Dori Prata 5 anos atrás
Depois da ascensão dos indies e da atual polêmica em torno das loot boxes, quando você ouve a palavra editora (ou publisher em inglês), qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça? Eu seria capaz de apostar que pensou em censura à criatividade ou ganância, mas hoje eu gostaria de falar sobre uma que tomou uma atitude que vai na contramão disso tudo.
Dois anos e meio após Tom Happ lançar digitalmente o elogiadíssimo metroidvania Axiom Verge, esta semana o título recebeu versões físicas para o PlayStation Vita, PlayStation 4 e Nintendo Switch. Só o fato deles terem apostado neste lançamento já seria motivo suficiente para elogiarmos o pessoal da BadLand Games, mas acredite, isso não é nada perto do que esses caras fizeram.
Conforme explicou em seu site, a editora ofereceu doar para o game designer 75% de todo o lucro obtido com as vendas do game e o motivo não poderia ser mais nobre.
“Como você já deve ter visto por aí no meu blog ou no Twitter, tenho tentado ser bem aberto em relação a condição de saúde do meu filho Alastair”, escreveu Happ. “Resumidamente, ele nasceu saudável, mas os médicos falharam em tratar um caso rotineiro de icterícia durante um período crítico quando ele tinha apenas poucos dias. O resultado foi uma condição vitalícia chamada Kernicterus, que é caracterizada por um severo dano cerebral que roubou do Alastair muito do seu controle motor e a audição.”
O sujeito então continua explicando que nem ele nem a editora quiseram divulgar o apoio por medo de alguns acharem que eles estavam usando a criança para se promover, mas que mesmo temendo que isso agora possa acontecer, Happ queria agradecê-los publicamente por fazerem algo que não precisavam.
Talvez a BadLands só tenha tomado esta iniciativa por ser uma empresa pequena ou pode ser que eles não confiem muito na capacidade de sucesso que o jogo poderá fazer nas prateleiras — diminuindo assim a chance de eles deixarem de ganhar muito dinheiro. Por fim, talvez eles até estivessem apenas pensando na publicidade gratuita que receberiam, mas na minha opinião, nada disso importa.
O que considero fundamental aqui é o pouco de conforto que a postura da editora poderá levar para a família de Tom Happ e na maneira como a BadLands foi capaz de nos voltar fazer a acreditar que ainda podemos ter alguma esperança.