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Sarkozy reúne grandes líderes da internet às vésperas de encontro do G8

Governo francês convida gigantes da Internet e tecnologia para discutir a neutralidade da rede.

13 anos atrás

Sarkozy

Às vésperas do G8, o premier Francês, Nikolas Sarkozy, organizou uma cúpula para reunir os líderes mais proeminentes da internet.

Os principais convidados da lista de hoje e amanhã são Mark Zuckerberg (Facebook), Rupert Murdoch (News Corporation), Jeff Bezos (Amazon) e Eric Schmidt (Google), assim como top executivos da Vivendi, Groupon, Microsoft, gravadoras de música, operadoras de telefonia móvel, o fundador do Wikipedia (Jimmy Wales) o criador da licença livre Creative Commons (Lawrence Lessig), entre outros.

A convocação anunciada indica que o encontro tem a finalidade de refletir sobre o impacto da Internet na economia e na geração de empregos, assim como também observar como a tecnologia rompeu com o modelo industrial tradicional e passou a ter um papel epicêntrico em questões importantes no mundo todo.

Periódicos franceses como o Le Monde e o Le Figaro consideram que a a agenda anunciada exclui discussões importantes como a questão da liberdade e a utilização da informação na Internet.

Um painel de debate já intitulado como "Internet e Sociedade" deve, segundo a assessoria da organização, tratar todos os temas a partir de uma perspectiva que leve em conta "uma rede mundial civilizada, ao invés de um espaço pleno de ciber-dissidentes".

Isso pode naturalmente provocar algum desconforto na opinião pública, uma vez que sem um formato em pormenor sobre quem é dissidente na internet ou não, o tom não saiu lá como dos mais conciliadores. Afinal, praticamente todo internauta pode ser considerado dissidente ao utilizar a rede mundial para se expressar contrariamente a qualquer coisa e o próprio termo em si está associado a importantes protestos e debates recentes.

E embora Sarkozy já tenha sido bastante criticado por mudar sua posição a respeito da Internet algumas vezes, isso não invalida de todo a prerrogativa central por trás do encontro. Recentemente (19) o Google, a Apple e o Facebook foram convidados a depor como colaboradores em uma audiência oficial encomendada pelo senado do EUA para discutir questões como geolocalização e segurança da informação.

Apesar desta última ter tido num tom pouco conciliatório e de debate, tendo alcançando contornos bem mais exigentes e comandatórios por parte dos senadores a inquirir as empresas sobre o assunto e o impacto de pequenos escândalos envolvendo o tema mundo afora, não se pode dizer que agregar os grandes líderes da rede mundial, tanto quanto seja possível, seja algo ruim. Pelo contrário. Mas nem tudo são fleurs-de-lis...

O ex-ministro das Relações Exteriores de Sarkozy, Bernard Kouchner, no ano passado já havia proposto que a França organizasse uma cúpula dedicada à proteção de ciber-dissidentes. Sua meta era dotar o país de ferramentas para protegê-los em nome da preservação da liberdade de expressão, procurando posicionar a França como um país favorável a isso e tendo na livre expressão a sua principal tônica diante da internet.

A revista Marianne, de julho de 2010, publicou uma matéria sobre os contornos deste encontro, que uniria experts da Internet e governantes de mais 17 países, cujo principal objetivo era discutir a oferta de proteger os ciber-dissidentes com os mesmos formatos com os quais jornalistas são protegidos em casos de denúncias contra a liberdade. (Yahoo! France.)

A Holanda havia dado um sinal verde para colaborar com o governo francês na organização deste encontro e sugeriu que ele acontecesse no dia 29 de setembro daquele ano. Um mês depois, em outubro de 2010, Sarkozy, através de uma publicação oficial que fazia mudanças de pauta e de agendas, mudou o discurso e alterou a posição da França em relação ao tema.

A conferência anterior foi então cancelada pela aparente discrepância entre o governo de Sarkozy e o ministério exterior de Kouchner, que em novembro deixou o cargo.

Já neste encontro os temas tratados serão a proteção de direito do autor, o cibercrime e o combate à ideia de que a Internet é meramente uma "zona global onde reina apenas o direito". Até o momento, não há nenhuma menção de que Julian Assange ou quaisquer um de seus colaboradores do WikiLeaks tenha sido chamado para a conferência.

Sarkozy já manifestou também seu interesse em organizar um novo encontro similar que deve acontecer também antes do G20, nos próximos dias 3 e 4 de novembro, em Cannes.

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