Ronaldo Gogoni 6 anos atrás
A Netflix segue em sua cruzada para lançar conteúdo original variado que apele para vários tipos de público, e uma estratégia que deu muito certo foi oferecer séries baseadas em personagens de quadrinhos. O acordo com a Disney/Marvel que levou a Demolidor, Jessica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro, Os Defensores e em breve ao spin-off Justiceiro teve excelente retorno (ainda que não tenham agradado todo mundo), ao abordar personagens mais urbanos e menos super-heróis que Homem de Ferro e cia.
Logo é hora de diversificar, e uma das estratégias foi se aproximar da Universal Cable Productions, que em 2015 fechou um acordo com a Dark Horse para levar algumas de suas HQs premiadas para a telinha. O que nos leva à adaptação de The Umbrella Academy, obra vencedora do Prêmio Eisner como o primeiro fruto dessa parceria.
A obra é fruto de uma parceria no mínimo curiosa entre o roteirista Gerard Way, mais conhecido como o vocalista da bandinha emo My Chemical Romance (o que poucos sabem é que ele já estagiou na DC) com o desenhista brasileiro Gabriel Bá, que junto com o irmão gêmeo Fábio Moon são responsáveis por obras obrigatórias do cenário de HQs do país, como a excelente fanzine 10 Pãezinhos, a adaptação de O Alienista de Machado de Assis (vencedora do prêmio Jabuti de melhor livro paradidático) e a fantástica Dois Irmãos, baseada no romance de Milton Hatoum (e que recentemente virou minissérie da Globo). Os gêmeos também já trabalharam para a DC na HQ do selo Vertigo Daytripper.
A trama de The Umbrella Academy se desenrola numa realidade alternativa em que JFK nunca foi assassinado, e foca numa família absolutamente disfuncional formada por sete crianças nascidas com poderes especiais sem nenhuma explicação, adotadas por um milionário excêntrico e treinadas para se tornarem heróis. Anos depois cada uma delas segue seu caminho mas são anos depois forçados a se reunir, de modo a desvendar o mistério por trás da morte de seu pai adotivo.
A UCP assegurou os direitos de algumas das principais obras da Dark Horse de modo a produzir séries para a TV, em que originalmente o destino seria a emissora NBC. Ao que tudo indica o caldo desando e a Netflix, para garantir mais conteúdo de qualidade em seu portfólio fechou um acordo de distribuição. Steve Blackman, mais conhecido por seu trabalho em Fargo e a também original do serviço de streaming Altered Carbon será o showrunner e produtor executivo, junto com Mark Richardson e Keith Goldberg da Dark Horse. Gerard Way será co-produtor e o roteiro o piloto será escrito por Jeremy Slater (O Exorcista). Não está claro se Gabriel Bá está envolvido com a produção, fora o poster acima.
A série tem estreia prevista para algum momento de 2018, e desde já é uma excelente notícia não só por uma obra desenhada por um brasileiro receber um tratamento de primeira, como o acordo com a Netflix abre as portas para as demais obras da Dark Horse como a excelente Concreto, de Paul Chadwick.
Um humano preso num corpo monstruoso de pedra que decide fazer o bem? Isso é algo que eu gostaria muito de ver numa série; vamos torcer para que a Netflix apoie essa também.
Fonte: The Hollywood Reporter.