Emanuel Laguna 6 anos e meio atrás
Desde o velho DS a Nintendo tem escondido as especificações técnicas de seus consoles: para ela o importante é a diversão, não tanto os gráficos. Ela simplesmente foge de comparações de desempenho com os concorrentes pois prefere não mais entrar na guerra de fotorrealismo que Sony e Microsoft travam geração após geração, até porque um hardware mais poderoso custa mais.
Um Nintendo Switch funcional nas mãos de Jimmy Fallon (crédito: YouTube)
É basicamente seguir à risca a filosofia Gunpei Yokoi de preferir (re)utilizar hardware antigo (leia-se: consolidado e bem conhecido) a investir pesado em equipamento no estado da arte. E com o Nintendo Switch não será diferente: embora o tio Laguna tenha especulado um suposto Tegra X2, foi confirmado semana passada que o SoC nVidia por trás do novo console da Nintendo é mesmo o velho Tegra X1 mesmo.
Agora a novidade: algum desenvolvedor vazou uma tabela de combinações das configurações de performance do console. Respira. Basicamente são os modos possíveis de desempenho que os aplicativos (leia-se jogos) poderão usar desde o lançamento oficial do Nintendo Switch. A tabela é basicamente a seguinte, reproduzida na íntegra:
Modos ↓ | Freqüência de operação da CPU | Freqüências de operação da GPU | Velocidades disponíveis no barramento do controlador de memória |
Switch portátil | 1,02 GHz | 307,2 MHz | 1.331 ou 1.600 MHz |
Quando no dock… | 1,02 GHz | 307,2 MHz ou 768 MHz | 1.331 ou 1.600 MHz |
As informações na presente tabela são a especificação final de combinações das configurações de performance, e modos de desempenho que os aplicativos poderão usar no lançamento. |
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O que quer dizer todos esses números?
Significa que além de o Nintendo Switch utilizar um SoC de 2015 cuja GPU utiliza arquitetura de 2014, ele não utilizará toda a potência do chip. Isso mesmo, teremos no novo console da Big N uma versão mais simples daquele console Android, o nVidia Shield.
Simples quanto?
O nVidia Shield possui uma CPU operando em 2 GHz e a GPU em 1 GHz, e consome 20 Wh. O kit de desenvolvimento vazado e confirmado tem uma mesma GPU Maxwell com os mesmos 256 núcleos CUDA do console da nVidia. Como o processador gráfico do Tegra X1 perfaz 1.024 flop/ciclo, temos no console da Nintendo um desempenho gráfico máximo de 768 gigaflop/s em ponto flutuante de meia precisão (FP16). Isso quando o Switch estiver a carregar no respectivo dock, ligado via USB-C ao televisor.
Entretanto, estamos a falar de um console híbrido, um console que vai depender de bateria. Bateria essa dará ao Switch autonomia próxima à do 3DS. E, em seu modo portátil, o novo console da Nintendo terá um desempenho gráfico de nada menos que 307,2 Gflop/s. Representa apenas 40% do desempenho máximo. Detalhe: o desempenho gráfico do Wii U é de 352 Gflop/s.
Como portátil, seria o Switch graficamente pior que o Wii U?
Não. A GPU Latte do Wii U utiliza a arquitetura RV700 da AMD, de 2008/2009. E não podemos comparar duas arquiteturas gráficas diferentes e que não sejam contemporâneas. Simplificando (e simplificando muito), podemos dizer que a GPU mais atual consegue ser mais eficiente ao utilizar menos cálculos para gráficos melhores. Tradução: os 307,2 Gflop/s de 2014 fariam graficamente o mesmo que 420 Gflop/s faziam em 2009.
Mesmo com todas essas considerações, a situação não melhora muito para o povo que quer mais fotorrealismo: na situação mais exigente, quando estiver no dock exibindo games em Full HD, o Switch não chegará nem perto dos gráficos do Xbox One, sendo apenas levemente melhor que o Wii U.
Detalhe que dependendo do desenvolvedor a situação pode ser ainda mais complicada, pois no modo dock há a opção de manter a mesma freqüência de operação da GPU que o modo portátil. Isso dá a entender que em tal escolha criativa o jogo rodaria a 720p no modo dock, mas a vantagem é a de que o jogo não sofreria qualquer possível travadinha durante a transição entre ambos os modos, dock e portátil.
Veja que estamos falando apenas da GPU. A Nintendo optou por manter o clock da CPU (1,02 GHz) para não adicionar maior dificuldade de desenvolvimento. Aliás, de certa forma, é como se os desenvolvedores estivessem fazendo jogos para o PS4 e PS4 Pro. Mas é bem melhor que desafiar os estúdios a incluir uma função realmente útil para o GamePad do Wii U.
A Nintendo fará em janeiro um evento de lançamento do Switch, onde irá revelar o preço e os jogos disponíveis no lançamento. O lançamento mesmo do console no mercado seria em março.
Fonte: EuroGamer via GameSpot.
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