Ronaldo Gogoni 5 anos e meio atrás
O Uber já viveu dias menos turbulentos, só que não. A companhia de transportes disruptivos pode ser a líder em seu setor e uma tremenda dor de cabeça para os taxistas, mas ao longo dos anos acumulou polêmicas: de práticas abusivas a acusações de assédio, espionagem, contravenções, métodos para driblar parceiros comerciais, coleta e manutenção de dados dos usuários sem prazo de expiração (mesmo após o encerramento da conta) uso de ferramentas para prejudicar inimigos e monitorar clientes VIP, aumento dos assaltos e sequestros a passageiros, redução da comissão dos motoristas e por aí vai, teve de tudo.
Como resultado os acionistas do Uber trataram de tentar salvar seu investimento e fizeram uma verdadeira faxina na startup: os principais executivos rodaram, principalmente os envolvidos diretamente com a filosofia autodestrutiva da companhia e o processo culminou com a saída do CEO Travis Kalanick, forçado a renunciar após uma enorme pressão do conselho.
Kalanick era o principal cabeça das práticas negativas do Uber, todas as ações escusas como o uso do God View ao ataque a jornalistas e a passada de pano nas acusações de assédio, bem como outras medidas questionáveis se deram com seu aval e de modo a levar a empresa para outra direção, era imperativo que ele rodasse e foi o caso. Só que o ex-executivo-chefe não estaria disposto a desistir e segundo informes, estaria se preparando para entrar em "modo Steve Jobs" e voltar ao cargo (a referência se dá ao fato de Jobs ter sido demitido da Apple para retornar anos depois).
Atualmente o Uber está numa caça a cargos de comando, incluindo CEO e contrariando declarações anteriores por uma maior diversidade no quadro o próximo líder da companhia não será uma mulher, visto que todas as cinco executivas sondadas não teriam demonstrado interesse: Meg Whitman (HP), Sheryl Sandberg (COO do Facebook, a única da lista que não é executiva-chefe), Mary Barra (General Motors), Carolyn McCall (easyJet) e Susan Wojcicki (YouTube). Os três atuais candidatos seriam todos homens, e o nome de Jeff Immelt (GE) foi o único confirmado; enquanto isso Kalanick estaria tentando articular seu retorno por fora.
Só que o co-fundador e membro do conselho do Uber Garret Camp tratou de cortar as asinhas do defenestrado CEO: através de um e-mail enderaçado à equipe da startup o executivo deixou claro que a companhia está em busca de um líder "de primeira classe" que promova o crescimento da empresa e por causa disso, Travis Kalanick não voltará ao cargo. Ouch.
Vale lembrar que embora o executivo possa não voltar tão cedo ao comando do Uber, Kalanick permanece como membro do corpo de diretores (que conta com figuras como Cheng Wei, fundador e CEO da parceira chinesa DiDi, Arianna Huffington, co-fundadora do Huffington Post e Wan Ling Martello, CFO da Nestlé) e sua situação não é de todo ruim. Ele só não senta mais no banco do motorista da empresa e se depender de Camp, não voltará a fazê-lo.