San Picciarelli 12 anos atrás
Parte da trama no tecido dos assuntos mais comentados em blogs que falam de mobile pode ser dividida em dois grandes temas: puxar o saco do iOS ou meter o pau nele.
Aqui no Meio Bit, já fizemos um pouco dos dois. Afinal, não se pode ignorar a perfeição com que se integra o hardware dos dispositivos da Apple à sua arquitetura robusta, ambientes e aplicativos. Embora muito se tenha criticado a respeito das ações da empresa, o modelo fechado de negócio, etc etc etc.
Apesar de todos nós já termos entretido a idéia de realmente encontrar um sistema operacional à altura do iOS, quer seja para smartphones ou para tablets (onde o iPad reina absoluto), o potencial realmente poderoso do Android acaba esbarrando em imperfeições de qualidade e aberrações de segurança e desempenho que não vão além de frustrações para os mais críticos.
Além dos dois, hoje, não havia nada muito digno de nota.
No meio de tudo, espancavam-se discussões intermináveis entre o cinismo do webOS, cuja cara de pau de ser um OS realmente bacana mas que nunca dá as caras e desce pro play; e o estupor generalizado e impreciso da mutação ainda em especulação dos Microkias.
Um dos mais escupinchados em todos esses debates era o Winwdows Phone 7. E não era para menos. A Microsoft havia cometido o terrível engano de engolir-se diversas vezes em tentativas über-falhadas de fazer a fantasia do Windows Phone 7 valer qualquer coisa, só para não perder o momentum público do qual desfrutava o iPhone.
Também assustada pela tomada avassaladora do mercado pela Apple, a MS sucedeu uma série de equívocos e amargou uma imagem nada positiva com trombadas homéricas. O resultado foram fracassos como os do Kin para baixo... até bem recentemente. E por que não dizer, com uma certa alegria, até essa semana?
Em uma nova retomada e com o vigor esperado para um titã que pode ser qualquer coisa menos ignorado, a Microsoft empreendeu compras audaciosas com a Nokia e o Skype e re-entrou no jogo do jeito certo: com o peso de uma longa reputação de liderança e quase que totalmente livre do jugo de se fazer parecer com outras marcas, por medinho (irreal) de desaparecer.
Não sei onde Balmer e sua gangue estavam com a cabeça no último ano, mas ainda bem que acabou. Ao menos, parece que acabou. Tomara mesmo que tenha acabado.
O Engadget acabou de publicar um video-review básico (e extremamente moroso e chato) do que parece ser o "incrível" que todos já haviam se cansado de esperar para o WP7: a nova versão, codinome Mango.
Se você tiver 12 minutos e pouco para gastar, economize os primeiros 2min50 do vídeo acima e ao menos imagine o que podem ser as mais de 500 novas features que a Microsoft tem trabalhado nessa versão. Sim, repetindo, são +500 novidades.
Claro, jamais poderiam ser cobertas, nem de longe, em qualquer vídeo-review. Mas não há como negar que os ares se tornam no mínimo revigorantes com quaisquer provas circunstanciais de que o WP7 não será, de fato, uma promessa hypada pelo avesso.
De uma certa maneira, olhando assim o review alheio e os releases de imprensa com as intenções da empresa, pode-se dizer que o WP7 procura traduzir a nítida inclinação da Microsoft de ser a madrinha de um OS para mobile completamente devoto à personalização social nas mãos do usuário.
Sim, o WP7 não tem a miríade de aplicativos que o iOS construiu ao longo destes últimos anos, nem tampouco tem os milhões de desenvolvedores aos seus pés como tem a Apple.
Em contraponto, o WP7 certamente não deve ter os bugs e aberrações de desenvolvimento que o modelo democrático-aberto-amarradinho do Android tem também.
E levando em conta o longo timeline de envolvimento da Microsoft com o mobile, podemos dizer qualquer coisa, menos que a empresa está enchendo linguiça e brincando de casinha diante dos seus consumidores mais informados e sempre muito exigentes.
Seria este o momento de oferecer mais um voto de confiança a uma grande marca, que demonstra claramente ter trabalhado duro para se redimir de seus últimos surtos e peetees, e que se reposiciona de maneira vigorosa entre os grandes players do mobile?
Oxalá que sim. Mas será preciso esperar para ver.
De preferência, sem muito falatório dessa vez...