Ronaldo Gogoni 9 anos atrás
A Netflix está na crista da onda. Seus produtos originais, sejam séries ou documentários tem sido no geral bem sucedidos, alguns deles são sucessos absolutos. A primeira temporada do Demolidor fez tanto barulho que obviamente a Season 2 já está garantida (ok, todo mundo viu — menos o Murdock — essa chegando).
Só que há um porém: hoje a Netflix depende de parcerias com grandes estúdios para trazer esses shows à vida. Só que para o CEO Reed Hastings isso não basta: ele quer o controle total sobre suas obras e para isso, no futuro o serviço vai bancar as produções sozinha.
Se olharmos friamente, isso não é algo tão difícil de acontecer: embora tenha sido produzida em parceria com a TWC, Marco Polo custou uma verdadeira fortuna: uma temporada de 10 episódios saiu por US$ 90 milhões. Ou seja, eles têm a grana, têm os meios e a expertise. Portanto, por que não tentar alçar voo sozinhos?
De acordo com Hastings, a maioria das 20 séries originais que serão introduzidas em 2015 pela Netflix serão produções exclusivas. “Vamos continuar expandindo nosso papel criativo nos shows. (…) A partir de agora assumiremos a propriedade e a produção.”
É um movimento ousado? Sem dúvida, isso expõe a Netflix a mais riscos do que atualmente corre fechando parcerias com Marvel, Sony, Media Rights Capital (House of Cards) e outros estúdios. Mas a questão é que Hastings não deseja apenas licenciar, mas sim que o serviço seja dono efetivo de suas produções originais, o que lhe dará direito de negociá-las com outros serviços por valores melhores ou fazer como a HBO, segurando o ouro para si.
Isso também é bom para evitar um problema corriqueiro da Netflix: o sumiço de obras de seu catálogo devido acordos de distribuição. Com a propriedade seus produtos ficariam disponíveis pelo tempo que quisessem, sem ter que se preocupar com terceiros.
Se vai dar certo, eu não sei. A Netflix está assumindo um risco grande ao se desvencilhar dos parceiros e assumir a bronca toda, mas seus últimos produtos têm dado excelentes resultados e acredito que conseguirão apresentar boas obras no futuro.
Fonte: Bloomberg.