capinha transparente com o kit.
O corpo metálico e a disposição dos botões, e do leitor de digitais na traseira segue o design básico da linha Moto G, assim como o calombo do conjunto traseiro de câmeras, minimizado pela capinha. Ela confere uma pegada bem mais firme do que usar o aparelho "pelado", embora ele próprio naõ seja nenhum sabonete, propenso a escorregar das mãos facilmente.
A tela, uma LCD IPS de 6,2 polegadas, proporção 19:9 e resolução Full HD+ (que a Motorola chama de Max Vision) é apenas... suficiente. Não se engane, a definição de cores é muito boa, o brilho é bem forte, e ela ocupa boa parte do espaço frontal, graças ao notch em forma de gota e o queixo inferior, com a marca da Motorola que não arreda o pé dali, mas que está bem menor (ao menos isso).
Só que a tecnologia IPS, em termos de qualidade não se equipara a uma OLED/AMOLED, e a Samsung já as utiliza em seus aparelhos intermediários a um bom tempo. A meu ver, a Motorola deveria tomar tenência e instala-las também na linha Moto G, visto que elas não representam um aumento de custo tão grande assim hoje em dia.
Por outro lado, o som é muito bom. Os alto-falantes estéreo, com suporte a Dolby Audio possuem um bom equilíbrio de graves, e mesmo com o som no talo, você não ouvirá muitas distorções. Só é preciso tomar cuidado para não tampar a saída acidentalmente, aquele furinho na parte inferior esquerda na traseira. Eu preferia que ele estivesse melhor posicionado, mas não se pode vencer todas.
O conector é o bom USB-C 2.0, ótimo para quem já está dispensando seus aparelhos com microUSB, e a Motorola ainda não abriu mão da porta P2 na linha, que segue firme e forte. Diferente do que ocorre na linha Moto Z, aqui ainda não é hora de jogar o seu fone velho fora, ou de comprar adaptadores.
Em última análise, o Moto G7 Plus não mudou grande coisa em relação às gerações passadas em termos de design, o que pode ser visto como uma decisão para manter a identidade da linha.
O Android 9 Pie presente no Moto G7 Plus, como manda a tradição, roda quase puro. Ele traz algumas customizações da Motorola, mas no geral, a experiência é a mais limpa possível, ao menos disponível oficialmente no Brasil.
Dá para destacar o Dolby Audio, que melhora a performance sonora, o App Box, que traz uma lista de aplicativos nacionais, e o sempre presente Moto, a central de ajustes para os controles por gestos e notificações personalizadas do sistema.
quam é consumidor da Motorola desde os primeiros Moto G e Moto X, está mais do que familiarizado com gestos como girar o punho duas vezes para abrir a câmera, mas há alguns truques novos aqui também. Dá para desbloquear o celular ao pega-lo e olhar para ele, se você ativou o reconhecimento facial, e o Moto Tela, que mostra o relógio e informações do clima, pode ser ativado ao passar a mão por sobre a tela.
Como eu disse, o Moto G7 Plus é um aparelho bem tradicional.
Com o Snapdragon 636 da Qualcomm, 4 GB de RAM e 64 GB de espaço interno, o Moto G7 Plus é mais do que o suficiente para uso cotidiano, e dá conta até de algumas situações incomuns.
A GPU Adreno 509 não é nenhuma maravilha, mas é melhor do que a Adreno 506 do Snapdragon 632, presente nos Moto G7, G7 Play e G7 Power, e permite a execução de alguns apps pesados, inclusive jogos melhor elaborados. Em meus testes, títulos como Asphault 9: Legends, Dissidia Final Fantasy Opera Omnia e Mortal Kombat rodaram com leve comprometimento na parte gráfica, mas foram perfeitamente jogáveis, sem perdas de quadros.
Já alguns mais simples, como Pokémon GO e Azur Lane rodaram suave, embora sejam comilões por natureza.
No dia a dia, apps leves a medianos rodam muito bem, e é muito bom ver que a Motorola incluiu uma bandeja tripla, com dois espaços dedicados para os chips SIM e outro para o cartão microSD. Para quem precisa usar dois chips e faz questão de adicionar mais espaço de armazenamento, não ser obrigado a escolher o que colocar no celular é essencial.
A bateria, com 3.000 mAh (que virou um padrão informal para intermediários) aguentou um uso variando entre moderado e pesado, com navegação por duas horas, 30 minutos de streaming de música, reprodução de vídeo por mais duas horas e jogos ocasionais. Ao ser tirado da tomada com 100% às 8:00, ele chegou às 22:00 com 18%, o que eu considero uma marca muito boa.
Já o carregador rápido impressiona. Com 27 W, ele fez o celular ir de 0 a 100% em impressionantes 49 minutos, sendo que ele levou apenas 22 minutos para atingir a marca de 60%. A Motorola prometeu e cumpriu o carregamento total em menos de uma hora, o que me leva a concluir: é sempre bom ter um powerbank à mão, mas se você tiver a oportunidade de usar uma tomada, leve o carregador também.
A Motorola sempre apanhou na hora de desenvolver suas câmeras, mas no Moto G7 Plus, ela se superou um pouquinho. O conjunto traseiro duplo possui uma câmera principal de 16 megapixels e abertura ƒ/1,7, e outra com 5 megapixels e abertura ƒ/2,2, e em situações cotidianas, ao ar livre ou em ambientes internos, com muita ou pouca luz, entrega fotos com boa definição.
No geral, ligar ou desligar o HDR não faz diferença, é preferível deixa-lo no automático, e ter menos trabalho na hora dos cliques. Você pode usar o modo manual e ajustar os parâmetros como desejar, mas para a maioria dos mortais, ele não é necessário.
Os problemas começam na hora de usar o Modo Retrato, que graças ao sensor de profundidade na câmera secundária, é feito por hardware e não por software. Ainda assim, a Motorola ainda não se acertou muito bem com o recurso: em todas as vezes em que eu tirei aplicar o efeito, o celular teve dificuldades em identificar as bordas do elemento a ser clicado.
O software costuma desfocar elementos à frente e focar em itens que estão no fundo, e o resultado é bem inconstante. Falando francamente, o Modo Retrato da Morotola não é confiável.
A câmera selfie é a grande surpresa. A Motorola não costuma lançar produtos com foco no sensor frontal, como a ASUS, mas aqui ela chutou o balde e colocou um conjunto com 12 megapixels, abertura ƒ/2,0 e capacidade de filmar em 4K a 30 fps. Sem enrolar muito, ela é uma das melhores câmeras selfie disponíveis no mercado, dentro de sua categoria de celulares intermediários.
No entanto, é preciso explicar uma coisa: ela é excepcional para filmagens, mas meio bipolar na hora de tirar selfies. Em algumas ocasiões (como visto abaixo), o resultado é aquém do esperado, com bastante ruído, perda de foco e detalhes, e em outras, como demonstrado pelo Higa em seu review, entrega uma foto de qualidade bem alta.
Eu diria que a melhor solução para usar a câmera frontal seria utilizar um tripé, para garantir a estabilidade da captura.
Para ver as fotos na qualidade original, acesse o Flickr.
A Motorola foi bem mais conservadora do que de costume com o Moto G7 Plus, mas verdade seja dita, não havia por que reinventar a roda com ele. A variante mais poderosa da família segue com uma performance decente e boa autonomia, e recebeu adições como carregamento ultrarrápido e para a surpresa de todo o mundo, uma câmera selfie que se destaca na multidão.
A questão, como sempre, é o preço de lançamento. Por R$ 1.899, não fazia sentido recomendá-lo enquanto o Moto Z3 Play estava dando sopa, por até R$ 400 a menos. Hoje ambos estão na mesma faixa de preço, por cerca de R$ 1,5 mil, o que nos permite uma comparação mais direta.
Sendo bem objetivo, as câmeras do Moto G7 Plus são melhores, porém a tela, mesmo maior e tendo mais pixels por polegada, ainda é uma IPS, e perde para a Super AMOLED de seu primo mais velho; o Moto Z3 Play leva cerca de 20 minutos a mais para a bateria ir de 0 a 100%, mas tem os Moto Snaps à sua disposição.
Por outro lado, ambos possuem os mesmos processador, espaço interno, quantidade de RAM e tamanho de bateria, atingem as mesmas marcas no desempenho geral, e serão ambos atualizados até o Android Q (o G7 Plus com um update garantido, e o Z3 Play, lançado com o 8.0 Oreo, com direito a dois).
Eu diria o seguinte: se você prefere uma solução em si mesmo, ou um smartphone mais bonito e com menos bordas, o Moto G7 Plus é a melhor pedida; já quem faz questão dos Moto Snaps se dará melhor com o Moto Z3 Play. No fim, fica a gosto do freguês.