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Fake News da vez: Google Hire compartilha histórico de navegação com recrutadores

Alegações fundadas em puro vapor diziam que o Google Hire, plataforma de recrutamento de Mountain View compartilharia histórico de navegação dos candidatos com recrutadores; empresa afirma que não é o caso.

7 anos atrás

Notícias falsas, não as inofensivas e de cunho puramente humorístico como o Sensacionalista se baseiam em momento e assuntos suficientemente plausíveis para que as pessoas abracem sem ter que pensar muito. Isso acontece com todo mundo, mesmo o mais experimentado jornalista pode cair na lorota de uma pessoa que dizia ter não sei quantos "majors" e "minors", historinha essa que foi desmentida por um blogueiro cupim de ferro e cinco minutos de Google.

Curiosamente, quem ficou sob o holofote das Fake News desta vez foi a própria gigante das buscas. O Google Hire, uma nova plataforma que promete ajudar recrutadores a encontrar profissionais e preencher vagas de trabalho (mais ou menos como LinkedIn e cia, mas ele ainda não está 100% no ar; no entanto companhias de tecnologia como Medisas, Poynt, DramaFever, SingleHop e CoreOS já o estão testando) de repente se tornou a mais nova ferramenta de espionagem de Mountain View, pois ela compartilharia dados sensíveis dos usuários com as empresas. Em especial os históricos de navegação, que são sincronizados na nuvem.

Tudo começou por conta da tal "Applicant-Tracking System" (ATS), o sistema de rastreamento que a Mountain View utiliza para gerenciar os cadastros dos candidatos (que são feitos através de suas contas no Google) de modo a liga-los com as vagas oferecidas pelas companhias. Diversos sites começaram a noticiar que o Google se valeria do sistema para repassar informações que ele já possui de qualquer forma, como histórico de navegação e conteúdo consumido em aplicativos como YouTube e outros. Instaurou-se uma histeria baseada em fonte alguma de que o Google pegaria esses dados e os entregaria de bandeja para os recrutadores, que avaliariam o comportamento particular de um candidato a fim de aprova-lo ou não à vaga que se candidatou.

Não haviam fontes, avaliações sobre a plataforma, nada. Alguém disse "acho que pode acontecer" e publicou, e todo mundo foi atrás.

Pois é, Clark.

Em tempo: não somos tão ingênuos assim. Embora ilegal e imoral vários casos de empresas que exigem o acesso às redes sociais dos usuários, de modo a saber o que eles pensam e consomem já foram relatados. Pensar que o Google se sujeitaria a isso, em nome de lucro seria óbvio afinal, Do No Evil quando ela própria define o que é o mal é muito fácil.

Só que afirmações extraordinárias exigem provas extraordinárias, e como você já deve ter imaginado não havia prova nenhuma de que o Google estaria fazendo tal coisa. Ainda assim vários sites como RT, Daily Mail, The Sun e outros embarcaram na estratégia jornaleira de caçar cliques.

No entanto o Gizmodo, que o pessoal adora malhar (com certa razão) fez o que qualquer um com um mínimo de discernimento deveria fazer: FOI NA FONTE e perguntou ao Google qual era a verdade. O porta-voz declarou que não é intenção da companhia compartilhar dados sensíveis, e apenas o que o candidato se dispor a exibir para os contratantes:

"Apenas informações que um candidato compartilhar voluntariamente serão passadas para um provável empregador, como parte do processo de recrutamento. Informações particulares não serão compartilhadas."

Quando o Gizmodo perguntou especificamente sobre a possibilidade de um contratante acessar o histórico de navegação de um candidato, foi dito o seguinte:

"O Google não compartilha dados privados tais como histórico de navegação. Apenas as informações que os candidatos colocarem no Google Hire— como por exemplo nome, e-mail, resumo das habilidades, carta de apresentação e etc.— serão compartilhadas."

De novo, não somos tão ingênuos a ponto de pensar que algo assim não possa ocorrer. No entanto há uma grande diferença entre o Google compartilhar dados sensíveis e todo mundo sair noticiando o fato aos quatro ventos sem nenhuma prova, baseando-se apenas em disse-me-disse e vapor. Só que "jornalismo de qualidade" precisa de recursos (leia-se dinheiro) e factoides geram cliques e vendem jornais, logo...

 

Fonte: Gizmodo.

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