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Brasileiros se preparam para a chegada do PayPal

14 anos atrás

A movimentação do PayPal visando entrar de sola no mercado brasileiro em 2010 já mudou o cenário dos serviços de pagamento eletrônico brasileiros. A liberação da transferência de fundos para contas em bancos nacionais, anunciada há alguns dias, fez acender o sinal âmbar nos players locais, que preparam políticas mais agressivas para conter a gigante americana.

É fácil entender o frenesi acerca desse nicho. Com meio ano de crise, dificuldade na obtenção de crédito e tudo mais, a expectativa é que o e-commerce no Brasil feche 2009 com um crescimento de 28%, o que, em termos absolutos, significa R$ 10,5 bi movimentados via Internet. Ser “usado” por esse tipo de público para a aquisição de bens em âmbito virtual é um grande e lucrativo negócio, e nessa, ninguém quer perder.

O player tupiniquim mais forte, no momento, é o PagSeguro. Hoje propriedade do UOL, o projeto nasceu sob a alcunha BrPay (coincidência oi?), no Espírito Santo, e em meio à escassez de serviços do gênero, aliada à baixa qualidade dos poucos disponíveis na época, rapidamente se sobressaiu. O UOL acredita muito na força da marca, e acha que ela será capaz de bater de frente com o PayPal, que, além de já permitir transferências para bancos brasileiros, já contratou advogados no Brasil e pretende montar um escritório no país.

pagamento-eletronico-20091124 Todo o sistema do PagSeguro foi refeito em Java, segundo Ricardo Dortas, diretor de projetos especiais do UOL. O mais interessante, porém, é que essa migração permitiu “mesclar” a base de usuários do portal com o sistema de pagamento eletrônico, o que deixa o PagSeguro com uma base de usuários em potencial gigantesca – 11 milhões, para ser mais exato. Novos recursos, como o já em funcionamento PagSeguro Mobile, estão sendo preparados, e o clima, pelo teor dos comentários de Dortas à reportagem do IDG Now!, é de guerra. Traçando uma analogia, ele diz que a situação é semelhante à da entrada da AOL no mercado brasileiro, em 1999. A estratégia do UOL, lá atrás e agora, é se blindar para amortecer o impacto do “invasor”, mantendo a hegemonia que já sustenta.

Além do PagSeguro, estão no páreo também o MoIP, projeto de acadêmicos de Belo Horizonte que, mais tarde, recebeu investimentos do iG e do Ideasnet, e o MercadoPago, do MercadoLivre.

O MoIP ganhou notoriedade justamente após a aquisição por parte do iG e Ideasnet. A exemplo da dupla PagSeguro/UOL, o MoIP também vem sendo usado para diversos negócios dentro do portal iG, especialmente na área do iG Empresas. A maior dificuldade, porém, é em relação a acordos externos. Enquanto o PagSeguro já é aceito por lojas como Casas Bahia, Livraria Cultura e Mentez (Buddy Poke, para os íntimos), além de manter contatos com a gigante B2W, o MoIP não tem nenhum acordo do tipo de muita relevância.

Correndo por fora, e ainda restrito ao MercadoLivre, o MercadoPago, dentro do ambiente onde opera, é um sucesso. Em países como Argentina, Chile e Colômbia, o serviço é “independente”, ou seja, pode ser usado fora do site de leilões que o detém. Já no Brasil, por enquanto, ele só funciona lá, o que, segundo Helisson Lemos, diretor de marketing do ML no Brasil, se deve às peculiaridades do sistema financeiro de cada país.

O mais curioso sobre essa precaução e até letargia do MercadoLivre, é que a “filial” brasileira do site de leilões é a que possui a maior base de usuários dentre todas (40 milhões de cadastrados), e a mais lucrativa também (60% do faturamento e lucro). Talvez a insinuação de que o PayPal iniciará operações em território brasileiro acelere essa abertura – ou não.

Como sempre, a boa concorrência acabará beneficiando o consumidor. O PayPal é conhecido pelas baixas taxas que cobra em suas operações, e por sempre inovar pensando, muito, nos pequenos – coisas como os micropagamentos, por exemplo. Em 2010, veremos todos esses players travando uma verdadeira guerra pela preferência do consumidor, na qual as principais armas serão tarifas mais baixas, e melhor qualidade de serviço.

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