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Apple tentou oferecer os recursos do iMessage para todo mundo

Operadoras recusaram ideia da Apple de padronizar o envio de mensagens, tendo o iMessage como base; proposta seria similar à do Google, com o RCS.

5 anos e meio atrás

A Apple trata o iMessage, seu serviço de mensagens proprietário como uma das joias de sua coroa: ele e o FaceTime formam uma dobradinha que a maçã utiliza como um dos principais recursos para convencer os consumidores a comprarem seus produtos. Mas nem sempre foi assim.

Houve um tempo em que a empresa chegou a oferecer os principais recursos do app para operadoras, numa tentativa de substituir ou forçar a evolução do antiquado e limitado protocolo SMS.

Apple / iMessage / iPhone XS

Em uma matéria do The Wall Street Journal, a jornalista Joanna Stern relata o quão difícil é para um usuário de iPhone migrar para o Android por causa do iMessage, ao menos nos Estados Unidos por causa dos inúmeros recursos que o app da Apple oferece, que não estão disponíveis no aplicativo padrão de mensagens do sistema do Google. Como lá fora enviar mensagens SMS é muito mais simples e barato (ou de graça mesmo), mensageiros como WhatsApp, Telegram e cia. são menos populares.

É uma realidade completamente oposta à do Brasil, onde por muito tempo enviar um SMS representava um custo absurdo, e a chegada dos mensageiros instantâneos foi uma carta de alforria para muita gente com recursos limitados. Hoje, mesmo com o SMS sendo muito mais acessível o WhatsApp reina soberano, até porque o primeiro tem recursos de menos.

Só que a Apple esteve por um tempo disposta a mudar esse cenário. Em entrevista à Stern, o engenheiro de Software e ex-SVP de iOS Scott Forstall, responsável pelo design do sistema móvel da maçã (incluindo o skeumorfismo de outrora), hoje conselheiro da Snap Inc. disse que a companhia chegou a negociar com operadoras de telefonia a liberação dos principais recursos do iMessage, de modo que eles pudessem ser usados por qualquer um independente da plataforma.

Segundo Forstall, a Apple tinha a visão de evoluir o envio de mensagens instantâneas e fazê-las soarem mais como uma conversa, mas o plano não vingou; entre os motivos estavam desde a dificuldade de implementar novos padrões, complicações de interoperabilidade entre sistemas e operadoras e claro, o desejo de não largar o osso e comprometer uma das maiores fontes de renda da telefonia móvel desde sempre. De lá para cá, entretanto a grana vem diminuindo ano após ano.

Google Chat / RCS / iMessage

Curiosamente, a proposta da Apple é similar ao padrão RCS (Rich Communications Service), um protocolo que está sendo considerado o sucessor natural do SMS: ele incorpora os principais recursos do iMessage e mensageiros instantâneos, tendo suporte a mensagens com mais de 160 caracteres, transferência de arquivos, mensagens em áudio e vídeo, adesivos, conversas em grupo e etc. Embora seja uma tecnologia que será administrada pelas operadoras, quem tomou a frente e está fazendo de tudo para que ele vingue é o Google.

O RCS tem tudo para ser adotado massivamente lá fora, e até no Brasil, as principais operadoras já se comprometeram com o formato. Curiosamente, a Apple permanece em silêncio e até onde se sabe, não deverá permitir que o iMessage interaja com a plataforma. Pode parecer hipocrisia (e é), mas esse é o Modus Operandi da maçã: ela dita tendências, mas faz o possível para não adotar padrões de outros. Por outro lado, é possível que o plano fracassado da Apple tenha dado algumas ideias que foram incorporadas ao RCS.

Seria interessante ver todo mundo conversando entre si, mas mesmo que a Apple não queira se misturar à gentalha, qualquer coisa é melhor que o SMS.

Com informações: The Wall Street Journal.

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