Bruno Alves 16 anos atrás
Usuário do Ubuntu desde que me lembro da existência dele e do Gnome desde o Debian, nunca me dei muito bem com o KDE, portanto nunca dei muita bola para o Kubuntu.
Há alguns dias resolvi instalar o k3b para gravar algumas ISOs (imagens de CD) e fiquei surpreso ao ver que teria que baixar quase 90Mb para um único aplicativo.
Na verdade, eu estava baixando toda a base do KDE junto para que o k3b funcionasse.
Resolvi, então baixar uma cópia do Kubuntu para poder fazer um comparativo entre os dois sistemas.
A máquina usada no comparativo foi um Notebook Acer com processador Semprom 3100+, 512 Mb de RAM, HD de 40Gb, placa de vídeo compartilhada e Wi-fi da Broadcom.
Separei 2 Gb para o swap (exagero) e dividi o restante do HD em duas partes para ficar com ambientes idênticos.
Premissas:
Ao fazer o comparativos, segui algumas premissas, para que o comparativo não ficasse sem sentido, entre elas:
Instalação:
A instalação, ocorreu sem problemas nos dois sistemas, com todo o hardware sendo reconhecido e com o sistema pronto para uso em menos de uma hora.
O único ponto que seria complicado para um usuário doméstico foi a placa Wireless da Broadcom, que mesmo reconhecida, não funciona sem a instalação do firmware.
Mesmo existindo duas opções de firmware para esta placa.
No Ubuntu a instalação do firmware foi um pouco mais simples e pode ser feita sem utilizar o shell, já no Kubuntu, não consegui escapar do Shell.
Mesmo já sabendo fazer, fui procurar tutoriais na internet sobre o assunto e não achei um visual, todos partiam direto para o shell (linha de comando), portanto essa seria a saída para o usuário leigo.
Considerando isso, a instalação fica empatada.
Ubuntu 1 x Kubuntu 1
Desempenho:
Contrariando todas as minhas expectativas, o KDE é mais leve que o GNome.
O consumo de memória, pelo sistema base, é menor em torno de 15 a 20 Mb a menos.
Nenhuma maravilha, mas o KDE parece mais "esperto", apesar dos números próximos, a sensação é de ter uma máquina mais rápida com o KDE.
Ubuntu 1 x Kubuntu 2
Gerenciamento de hardware:
Eu tinha certeza que não haveria nenhuma diferença nessa área, mas isso não é verdade.
Na duração da bateria, o KDE ganha uns 5 minutos, provavelmente pelo menor consumo de memória, que diminui a necessidade de uso do swap, com menos acesso a disco, a bateria ganha uma sobrevida, é pequeno, mas esses 5 minutos já me fizeram muita falta.
Quando rodando com o notebook conectado à tomada, o gerenciador do KDE fica mostrando, o tempo todo que a mesma foi removida e que ele está passando para a bateria, até poderia ser um problema no meu notebook, mas no Ubuntu isso não aconteceu.
Conexão de rede, o gerenciador de redes do Ubuntu é muito mais esperto do que o do Kubuntu, reconhecendo, conectando e desconectanto automaticamente as redes com e sem fio.
O gerenciador do Kubuntu se perdeu várias vezes, porém, uma vez conectado na rede wireless, apresenta um desempenho ligeiramente melhor, na conexão com fio a desempenho é o mesmo para os dois.
Para um usuário geek, que poderia estabilizar o gerenciador de conexões, fazendo scripts para as trocas manuais e abandonar o gerenciador do KDE, o Kubuntu ganharia essa comparação, mas como o foco é o usuário leigo, ponto para o Ubuntu.
Ubuntu 2 x Kubuntu 2
Interface com o usuário:
A interface com o usuário é muito mais intuitiva e simples no GNome do que no KDE.
A semelhança com o Windows, opções em seqüência não muito lógica e pequenos detalhes que complicam atividades simples, fazem com que o KDE seja muito mais complicado do que deveria ser, para o usuário leigo.
Não estou falando de coisas mirabolantes, mais bem simples, mesmo, como lembrar a senha que o usuário acabou de digitar, deixar o programa de e-mail na cara do usuário, ao invés de escondido no Kontact etc...
Nessa área o Ubuntu com o GNome dá um banho, sendo mais intuitivo que o Windows, em várias atividades.
Quando não existe nenhuma incompatibilidade de hardware, a máxima de simplesmente funcionar é uma verdade no Ubuntu, as coisas simplesmente funcionam como deveriam.
Ubuntu 3 x Kubuntu 2
Instalação de aplicativos
O sistema do Ubuntu de instalação é muito melhor resolvido do que o do Kubuntu.
É possível instalar qualquer programa disponível nos repositórios (mais de 18.000 pacotes) sempre usando a interface gráfica.
Nem para para acessar repositórios obscuros é necessário usar o shell, o instalador e o synaptics dão conta do recado com maestria.
Já no Kubuntu, se você precisar de algo que não esteja no instalador, terá que recorrer a linha de comando.
Ubuntu 4 x Kubuntu 2
Aplicativos base
A instalação base dos dois sistemas traz uma gama de aplicativos capaz de satisfazer qualquer usuário doméstico ou corporativo, porém no trio base web, e-mail e mensagem instantânea, o Ubuntu leva vantagem.
Trazendo Firefox, Evolution e Gaim, proporciona uma experiência melhor para o usuário leigo do que o Konqueror, KMail e Kopete.
Independente das qualidade de cada aplicativo, o trio usado pelo Ubuntu tem um foco maior no usuário leigo com interfaces mais simples e intuitivas.
Na área de escritório, os dois trazem o OpenOffice, que suprirá todas as necessidades de um usuário doméstico e a maioria das necessidades de um usuário corporativo.
Ubuntu 5 x Kubuntu 2
Aplicativos
Saindo dos aplicativos básicos o Kubuntu leva uma vantagem enorme em relação ao Ubuntu.
Amarok, K3b, Quanta e companhia, competem de igual para igual com seus similares comerciais.
O que falta na parte de desenvolvimento do ambiente, sobra no desenvolvimento de aplicativos.
Você vai encontrar aplicativos para fazer quase tudo no Kubuntu e com usabilidade e recursos, em geral, muito superiores aos equivalentes no Ubuntu.
Ubuntu 5 x Kubuntu 3
Documentação
Para um usuário leigo a documentação é fundamental, se não for, deveria ser o primeiro lugar para tentar tirar as dúvidas e nesse ponto, o Ubuntu dá um verdadeiro show.
A página de documentação oficial do Kubuntu ainda está na versão 6.10 e o link para a versão 7.04 (atual), aponta para a documentação oficial do Ubuntu.
Para um usuário avançado, nenhum problemas, mas para os iniciantes fica muito confuso ver o exemplo com para o GNome e tentar aplicar no KDE.
Ubuntu 6 x Kubuntu 3
Aparência
Apesar de aparência ser um quesito subjetivo e gosto não se discutir, a aparência do Kubuntu é muito superior a aparência do Ubuntu.
Como algumas customizações, os dois podem ficar com um visual impressionante, mas considerando a aparência "de fábrica", o Kubuntu tem mais chance de não assustar o usuário que vê o sistema pela primeira vez.
Ao contrário do que o marrom estranho do Ubuntu.
A primeira impressão conta e muito na hora que o usuário está comprando um computador com o sistema já instalado, por exemplo.
Ubuntu 6 x Kubuntu 4
Conclusão
Vendo o placar final de 6 x 4 para o Ubuntu, podemos notar que o Ubuntu se encontra muito mais preparado para o usuário leigo ou o usuário corporativo, que usam o computador como uma ferramenta e não querem se preocupar com o funcionamento do sistema.
O Kubuntu amadureceu muito em relação às primeiras versões, porém o Ubuntu foi mais rápido na hora de cuidar de detalhes que fazem a diferença.
Em parte, isso é explicado pela diferença de filosofia dos ambientes, onde o Gnome preza mais pela facilidade de uso e o KDE pela quantidade de recursos.
Outra parte da explicação é a atenção maior dada pela Canonical ao Ubuntu do que ao Kubuntu.
Em outras distribuições, o KDE se encontra mais resolvido do que no Kubuntu (como no caso do SuSe, por exemplo).
As apostas do KDE ficam com a versão 4, que promete uma revolução no ambiente desktop, mas enquanto ela não está disponível, a vitória fica com o Ubuntu usando o GNome.