Ricardo Bicalho 18 anos atrás
Nessa primeira parte, vou cobrir a instalação do Suse, reconhecimento de hardware e instalação geral do sistema e configuração "da caixa", ou seja, padrão do sistema.
Essas imagens foram feitas com uma câmera digital, mas não ficaram muito boas. As últimas já tenho impressões de tela.
Como eu havia dito no artigo anterior, a instalação foi feita num disco rígido, de 30GB completamente vazio, sem partição ou formatação. Após a tela de escolha de idiomas, o instalador, já usando o próprio kernel do Linux, automaticamente configurou as partições. Entrei no modo expert apenas para saber se havia alguma coisa dos outros dois discos sendo alterada. Não mexeu em nada, ou seja, eu nem mesmo precisei escolher o disco.
Algo que nota-se é justamente a riqueza de detalhes durante a instalação. Para um poweruser ou um curioso que entende alguma coisa do que está havendo alí, é um prato cheio. E ainda temos a ajuda, que explica cada opção.
Se o usuário quer apenas seguir em frente, ele pode simplesmente aceitar a configuração padrão e continuar. As partições em NTFS ficaram intocadas.
Após a pré-configuração, chega o momento de escolher a interface, os pacotes de software opcionais e observem que para testar, optei por bastante coisa. Aqui vale um observação importante. Uma distro Linux não é, de forma alguma, um sistema operacional e sim uma Suíte Operacional. O motivo é que o sistema operacional em sí é a menor parte da instalação, já que ele chega pronto com programas de escritório, edição de imagens bitmap e vetoriais, 3 ou 4 browsers, programas para gravar CDs e DVDs, editores de som, servidores web e dezenas, ou melhor, centenas de programas, todos disponíveis na mesma instalação.
O reconhecimento de hardware foi completo: placa de vídeo, som, rede, monitor, teclado e mouse. Todo o hardware foi reconhecido, a placa ethernet foi automaticamente configurada, a conexão com a Internet também foi feita de forma automática e eu autorizei o sistema se atualizar antes de iniciar a operação. Muito bom, considerando que antes mesmo de usar, ele já estaria totalmente atualizado.
A instalação durou entre 4-5 horas, mas não é muito, considerado que, uma vez terminada, ele está pronto para uso, sem a necessidade de "fuçar" por programas hoje considerado essenciais, como gravar CDs/DVDs.
Tive problemas com 3 coisas. Uma foi com fontes em monitor LCD. Eu editei o sistema de fontes de várias formas e consegui deixar as fontes, escolhendo o padrão LCD muito melhores. Mas dentro dos navegadores (Konqueror, Opera e FireFox) elas ficam com um aspecto estranho, serrilhado. E quando estão em negrito, aparecem distorcidas e com aspecto muito ruim. Não consegui resolver isso nem por um decreto. Pensei em pegar as fontes da Microsoft, mas isso meio que quebraria a idéia de testar o Suse por méritos próprios.
Para tirar a prova, coloquei um monitor de 17 polegadas da Samsung tecnologia CRT e configurei o mesmo. Me pareceu bem melhor, mas dentro dos browsers, ainda há algo estranho. Dentro dos processadores de texto do Suse, tudo perfeito: fontes bem definidas e contornadas.
O outro problema foi uma questão de mapeamento de caracteres do meu teclado. É um Logitech Elite, padrão norte-americano, mapeado como internacional. Tudo funcionou exceto a cedilha, que aparece como uma letra c com acento agundo em cima. Lembro, há muito tempo atrás, ter testado uma distro de RedHat 7.x e não havia esse "problema". Troquei o teclado para um ABNT2 e configurei. Funcionou. Voltei com o meu teclado e fiz uma pesquisa na internet. Não achei nada satisfatório e nenhuma resolveu. No dia seguinte, com um pouco mais tempo, encontrei que a solução residia em remapear os caracteres. Entrei como root, editei os arquivos, reiniciei os aplicativos (não foi necessário boot, como explicava no post) e agora estou com a cedilha funcionando.
O terceiro problema foi o mapeamento dos botões do mouse. Apesar de ser um Microsoft Intellimouse, ele reconheceu todos os botões extras, mas não permitiu que os mesmos fossem reconfigurados. Antes que alguém levante uma sombrancelha, equipamentos como mouse e teclado são muitas vezes fabricados por uma mesma empresa, com linhas de montagem que mudam apenas a qualidade dos componentes. Parece que será necessária alguma engenharia para as funcionalidades de rolagem de tela e os 2 botões extras funcionarem da forma que foram concebidos.
A interface é uma questão de gosto pessoal, mas o Gnome me pareceu mais fácil de operar do que o KDE, mas a versão dele não é a mais recente. Acabei optando por usar KDE por uns dias. Nesse momento, estou escrevendo o review no Movable Type pelo Firefox, mas o rascunho foi preparado no Kate, um editor de texo, assim como o Gedit que faz você pensar duas vezes antes de dizer que gosta do Notepad.
As imagens foram editadas e tratadas usando o Gimp e a extração das imagens de uma Sony Cybershot 5.1, reconhecida em segundos. Ainda não fiz os testes com webcam, pois o foco inicial está na instalação e uso inicial do sistema.
Há uma abundância de opções de aplicativos e pode-se testar o que for mais confortável ou simpático. O critério fica a cargo de cada um.
Quanto a segurança, é uma maneira diferente de se operar o computador. Quem está acostumando com o Windows, sabe que pode-se fazer tudo e mais um pouco com a máquina. Instalar programas, editar configurações de sistema, usar pen drives e por aí vai. Existem formas dos administradores limitarem isso tudo, usando serviços de rede, é claro, mas a questão é que o usuário Windows está mal acostumado.
O Suse já é instalado com a segurança ativada e não é qualquer pessoa que vai sair instalando programas na máquina ou ir gravando alguma coisa num pen drive. É preciso autorização para isso.
Navegar usando o Konqueror, por exemplo, por websites pinhados de trojans e vários tipos de malware, foi ótimo ver as tentativas frustradas (dúzias) de invasão. Isso tudo sem um antivírus ou programa auxiliar. O próprio sistema operacional foi concebido em torno de segurança. Mas com isso, vem os anos acostumado com Windows: a falta de permissividade.
Para configurar a máquina, tudo pode ser encontrado pelo YAST, que concentra todas as configurações do sistema. Depois de ler algumas configurações e acostumar com a interface, farei testes com os drivers da placa de vídeo.
Conclusão
O Suse está muito maduro como sistema operacional. Uma instalação sólida, pinhada de informações e que informa o tempo todo o que está acontecendo. Foi muito fácil instalar e a configuração inicial foi zero, exceto suavização de fontes e o mapeamento da cedilha. Nos browsers, não conseguir fazer as fontes ficarem na mesma qualidade apresentada nas aplicações do sistema operacional.
A quantidade de aplicativos disponíveis após o término da instalação é simplesmente enorme. Pode-se bater papo, assistir vídeos, ouvir música, editar textos, desenhar, editar fotos, criar planilhas ou apresentações sem precisar de um único download. E muitas vezes, pode-se escolher entre 2 ou mais ferramentas, que fazem a mesma tarefa.
Todo o hardware foi reconhecido e configurado de forma automática, inclusive o pen drive a câmera digital. Além disso, o sistema tem atualização automática de segurança, feita ainda durante a instalação, mas há opção (não recomendado) de se fazer isso depois.
Navegar pela Internet usando Linux é como estar dentro de um navio de guerra, em termos de segurança e fiz os testes nos piores websites que vocês possam imaginar.
Na próxima parte, vou entrar em detalhes quanto ao uso das aplicações como usuário.