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Canais por Assinatura no YouTube: Tudo que você sempre pediu e dificilmente vai querer

YouTube estaria se preparando para disponibilizar canais por assinatura. Excelente, mas você dificilmente vai assinar.

11 anos atrás

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A Internet é legal, mas ela rende mais estalecas e bitcoins do que dinheiro de verdade, ao menos para os produtores de conteúdo, e isso é um problema sério. Muita gente boa está sendo seduzida pela Vênus Platinada e até suas irmãs menores e feiosas, A audiência da Internet é muito dispersa, mesmo uma Sky da vida com 150 canais (sei lá, não contei) é fichinha perto de um YouTube, com centenas de milhares, talvez milhões de canais. Lembre-se, todo mundo é um canal.

O YouTube sabe disso e investiu US$200 milhões fomentando vloggers e celebridades para produzirem conteúdo para uma rede própria, YouTube Original Channels. Os canais chegaram a receber investimentos de US$5 milhões, o que até faz sentido, afinal se é pra entrar no negócio, melhor entrar pela porta da frente.

Como resultado, um ano depois 60% dos canais não foram renovados. A audiência simplesmente não apareceu. Produção de qualidade é um fator importante mas não único. O YouTube tentou brincar de TV na mídia mais antagônica à TV que existe, a Internet.

Na Era de Prata da Internet eu defendia que não tínhamos concorrentes, todos éramos amigos, havia espaço para todo mundo. Hoje dá pra ser mais realista: Disputamos a atenção, o tempo do Leitor. Isso que ele tem de mais precioso. Em se tratando de vídeo, onde é essencial dedicar atenção integral ao conteúdo, é pior ainda.

De olho no conteúdo premium, o YouTube resolveu –dizem fontes seguras do Financial Times- criar um modelo de assinatura de canais, a parir de US$1,99. Isso geraria uma renda excelente para os produtores de conteúdo, mesmo o Google ficando com 45% da assinatura. Um canal como o Parafernalha, com 2,6 milhões de assinantes, se conseguisse 5% de pagantes mesmo após a parte do leão de Mountain View receberia limpos US$ 470 mil por mês.

Mesmo um canal pequeno como o Flat Head Society, com 60 mil assinantes, aplicando-se a regra dos 5% acima renderia US$ 6.751,97, ou CAD$ 6.766,82 pra facilitar a vida do sujeito.

Legal, vamos todos abrir vlogs, certo?

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Errado. Esse valor de 5% de assinantes foi tirado de –você não quer saber-. O número real provavelmente será muito, muito inferior a isso. A Internet tem a cultura do gratuito, sites de notícias com paywalls sabem bem disso.

O curioso é que nós vivemos repetindo que odiamos o modelo da TV por assinatura que nos oferece pacotes fechados quando tudo que queríamos são canais isolados, mas na hora de calcular quanto pagaríamos por cada um, dividimos o custo da assinatura pelo número de canais.

Não funciona assim. Um GNT, uma HBO nem em sonho vale o mesmo que o Canal do Chapéu,TLC ou NHK. Mesmo assim ela ilusão comunista de que todo mundo é igual é convenientemente mantida na hora de achar que R$5, R$2 ou até R$1 por um canal é caro demais.

“Ah mas o canal de verdade fica no ar o tempo todo, o de Internet não”

Verdade, mas quanto tempo por dia, por semana você passa em cada canal? No Discovery vejo basicamente Pesca Mortal e Mythbusters. De vez em quando Águias da Cidade. Na Band me resumo ao Agora é Tarde. Os programas em teoria entram com um inédito por semana (menos o AeT) e reprisam os mesmos episódios 3 vezes ao dia. Não é programação 24h, são 3 blocos de 8 horas.

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Alugando séries individualmente no iTunes, o custo será muito mais caro. Modern Family sai a US$1,99 por episódio. Assinatura para a temporada inteira, US$ 39,99.

Obviamente um canal do YouTube não terá a estrutura de um canal de TV, mas você estará pagando por conteúdo que efetivamente assiste, Um canal como o Machinima tem conteúdo de sobra para preencher mais tempo do que seu médico considera razoável que você fique diante do computador.

Fazendo a conta do uso efetivo, faz sentido o modelo de assinatura do YouTube, mas ele nos faz pensar nas coisas que entubamos ao assinar um pacote tradicional. Achamos que o modelo novo é caro –o que é mentira- sem perceber que o modelo antigo nos cobra pelo conteúdo que queremos e justifica o valor com o que não queremos. 500 canais, SKY, e daí, se não quero rádio pagode gospel?

Cortar o cabo é muito complicado. Ninguém quer pagar pra ver. O conteúdo premium é excelente mas do ponto de vista psicológico temos toneladas de conteúdo semelhante fornecido gratuitamente. Usamos a mesma argumentação das operadoras de cabo, não consideramos válido o valor de US$1,99 por um canal do YouTube quando há tantos canais gratuitos disponíveis.

É uma clássica situação Tostines, “é assim porque é assim” e isso só vai mudar quando um evento disruptor ocorrer, e esse evento não é a simples criação de um canal pago.

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