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Os games que crianças “deveriam” jogar antes de crescer

Muitos pais que cresceram jogando videogame adorariam que seu filhos seguissem seus passos, começando a jogar primeiro os clássicos e passando por todas as gerações. Porém, será que temos o direito de impor isso às crianças?

6 anos e meio atrás

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Quando descobri que minha esposa estava grávida, uma das perguntas que mais ouvi foi sobre quais jogos eu colocaria meu filho para jogar. Durante um bom tempo aquela questão me fez pensar no assunto, na maneira como eu gostaria que o moleque fizesse nos games o mesmo caminho que percorri. Isso significava começar no Atari e ir passando por todas as gerações, mas depois percebi que aquilo não fazia sentido.

Essa mudança de pensamento aconteceu quando me dei conta de que jamais forçaria meu filho a gostar do que quer que fosse, que sempre lhe daria liberdade para admirar e se interessar pelo o que quisesse, o que evidentemente engloba os videogames.

Esse assunto inclusive surgiu recentemente num grupo que participo, quando um dos integrantes perguntou quais jogos gostaríamos de apresentar para nossos filhos e coincidentemente ontem foi apresentado ao livro 101 Video Games to Play Before You Grow Up (ainda sem título no Brasil). Nele o autor lista diversos jogos que as crianças “deveriam” jogar antes de crescer e com uma diagramação muito bonita e voltada para a criançada, o livro mistura clássicos com obras mais modernas.

De fato, existe muita coisa ali que considero ideal para os menores e que até já apresentei para o meu filho, mas apesar de talvez a proposta de Ben Bertoli não ser exatamente esta, me incomoda um pouco essa ideia de termos uma receita de bolo sobre como uma mídia deve ser consumida.

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Os jogos indicados pelo livro 101 Video Games to Play Before You Grow Up.

Tudo bem, é natural querermos que nossos filhos tenham experiências parecidas com as nossas, desejarmos que eles sejam um espelho de nossas infâncias, mas os tempos são outros. Na nossa época, as informações sobre jogos eram escassas, muitas vezes vinda apenas de amigos ou de conversas em locadoras. Hoje temos documentários, revistas, programas de TV e uma quantidade imensurável de informações na internet, fazendo com que a descoberta de um jogo seja uma tarefa muito diferente da que tivemos.

Imagine por exemplo querer que uma criança de 7 anos encare boa parte da biblioteca do Nintendinho, só para que ela saiba como era quando tínhamos a sua idade. Isso quando temos a oferta de uma infinidade de títulos tanto visual quanto mecanicamente muito mais atrativos para eles e não esqueça, que mesmo que tais títulos modernos não estejam disponíveis na sua casa, eles se encontram a apenas um clique de distância no YouTube.

Pelo menos na minha concepção, se com o passar do tempo o meu filho se interessar pela história dos games, terei o prazer de lhe contar tudo o que sei, de encarar com ele muitos dos clássicos que marcaram minha geração e explicar como era viver a indústria num período que ele e seus amigos provavelmente considerarão a pré-história dos jogos eletrônicos.

Eu ainda não li o 101 Video Games to Play Before You Grow Up, apenas dei uma folheada nele e embora considere a sua proposta bacana, temo que os menos informados no assunto passem a encará-lo como uma espécie de manual, “a Bíblia dos games para crianças”. O problema é que isso pode fazer até com que muitos percam o interesse pelos games, o que seria terrível.

Quanto a criação do meu filho, o tempo dirá se estou acertando ou não, mas por enquanto continuarei por aqui deixando que ele descubra os games (e o mundo como um todo) no seu próprio ritmo, sem amarras, sem ideias preconcebidas e principalmente, sem imposições. Respeito quem pensa diferente, mas não é esse o tipo de pessoa que quero entregar ao mundo.

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