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Internet.XXX is for pr0n!

ICANN finalmente autoriza a criação de domínios com TLD .xxx. Indústria pornográfica reage com ceticismo à novidade.

13 anos atrás

Durante anos um grupo vem tentando fazer com que o ICANN, órgão responsável pela designação de Top Level Domains na Internet, aprove o sufixo .xxx. Da última vez grupos cristãos e governos pressionaram o órgão (epa!) para que negassem a criação de .xxx, afinal de contas segundo a lógica dessas pessoas altamente inteligentes sem um sufixo dedicado a Internet permaneceria absolutamente limpa, familiar e livre de qualquer conteúdo pornográfico.

Agora a posição do ICANN mudou. Em uma decisão inesperada atenderam aos apelos da ICM Registry LLC, empresa responsável pela indicação do .xxx para registro, e que seria a responsável pelos domínios criados.

Já há 112000 sites pré-registrados. Estima-se que pelo menos meio milhão domínios sejam criados. O faturamento previsto da ICM será de US$ 30 milhões, cada domínio será vendido por US$ 60,00, uma pucta falta de sacanagem, diriam alguns.

Para pagar de bonzinhos se comprometem a doar US$10,00 de cada domínio para uma ONG de defesa de crianças (inclusive os US$ 10,00 do pedobear.xxx?) que eles mesmos criarão. OK..O problema é que não há consenso entre a indústria pornográfica de que isso é uma boa idéia. Muita gente acha que a criação de um domínio específico para material pornográfico incentivará governos e grupos moralistas a forçar a migração de  sites existentes, "limpando" a Internet desse conteúdo indesejado (por eles).  Feito isso um simples filtro nos servidores de DNS e todo o conteúdo "inadequado" seria varrido do mapa, sem direito a recurso.

Antes que digam que é uma boa idéia, eu pergunto: Quis custodiet ipsos custodes? Quem vigia os vigilantes? (Rorschach, eu sei). Qual o consenso sobre o que é pornografia? Filmes como Império dos Sentidos foram taxados de pornográficos nos anos 70, outros os consideram obras de arte. David Hamilton, famosos fotógrafo ninfeteiro inglês recheou as revistas do mundo com meninas pré-pubescentes em avançado estado de nudez, imagens cabeludas (mais cabeludas ainda por não apresentarem cabelos, se é que me entendem) que hoje dariam cadeia mas eram... arte.

Variações de conceito existem mesmo dentro de um mesmo período cronológico. Um biquini brasileiro seria considerado altamente indecente por qualquer um que chame a calçola da Taylor Swift de biquini.

A Playboy definitivamente não merece  ser segregada a um mesmo gueto que a Hustler, por exemplo.

O medo da indústria, que a opção se torne obrigatória, é legítimo. Medo esse, aliás, que deve ser compartilhado por qualquer gerador de conteúdo adulto (no bom sentido). Se o domínio .xxx se tornar legalmente atrelado a um tipo de conteúdo como tratar quando um domínio não-.xxx veicular material considerado XXX? Bane-se o site para o gueto .xxx?

Se dividir e conquistar é uma estratégia válida em guerras, a Internet funciona exatamente ao contrário. Quanto mais gente debaixo do mesmo teto mais fácil é de controlá-los ou mesmo aniquilá-los. Aí .xxx será trocado por .Masada.

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