Ronaldo Gogoni 8 anos atrás
Mais um ano, mais uma WWDC. O evento voltado para desenvolvedores tem a fama (justificada) de ser o mais chato da Apple, e não é para menos: quem o assiste esperando novos hardwares nos últimos anos só tem caído do cavalo, seu foco é em soluções, e não em dispositivos.
No entanto, quem já esperava novas direções a serem tomadas pelas quatro plataformas da maçã não saiu de todo decepcionado, embora o rol de novidades estivesse um tanto fraco. Ainda assim, aqui estão todas as pílulas que Cupertino trouxe nesta segunda-feira:
watchOS 3
Começando pelo mais chatinho e insosso, a terceira versão do watchOS foca mais em performance e menos em firulas. Com a capacidade de reter seus apps favoritos na memória, seu Apple Watch agora poderá carregá-los mais rapidamente do que nas versões anteriores do sistema. A interface foi toda repensada de modo a facilitar e agilizar o uso: ele ganhou uma Central de Controle, disponível deslizando de baixo para cima tal qual no iOS e fornece botões para ativar notificações, o modo Avião e o modo Não Perturbe. É possível digitar na telinha do relógio (Deus me defenda...) também com o recurso Scribble, ou Swype para os íntimos e as mensagens podem ser respondidas facilmente com respostas automáticas, porque convenhamos...
Novos mostradores foram apresentados, como um da Minnie (YEAH diversidade!) e um de atividades, com versões analógicas e digitais para quem utiliza o Apple Watch como uma fitness band. Aliás, falando em exercícios o watchOS se tornou mais inclusivo, ao reconhecer cadeirantes que também praticam esportes. Agora o relógio esperto da maçã será capaz de captar os dados do usuário corretamente. E sobre funções extras, as informações sobre a saúde do usuário estão mais completas e o sistema finalmente ganhou um botão de emergência, que disca automaticamente o 911 (aqui, 190) segurando o botão abaixo da Digital Crown por alguns segundos. Este mesmo botão agora exibe seus apps favoritos, e não mais contatos rápidos.
O primeiro beta para desenvolvedores já está disponível. O lançamento oficial do watchOS 3 será na primavera do hemisfério norte, entre setembro e dezembro.
tvOS
A Apple TV vai ganhar mais canais: com um catálogo total de mais de 1.300 deles e alguns esperados como Sling, Fox Sports Go e Molotov, a plataforma de entretenimento da Apple tenta cada vez mais buscar um lugarzinho na sala de estar, e joga com o diferencial sobre o Chromecast (que é o líder do setor) de ser efetivamente o último microconsole da Terra (todos os demais morreram, PS Vita TV inclusive), lembrando que é compatível com Minecraft: Story Mode. Bom, considerando que todo mundo que curte o jogo dos blocos já joga o principal de alguma forma…
Mas foquemos na integração entre o tvOS e o iOS, que se tornou mais profunda. A Siri está mais esperta e é capaz de realizar pesquisas conceituais, buscando conteúdo por tópicos e não apenas por nomes. Se você pedir um lista de “filmes dos anos 80 com tema colegial”, a Apple TV exibirá uma seleção dos maiores clássicos de John Hugues (vamos combinar, ele é insuperável). Para um controle mais apurado a Apple está lançando um novo app de controle remoto, que integra as funções do Siri Remote com funções para jogos.
Mas talvez a maior novidade, ao menos para quem mora nos EUA é o recurso Single Sign On: com uma única autenticação via Apple TV você poderá vincular todos os serviços de assinaturas que o usuário consome, dispensando a memorização de senhas e a introdução de chaves o tempo todo. Mais praticidade.
O beta já está disponível para desenvolvedores e a versão final só chega no quarto trimestre.
OS X, quer dizer, macOS Sierra
Enfim a Apple fez o óbvio: qualquer um com TOC batia o olho em iOS, tvOS, watchOS e OS X e tinha um piripaque. Assim, para adequar a plataforma à identidade de marca já definida o sistema operacional dos computadores Apple volta a se chamar macOS. E foi anunciada a nova versão, o Sierra (outra montanha).
Novamente o foco está na praticidade, não espere mudanças bombásticas. Talvez a maior novidade seja mesmo o desembarque da Siri no Mac, após anos de rumores. E ela já chegou alfinetando a rival, ao não reclamar da "falta de janelas". Piadinhas à parte, um recurso muito útil é o Auto Unlock, que desbloqueia a tela do Mac com o Apple Watch, eliminando a necessidade de senhas. Isso é bom, quanto menos delas melhor.
Outro que muita gente gostou é a Área de Transferência Universal: a partir de agora tudo o que copiar será compartilhado entre o Mac e seus iGadgets, seja um texto, uma imagem ou mesmo um vídeo. Isso pode facilitar muito a vida de quem precisa trocar elementos entre dispositivos, principalmente em um cenário de produção e é algo que muita gente mataria para ter no maior número de plataformas possíveis.
O gerenciamento de arquivos antigos também será melhorado. O que for deletado será removido de vez e backups e dados antigos serão eliminados da nuvem e dispositivos de uma vez por todas. Para quem sofre com pouco espaço (meu caso, um Mac Mini com um SSD de 120 GB) isso é uma mão na roda e tanto. Infelizmente o espaço livre no iCloud Drive para usuários gratuitos, de apenas 5 GB permanece inalterado.
O Apple Pay também foi integrado ao macOS Sierra. Agora você poderá realizar suas compras com a mesma facilidade que em seu iPad ou iPhone, desde que você os tenha à mão: o sistema depende da autenticação via Touch ID para autorizar a compra, seu dispositivo é convertido nesse caso em um leitor de digitais tão somente. É prático para não ter que sair do Mac e ir para o iOS, mas a Apple pode pensar em uma solução independente para o futuro.
Tal como os outros lançamentos, o macOS Sierra está disponível hoje para devs, um beta público será lançado em julho e a versão final desembarcará em todos os Macs de 2009 em diante no quarto semestre.
iOS 10
O maior anúncio do dia. A tel de bloqueio foi repensada e novas funções e informações serão acessíveis via 3D Touch. Agora, ao pegar o aparelho você verá as notificações e nem precisará mais acionar o botão Home. A Siri ficará mais esperta e sua API será aberta finalmente à desenvolvedores, permitindo a integração da assistente a diversas soluções. Você poderá por exemplo abrir a Siri, pedir pra ela mandar uma mensagem à sua esposa via WhatsApp que está atolado de trabalho enquanto pede outra cerveja no bar.
O app Fotos ficou um pouquinho mais esperto, se por isso você entender “copiou funções do Google Fotos”: ele vai reconhecer elementos automaticamente e organizá-las, ao mesmo tempo em que será capaz de criar animações com as imagens armazenadas. Já o Apple Music ganhou um tapa no visual (embora na minha opinião esteja bem parecido com o Pinterest) agora possui suporte à letras de músicas, como o Spotify.
O iMessage ganhou novas funções como Emojis e fontes redimensionáveis (além de palavras “emojitifáveis”; o iOS reconhece quais podem ser substituídas pelos pictogramas e sugere o correto para cada ocasião) e a opção de escrever à mão, deixando-o bem parecido com o recém-anunciado Allo do Google.
E sim, o beta foi liberado hoje para devs. O iOS 10 terá um beta público em julho e a versão final chega no quarto trimestre. Dentre os iGadgets elegíveis ao update apenas o iPad 2 e 3 (já era hora), o primeiro iPad mini, o iPhone 4S (ele também) e o iPod Touch de 5ª geração dançaram.
Programar é preciso: Swift Playgrounds para iPad
A última novidade, que recebeu bastante destaque é o app para iPad Swift Playgrounds. A Apple é, assim como diversas outras companhias uma grande apoiadora da programação ao alcance de todos e para isso, está oferecendo uma ferramenta gratuita para qualquer um, principalmente crianças possam se familirizar com o Swift.
Ele é estruturado através de lições simples e seu princípio é o mesmo do Scratch, ensinar através da programação em blocos. Mesmo com o foco para quem está aprendendo o Playgrounds é um ambiente muito bom para teste de código, podendo ele ser uma ferramenta acessória bastante bem-vinda mesmo para profissionais.
E sim, você já sabe a resposta: os devs já podem testá-lo hoje, o beta público sai em julho e a versão final no 4º trimestre.