Carlos Cardoso 6 anos atrás
O grande “debate” na mídia polemizadora atualmente é se séries como a tal 13 Reasons Why conscientizam ou promovem suicídio. Pessoalmente acho que a série coloca toda uma série de péssimas idéias na mente dos jovens, principalmente usar fitas K7 em 2017 (sorry, James Gunn).
A questão do suicídio não é novidade fora da ficção, e a internet contribui para algo que até então a mídia séria e respeitável havia feito um pacto para não divulgar. Sim, crianças, pessoas se matam pulando nos trilhos do metrô e se jogando de pontes, mas isso não era divulgado, por um motivo simples: atrai imitadores.
Com a internet todo idiota com um celular corre pra fotografar um sujeito esmigalhado na estação, posta no zapzap pra virar o centro das atenções e acaba contribuindo com a morte de outras pessoas.
O Facebook tem sido acusado, com razão, de dar espaço para suicidas que juntam centenas, às vezes milhares de espectadores. Isso é ruim, e não só por demonstrar total falta de humanidade por parte de quem assiste sem fazer nada, mas também pelo efeito imitação.
Então o Facebook deveria bloquear imediatamente esses perfis caso o sujeito comece a transmitir o próprio suicídio, certo?
Nem tanto.
Uma adolescente em Atlanta fez uma Live pelo Facebook onde tomou comprimidos, enfiou um saco plástico na cabeça e se enfiou em uma banheira. Os amigos começaram a ligar pra 911, mas como eram amigos de Internet ninguém sabia onde ela morava.
A sargento Linda Howard assumiu o caso, descobriu a escola da menina, lembrou que tinha um sobrinho lá. Eles eram amigos. O sobrinho confirmou que o vídeo era real (estava restrito a amigos) e rapidamente a sargento conseguiu três endereços prováveis, despachou viaturas e conseguiram achar a menina ainda com vida, a Life ainda não tinha sido encerrada (acharam que eu não faria esse trocadilho?).
A maior dificuldade de polícia e bombeiros é chegar nas tentativas de suicídio antes que eles se concretizem. Se um profissional consegue conversar com a pessoa, as chances são boas que seja convencida a não se matar. Se o Facebook tivesse bloqueado a Live da menina ela teria morrido.
O Facebook defende essa postura de manter os vídeos no ar, enquanto houver chance de identificar e/ou dissuadir o suicida. Outros acham que o dano causado é maior. A grande questão é que não é matemática: são vidas, uma real versus várias hipotéticas, e se há uma coisa que eu aprendi é que nesse caso as necessidades da maioria NÃO se sobrepõe às necessidades da minoria. Ou de um só.
Fonte: Associated Press.