Ronaldo Gogoni 4 anos e meio atrás
O Motorola One é o primeiro membro da mais nova família de dispositivos da Motorola: sendo o primeiro smartphone do Brasil a rodar o Android One, ele possui pelo menos dois anos de atualizações garantidas e um design próprio, bem diferente dos demais produtos da empresa.
Com um preço sugerido de R$ 1.499,00, ele é uma boa opção entre os demais smartphones intermediários disponíveis? Confira o que achei do Motorola One, após um mês de testes.
Ao sair da caixa, o Motorola One chama a atenção por não se parecer nada com seus primos das linhas Moto Z, X, G e E. A fabricante decidiu por uma abordagem totalmente nova neste aparelho, com uma traseira com linhas um pouco mais retas, sem o design abalroado. Como a parte de trás é revestida com um vidro, o aparelho é um ímã para marcas de dedo, mas talvez pensando nisso a Motorola incluiu no kit uma capinha plástica, como vários fabricantes andam fazendo no últimos tempos.
Um ponto positivo é a presença de uma bandeja tripla, que acomoda dois chips Nano-SIM e o cartão de memória microSD ao mesmo tempo, assim o usuário não terá que escolher entre ter dois números ou apenas um e expandir o espaço interno; é possível ter tudo ao mesmo tempo agora.
Outro acerto foi a permanência do conector P2 para fone de ouvido, ainda que ele traga uma porta USB-C, a Motorola preferiu não seguir o que fez com a linha Moto Z. Afinal, o One ainda é um dispositivo intermediário e boa parte do público-alvo não possui fones Bluetooth, preferindo os tradicionais por serem mais baratos.
Já a tela, um display LCD IPS de 5,9 poderia ter sido melhor. A proporção 19:9 não é um problema, é possível se adaptar rapidamente e os apps não ficam distorcidos, mas ela apresenta uma resolução de apenas 1.520 x 720 pixels. Comparando com outros modelos da mesma faixa preço, mesmo da própria Motorola que trazem telas Full HD, este fica para trás e o brilho também não é dos melhores; não será tão fácil ver o que está na tela debaixo do Sol, por exemplo.
E claro, há o notch. O entalhe que virou tendência está presente neste modelo, principalmente para diferencia-lo dos demais produtos da Motorola, mas ele não chega a incomodar. O software se adapta ao entalhe normalmente e após um tempo de uso, você não se incomoda mais.
Aqui a Motorola pisou na bola. OK, o One trás 4 GB de RAM e 64 GB de espaço interno, com suporte a cartões microSD de até 256 GB, mas peca por vir equipado com o Snapdragon 625, um processador lançado em 2016 e que convenhamos, já está para lá de defasado.
Claro que no frigir dos ovos ele mantém a performance estável, o Motorola One consegue rodar jogos recentes, vídeos no YouTube e cuidar de dois ou mais aplicativos simultâneos sem problema, o que é mais do que suficiente para a maioria dos casos de uso do público ao qual ele é destinado. Para completar, a Motorola limitou a conexão Wi-Fi: enquanto o Snapdragon 625 é capaz de se conectar a redes de 5 GHz, o Motorola One só reconhece as de 2,4 GHz.
Ainda assim, não custaria muito a fabricante utilizar um componente mais recente, como o Snapdragon 630 (o mesmo do Moto G6 Plus) ou mesmo o 626 (Moto Z2 Play), já que o 636 foi reservado a smartphones mais potentes, como o Moto Z3 Play. Na minha humilde opinião, faltou esmero com a parte de dentro, já que gastaram toda ela com o design.
Na parte do som, o Motorola One traz uma ferramenta da Dolby Atmos para melhorar a qualidade sonora, e embora ele traga duas saídas na parte inferior, ele sai apenas por uma, a da direita. Ainda assim, a qualidade é satisfatória.
O Motorola One, como o nome sugere, roda o Android One, a versão pura do sistema do Google voltada para fabricantes que seguirem algumas regras específicas. Originalmente baseado no 8.1 Oreo, ele já está recebendo o update para o Android 9 Pie, mas até a conclusão dos testes, a atualização não foi liberada para o modelo testado.
Só que o software não é 100% puro: a Motorola incluiu pequenas customizações como as soluções Moto Tela e Moto Ações, mas no geral, o sistema roda redondinho e sem maiores alterações.
O ponto positivo? Por ser o Android One, o usuário terá atualizações de sistema garantidas por dois anos e de segurança por três. no fim das contas, ele será mais durável que os modelos da família Moto G, que só recebem uma atualização e se equipara aos das linha Moto X e Z, que recebem duas.
Aqui é onde a inclusão de um display inferior e um processador antigo acabaram por conceder uma vantagem. Com uma bateria de 3.000 mAh, o Snapdragon 625 e uma tela apenas HD de brilho inferior, a autonomia do Motorola One acabou por ser excelente.
Eu desconectei o aparelho da tomada às 7:00 e o utilizei para ouvir músicas e podcasts via streaming em 4G, navegação e jogos ocasionais, mantendo o brilho no automático. Em torno das 23 hrs, a bateria estava marcando 26%, o que é um número para lá de impressionante.
Na hora de recarregar, o carregador rápido de 18 W permite que ele vá de 0 a 100% em cerca de 100 minutos, uma boa marca.
Fato: a Motorola ainda não sabe fazer boas câmeras. Mesmo os modelos mais potentes possuem uma série de problemas na hora de tirar fotos, e não seria diferente com o Motorola One.
O problema é que mesmo para os padrões da Motorola, o desempenho das câmeras principais, de 13 e 2 MP deste smartphone é fraco. Com o HDR desligado, a perda de detalhes é notável mesmo ao ao livre, em dias de Sol forte. Ao ativa-lo, o software se encarrega de destacar os pontos claros e de sombra, mantendo uma boa qualidade e uma fidelidade de cor aceitável.
No fim os resultados são medianos, mas toleráveis.
Em ambientes internos, não tem jeito: haverá ruído e perda de definição sensível, mesmo se a iluminação for adequada. Sem estabilização óptica de imagens, é preciso força no muque para manter uma captura sem tremidas (é isso ou usar um suporte).
Para piorar o software aplica um pós-processamento agressivo, para reduzir o ruído e deixa tudo com um aspecto aquarelado. O efeito de desfoque do fundo está presente e funciona até que bem, mas o processamento é demorado.
Mesmo a Motorola poderia ter feito melhor aqui, se tivesse mesmo se esforçado.
A câmera selfie, com 8 MP é apenas suficiente. Ela consegue capturar detalhes mas assim como o conjunto traseiro, sofre em ambientes internos e apela para o pós-processamento, como forma de deixar as coisas mais "agradáveis".
O resultado final, como se poderia esperar, não é dos melhores.
no fim, o Motorola One não é um aparelho para quem deseja em primeiro lugar tirar fotos de qualidade; sem procurar fora, o Moto G6 Plus já oferece resultados bem melhores e na concorrência, o Galaxy J8 é sensivelmente melhor.
Para mais fotos, acesse o Flickr.
O Motorola One é sem dúvida um smartphone bonito e confortável, mas só isso não é o suficiente para garantir que ele seja um produto bem sucedido. Ainda que você possa dizer que uma tela HD representa uma maior economia de bateria e no uso normal, ninguém vai notar os pixels individuais, é inadmissível que ele tenha um display inferior ao do Moto G6 Plus, ainda mais por este contar com um hardware mais recente pelo mesmo preço, ou até menos.
Na minha opinião, a Motorola deu uma atenção menos que ideal para o hardware do Motorola One, e ainda que ele traga uma boa quantidade de RAM e bastante espaço interno, a baixa qualidade das câmeras, a pouca resolução da tela e o uso de um processador de dois anos de idade, que já deu o que tinha que dar depõem contra.
No fim, o Motorola One é uma boa primeira tentativa de dispositivo Android One, com um design totalmente diferente, mas poderia ter sido muito melhor se a Motorola tivesse caprichado mais.
O Meio Bit analisou o Motorola One com uma unidade gentilmente cedida pela Motorola.