Carlos Cardoso 7 anos atrás
Reza a lenda que no começo da Primeira Guerra do Golfo, logo após os primeiros Scuds iraquianos caírem em Israel dois caças decolaram com a missão de jogar um artefato nuclear em Bagdá. George Bush Pai teve que usar de toda sua diplomacia e convencimento para conseguir convencer Israel a chamar de volta os aviões.
Nos dias seguintes baterias de mísseis Patriot eram instaladas nas principais cidades israelenses. Saddam lançou centenas de Scuds, o objetivo era forçar Israel a atacar de volta, isso colocaria os países árabes em um impasse e na melhor das hipóteses mudariam de lado, preferindo proteger o Iraque.
Não aconteceu, e Israel não atacou. A população se sentia protegida vendo os Patriots decolando e destruindo os Scuds. Claro, a taxa de acerto era de 0%, uma falha no software tornou os mísseis inúteis mas o efeito psicológico foi mais que suficiente.
Anos depois Israel tem seu próprio sistema de mísseis, o excelente Iron Dome, mas mesmo ele está longe de ser perfeito, como dolorosamente atestado nos últimos dias.
Um drone apareceu sobre Israel, o que não chega a ser novidade, o Hamas uns anos atrás postou um vídeo de um drone em Israel, com direito a mísseis falsos e tudo:
Depois desse muito outros drones foram usados pelo Hamas e outros grupos, alguns com explosivos. Não se sabe o modelo do drone que apareceu dessa vez, mas Israel lançou dois Patriots contra ele. Os dois erraram, em uma explosão inofensiva de US$ 5 milhões.
Quer dizer, inofensiva não, uma menina judia de 14 anos ficou ferida por um estilhaço.
Um caça foi enviado para interceptar o drone, um míssil ar-ar foi disparado, e também errou. Em um mundo ideal (para Israel pelo menos) teria acontecido o que aconteceu com este drone da Georgia, que passou no caminho de um MIG29 russo:
O que aconteceu foi o drone dar meia-volta, atravessar a fronteira com a Síria e desaparecer. Não exatamente um momento de glória para as incontestavelmente competentes forças de defesa de Israel, mas uma dose de realidade.
Tom Clancy sempre dizia em seus livros que ninguém é infalível: nem pessoas, nem sistemas de armas. Há vários motivos para os Patriot terem errado: alguns evitáveis, outros não. Isso ter vindo à tona não é nada tranquilizador, estimula o Hamas a mandar mais drones. Se Israel parar de tentar derrubar, um dia um chegará até Tel-Aviv com uma carga de Anthrax. Se começarem a derrubar a qualquer custo, o custo será inviável.
Talvez a alternativa seja pegar todos aqueles velhinhos pilotos veteranos, montar algumas esquadrilhas de Supertucanos e deixar os coroas se divertirem caçando drones. Não precisa nem de mísseis, nada que voa sobrevive a uma rajada bem-dada das duas .50 do bicho.
Fonte: Russia Today.