Carlos Cardoso 7 anos atrás
Submarinistas gostam de dizer que existem dois tipos de barcos: submarinos e alvos. Os tripulantes de comboios no Atlântico Norte durante a Segunda Guerra, e os do General Belgrano um tempo depois, concordariam.
Submarinos são excelentes pois não precisam nem existir para afetar o inimigo. Semanas antes de o HMS Conqueror chegar nas Falklands os ingleses haviam espalhado o boato de que tinham 3 submarinos nucleares na região, foi o suficiente para que os argentinos gastassem tempo e dinheiro em escoltas e patrulhas antissubmarino.
Países com grandes litorais e interesses econômicos em suas plataformas continentais não podem carecer de uma boa força de submarinos. É triste ver como o Brasil, um dos pioneiros no uso desses barcos, foi ficando para trás. Isso ficou bem evidente durante a Guerra da Lagosta, algo que com certeza não te ensinaram no colégio. Foi em 1963, Brasil e França quase chegaram às vias de fato, quando levaríamos uma imensa piaba, diga-se de passagem.
Submarinos convencionais, a diesel, são suficientes se você tem litorais minúsculos como a Melhor Coréia, mas se você precisar de longa autonomia, silêncio e potência para carregar um bom arsenal de mísseis, tem que ir pra propulsão nuclear. É o que China e Rússia fizeram, e agora a Índia.
Agora em termos: o projeto começou em 1998, o reator-protótipo funcionou em 2003, foi declarado operacional em 2006 e em 2009 começou a construção do INS Arihant, um barco que carrega 12 mísseis balísticos com capacidade nuclear.
Depois de muitos testes o barco, o primeiro dos 4 de sua classe foi declarado operacional em fevereiro de 2016. São 6.000 toneladas de pura diplomacia indiana e tecnologia desenvolvida nacionalmente, com consultoria russa. A autonomia como sempre depende apenas da quantidade de comida que conseguirem estocar: o reator de 83 MW torna o alcance do Arihant (chacinador de inimigos) virtualmente ilimitado.
É um grande feito de tecnologia, ainda mais de um país que tem um PIB menor que o do Brasil e os mesmos problemas. Já a gente, bem… o programa Obra de Igreja do nosso submarino nuclear continua se arrastando. Com a verba mal cobrindo a folha de pagamento, não há esperança de a Marinha terminar o submarino antes da maior parte do urânio no reator virar chumbo.
Pior que dessa vez nem dá pra gente usar a desculpa ufanista de “ao menos nosso povo é cordial e nossas praias são as mais lindas”, se nem temos condições de protegê-las.
Fonte: Sputnik.