Carlos Cardoso 8 anos atrás
O mundo está cheio de ódio, tudo é motivo para raiva, boicotes, ameaças. Jogos de futebol são desculpa para batalhas campais, sujeitos descontam frustração maltratando cachorro da namorada, filhos brigam com pais.
Na internet então até uma charge de um quadro em branco é motivo para discussão. Meninas de 12 anos com o penteado errado são xingadas e expostas publicamente, e pelas “minorias oprimidas”, imagine as maiorias.
Videogames então? São só tiro, bomba, explosão. Crianças se matam no Mortal Kombat depois correm para o colégio e tentam arrancar a espinha dos coleguinhas (not really). Call of Duty me fez odiar aqueles árabes malditos e matar todos. Aí na próxima rodada eu entrei como africano e passei a odiar os malditos russos. Ou eram americanos? Sei lá, vamos odiar todo mundo só por segurança.
Isso tem que acabar, e quem melhor para isso do que…
Sabe-se lá porque, a lojinha do Björn Borg (ok, a grife) lançou um… First Person Lover, jogo criado para se opor ao Hatred e videogames violentos. Na história as pessoas estão cheias de ódio, cinzas, o tempo todo fechadas em seu mundinho e mexendo em seus smartphones.
Alguém está estimulando todo esse ódio e coletando para fins obviamente malignos. Você é um Agente do Bem e do Amor, armado com seu empurrão do Amor, sua Arma de Beijos, diversos tipos de pistolas e fuzis que lançam doses de amor e sua missão é salvar as pessoas.
Você pode jogar como homem ou mulher. Em prol da igualdade entre os sexos e para mostrar que não sou misógino, joguei como mulher, e para provar que não apoio o capitalismo predatório não comprei roupas na loja online do jogo.
Uma hora você encontra um grupo que é uma paródia do pessoal da Igreja Batista de Westboro. Você tenta usar suas armas do amor mas o computador avisa “Não adianta, há pessoas que não conseguem parar de odiar”. Profundo.
Em nome do amor você remove o ódio das pessoas, e por algum motivo elas ficam peladas, aí com sua luva do amor elas ganham roupas da grife do Björn Borg. Muito conveniente.
O Final Boss é o Vladmin Putin montado em um urso. SÉRIO!
Claro que no começo a gente chega a ter ânsia de vômito, quem detesta coisas fofinhas e com mensagens edificantes acha que está vivendo em uma distopia onde a Anita Sarkeesian é presidente da Electronic Arts, e todos aqueles retardados do GamerGate estavam certos, mas quer saber? Depois de alguns minutos você esquece do excesso de fofura e entende o FPL como mais um videogame.
Não importa se você está atirando “amor” ou “plasma”, são pixels. A gente se prende na dinâmica do jogo, e por mais simples que seja, se empenha em resolver o problema. Isso, claro, quem for razoavelmente normal, quem desconta frustrações com um joystick aí é outro caso.
Aqui o trailer da bagaça:
Para jogar basta um PC ou um Mac (o jogo não discrimina qualquer tipo de amor) e um navegador. Ele usa o plugin do Unity, então os gráficos são bem decentes. Clique aqui, siga as instruções, e ame muito (argh).