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Liberdade Sim, Bagunça Não

Liberdade de Expressão não é imunidade diplomática. É um direito pelo qual você PODE se expressar, não que você está isento das consequências. Claro, muita gente não pensa assim, acham que estão protegidos pelo monitor. Que o diga a Mayara Petruso e estas outras subcelebridades que aprenderam a lição com a internet.

13 anos atrás

"tá pensando que internet é bagunça?' - Sarah Palin

Existe uma ilusão de que é possível ser anônimo na internet, que é possível destilar todos os ódios e frustrações de uma adolescência ruim, sem qualquer consequência.

Não é assim que a banda toca. Liberdade de Expressão não é imunidade diplomática. É um direito pelo qual você PODE se expressar, não que você está isento das consequências.

Claro, muita gente não pensa assim, acham que estão protegidos pelo monitor. Que o diga a Mayara Petruso.

Que o diga também um sujeito chamado David Kernell. Em 2008 ele invadiu o email de Sarah Palin, ex-governadora do Alaska e candidata a vice-presidente nos EUA pelo partido Republicano.

Kernell, filho de um político do partido Democrata usou de engenharia social para conseguir acesso ao Gmail da candidata. As mensagens mais tarde foram parar no Wikileaks.

Como todo Espertão, David Kernell foi se gabar no 4Chan, achando que todo aquele blá-blá-blá de Anonymous, Legião, etc o protegeria.

Não colou. O FBI foi atrás, chegaram com ordens judiciais, ameaças e todo o poder da Lei. Moot, fundador do 4Chan ficou diante da escolha mais simples de sua vida: entregar os dados de acesso do idiota ou ser preso, defendendo um bando de desocupados que passa metade do tempo o xingando e dizendo o quanto o site que frequentam é ruim.

De posse dos IPs, o FBI rapidinho chegou ao autor do crime. O piratinha de 22 anos correu sério risco de ir para uma prisão de adultos, a pena podia ir de 15 a 21 meses, Kernell entrou em pânico com a possibilidade, mas o juiz ficou com pena e modificou a sentença para um ano e um dia (só pra matar o Reveillon) em uma “halfway house”, seria o equivalente a uma “prisão domiciliar fora de casa”, onde o condendo passa por tratamentos psicológicos para reintegração à sociedade.

Essa reintegracão é questionável. Humanos inteligentes, animais domésticos e algumas espécies de fungos aprendem com experiência e repetição, mas quando o baderneiro apresenta algum distúrbio psiquiátrico, essa capacidade de aprendizado é comprometida.

Um bom exemplo é o perfil fake do Twitter “Ju Tedesco”, que durante semanas postou mensagens racistas de ódio, até ser desmascarado. Na verdade ela era um troll reincidente que já havia sido processado por racismo alguns anos antes, conforme investigação feita por este usuário. Quer dizer: o cidadão repetiu com mais intensidade e ódio as mesmas atitudes que o levaram aos tribunais. Isso não é racional.

Nem o inglês Colm Coss, diria eu. Esse ser desprezível de 36 anos é um troll assumido, especializado em atacar páginas no Facebook em homenagem a soldados mortos, celebridades falecidas e vitimas de acidentes de trânsito. Chegou a trollar uma página de um bebê morto. Com nomes falsos ele postava comentários descrevendo em detalhes sórdidos atos de pedofilia e necrofilia envolvendo as vítimas. Isso mesmo. Forthelulz o sujeito atormentou uma página homenageando um bebê que foi morto por um cão feroz, postando descrições detalhadas de como havia feito sexo com o corpo da criança. Forthelulz.

Colm Coss ganhou seus 15 minutos e 18 meses

As investigações mostraram que Colm não era pedófilo, não obtinha gratificação sexual de seus textos, o prazer vinha da reação das pessoas, chocadas com o que haviam lido.

Buscando reconhecimento por seus feitos, esse desempregado lixo humano começou a mandar cartas para os vizinhos, com fotos de si mesmo e um texto dizendo que era um troll da Internet.

Na cabeça doente desse ser ele achou o quê? Os vizinhos iriam achar o máximo morar perto de um Ser Superior como ele? Ou morreriam de medo de seus incríveis poderes de xingar muito no Twitter Facebook e se submeteriam a seus desígnios?

Chamaram a polícia, que juntou A+B, descobriu que tinha toneladas de queixas contra Colm e na hora deu voz de prisão ao elemento.

Na falta da Defesa Chewbacca, seu advogado tentou a velha “problemas mentais”, mas não colou. Julgado e condenado a 18 meses de cadeia, o cidadão declarou que não estava arrependido e que “obteve prazer” ao ver os detalhes de seus crimes lidos no Tribunal.

Parte da culpa não é dele. A internet tem o péssimo hábito de bater palma pra maluco dançar, sem se preocupar com as consequências. Gente como Colm Coss não começou como psicopata, eles surgem tímidos, ganham seguidores que gostam de ver suas atitudes anárquicas e aos poucos ganham um senso irreal de poder. Um troll médio se acha capaz de sozinho promover o sucesso ou a destruição de um site. De posse de uma autoimagem de Fazedor de Reis, o sujeito degenera a ponto de mandar cartas pros vizinhos.

Moedas verdes. Não é que isso existe?

A bola da vez é a tal de Tulla Luana, a tia da Colheita Feliz, autora do vídeo onde reclama de suas moedas verdes, ou algo assim. Atingindo 0,3 na escala FN de popularidade online (1 Felipe Neto = 1 milhão de views) ela se tornou a sensação da semana. A "popularidade" resultante fez com que passasse a ameaçar até jornalistas que comentaram o caso.

A mídia costuma alçar à fama gente despreparada, mas no modelo tradicional há um tempo onde com sorte o sujeito pode se adaptar. Na internet não há esse tempo, é tudo rápido demais, o cidadão está sozinho sob os holofotes e depende da própria estrutura para entender a situação, e se não for uma boa estrutura, um bom pé no chão, ele pode acreditar no que falam.

E nesse caso “seu site é incrível” é mais danoso do que “seu site é horrível”.

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