Carlos Cardoso 11 anos atrás
Nos anos 60 e 70 100% dos homens solteiros e 0% dos casados na frente da esposa sonhavam em visitar um Playboy Club. Os sócios tinham direito a um nightclub exclusivo, cheio de coelhinhas, shows, música de 1a, comida, bebida, etc.
Com o tempo os clubes foram fechando, mas a mítica ainda permanece. Por isso todo mundo se animou quando na Playboy deste mês (a que tem uma excelente entrevista do Paul Krugman) saiu uma matéria onde especialistas discutiram sobre a idéia de um Clube Playboy em uma estação espacial.
O projeto teria salão de dança em gravidade zero, um restaurante no anel giratório, para que a comida não saísse flutuando, e por falar nisso, também teria suítes na parte em gravidade zero, onde alguém teria finalmente que escrever a velha piada de Arthur Clarke, o NASA Sutra.
Claro, não dão nenhuma idéia de prazo, preço ou sequer se estão pensando a sério na idéia. (resposta: não estão). Um clube ou hotel em órbita é coisa para daqui a 100 anos. ou não?
Não. Na verdade já poderia ter acontecido. A Bigellow Aerospace é uma empresa pesquisando o conceito de estações espaciais infláveis. Ordens de magnitude mais baratas que o modelo tradicional, podem ser construídas em uma fração do tempo.
Na verdade estão bem além do conceito, e se alguém pergunta se são seguras, em Junho de 2006 eles lançaram a Genesis I, uma micro-estação de 11,5 metros cúbicos, 4,4m de comprimento e 2,54m de diâmetro.
Em 2008 lançaram a Genesis II, com as mesmas dimensões mas com uma equipagem maior de ¨câmeras e dispositivos de telemetria.
Ambas as estações estão perfeitamente funcionais, ainda em órbita.
Agora, o problema. Era para ser lançada em 2011 a Sundancer, uma estação com 8,7m de comprimento e sistemas de suporte de vida, só que os custos de transporte se tornaram caros demais.
Não adianta ter a estação sem ter como mandar astronautas, e com o fim do programa de ônibus espaciais somente China e Rússia possuem capacidade de enviar astronautas para a órbita terrestre. Isso elevou o custo da viagem para além do razoável, e a Bigellow se encontra sentada em tecnologia que não tem como usar.
Espera-se que com a proliferação de empresas como a SpaceX o custo torne a baixar. Até lá teremos a estranha situação onde alguém tem uma estação espacial mas não tem como colocar em órbita.