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Retrato, luz contínua e diversão

14 anos atrás

Para mim fotografia é, acima de tudo, diversão. É por isso que transformar a prática em profissão pode ser tão positivo. Não pensem que é fácil trabalhar com fotografia, mas o senso de realização pessoal é muito grande, isso se você gostar do que está fazendo, é claro. No dia de ontem (29/05) tivemos mais uma aula do curso gratuito que estou ministrando na Oficina Cultural de Presidente Prudente. O tema foi “retrato” e, para tanto, montamos um pequeno estúdio no local. Mas, antes de falar sobre a aula prática, vamos falar um pouco de teoria.

Retratos

Pessoas são o tema que mais fotografamos em nossa vida. Sim, isso mesmo. Você pode até odiar o convívio pessoal, mas não pode fugir dele (pelo menos na maioria dos casos). Então, para quem tem uma câmera fotográfica, esse é um tema que sempre está presente na fotografia. Justamente por esse motivo é que encontramos tantos erros na hora que analisamos os retratos que vemos na internet. Como primeira lição básica, lembrem-se do que o mestre Robert Capa dizia “se sua foto não está suficientemente boa, então você não está suficientemente perto”. Embora possamos aplicar esse ensinamento a tudo na fotografia, em retratos isso fica bem evidente. Quanto menos poluída for sua foto, melhor ela será. Se estamos retratando uma pessoa, nada pode chamar mais atenção na imagem do que ela.

Tendo isso em mente, podemos classificar os retratos em dois tipos. Os retratos posados são aqueles em que há cooperação entre o fotógrafo e a pessoa que está sendo retratada. É nessa hora que você tem que impor o seu olhar fotográfico e construir sua imagem (veja a primeira foto). O segundo tipo de retrato é o espontâneo. Onde a pessoa que está sendo retratada não percebe a presença do fotógrafo (segunda foto). Eu gosto muito dos dois tipos de retrato, afinal de contas essa é minha principal produção fotográfica. Alguns conselhos bacanas do mestre Clício Barroso para você se dar bem na arte dos retratos (principalmente os posados) envolvem você conhecer a personalidade da pessoa retratada, focar na expressão facial, sempre fazer a foto em local que expresse a personalidade do fotografado e fazer com que a pessoa fique relaxada e a vontade.

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Outra dica bacana é evitar a posição de retrato de documentos, onde a pessoa fica de frente para câmera. Sempre coloque seus ombros em um ângulo um pouco inclinado, isso ajuda a diminuir a proporção entre o corpo e a cabeça, deixando tudo um pouco mais simétrico. E, por fim, não esqueça que a distância focal é importante. Retratos com grande angular tendem a distorcer o rosto das pessoas, deixando o nariz e as orelhas mais protuberantes.

Pequeno Estúdio

Para trabalhar com essa aula, decidi usar um estúdio improvisado na Oficina Cultural. As pessoas possuem uma visão glamorosa de estúdios fotográficos, mas podemos chamar de estúdio qualquer local que sirva para a prática da fotografia (eu usei minha garagem por muitos anos). O que tínhamos a disposição para trabalhar eram dois refletores com Fresnel e lâmpadas alógenas de 500W. Ambos os refletores, que foram pensados mais para uso em vídeo, tiveram suas luzes rebatidas em placas de fórmica branca para gerar uma luz mais suave. Embora não fosse o ideal para a fotografia, a quantidade de luz presente era suficiente para uma câmera compacta trabalhar sem a necessidade de flash.

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Aqui, tivemos a oportunidade de desenvolver a questão de enquadramentos, ângulos e diferentes posicionamentos da luz. Outra coisa que é possível demonstrar em uma aula prática dessas é a real importância de uma boa calibração do Balanço de Branco e os efeitos da pouca profundidade de campo com lentes que possuem grande abertura de diafragma. Coisinhas que só compreendemos totalmente quando vemos funcionando.

A Metodologia da Coisa

Vinte pessoas estão fazendo o curso. Uma aula prática com essa quantidade de pessoas pode virar bagunça se não tivermos uma forma sistemática de trabalhar. Ao chegarem ao recinto, havia duas fileiras de cadeiras. Todos tinham que sentar de frente para alguém. Depois da explicação teórica (coisa rápida) foi avisado que a pessoa que estava sentada a frente seria seu parceiro fotográfico. Cada um teria que fotografar e ser fotografado por seu parceiro. O problema, levando em conta que são 10 duplas, é que acaba levando muito tempo para todos fotografarem em um mesmo estúdio. Por isso é importante que sempre haja explicações teóricas e práticas para quem está assistindo de fora, e que está esperando sua vez de fotografar.

Mas, indo contra todas as expectativas, tudo sempre corre bem e a prática acaba virando uma gigantesca diversão. Pontos negativos que podem atrasar o processo são o calor que as lâmpadas alógenas geram e a incapacidade de algumas câmeras compactas proporcionarem a seus donos um mínimo de ajustes manuais. E também temos alguns alunos que se animam e precisam ser retirados a força do estúdio, mas isso para mim não é problema, é um ponto positivo. Vejam algumas fotos dessa aula abaixo.

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