Carlos Cardoso 8 anos atrás
Depois de um longo e tenebroso inverno a NASA começa a se reerguer, mostrando o que faz de melhor. O vôo de teste da cápsula Orion foi impressionante, lindo, admirável e completamente dentro do esperado. A NASA gerenciou um belo show, mas dadas as condições de banda larga além da órbita baixa, não dá pra fazer streaming 4K.
O que eles fazem é gravar tudo, estudar os vídeos e depois ir liberando aos poucos. E meninos e meninas, como liberaram!
Uma das características da Orion é que ela deve suportar uma reentrada a uma velocidade muito mais rápida que as naves normais. Imagine que você está em uma cápsula fechada. Fora algumas chapas finais de metal a única coisa entre você e a morte certa são ladrilhos de cerâmica térmica, iguais aos que protegiam o ônibus espacial.
Sua cápsula tem controle limitado via jatos de manobra, a aerodinâmica de um jogador de RPG e está rasgando a atmosfera terrestre a 32 MIL km/h. Você está desacelerando a mais de 8 G, seu peso aparente quase se iguala ao supracitado jogador de RPG. O escudo de calor atravessa o ar tão rápido que ele não consegue sair da frente da nave.
Comprimido, o ar se aquece, igual a uma bomba de bicicleta (se você não for o tal jogador de RPG sabe do que estou falando). Isso até virar plasma, o chamado 4º Estado da Matéria, quente demais para as ligações químicas se manterem. Envolto nessa nuvem, nada atravessa. O Controle da Missão perde seu sinal, radar não funciona, o rádio já era.
Se algo der errado o lado bom é que a nave se desintegrará tão rápido que não dará tempo dos sinais de dor chegarem a seu cérebro. Talvez você veja um flash de luz por uma fração de segundo antes de descobrir a reposta à Grande Pergunta.
Se tudo der certo agora é só continuar caindo, em Mach 8 e desacelerando, com 3 conjuntos de pára-quedas, até atingir a segurança do Oceano Pacífico. Se o repelente de tubarão funcionar, claro.
Isso tudo você pode ver no sensacional vídeo abaixo, disponibilizado pela NASA. A câmera, no alto da Orion capta todo o processo de reentrada até a queda o pouso na água. Note como o plasma vai se aquecendo, até sobrecarregar o sensor da câmera.
Ah, antes que alguém reclame, a NASA não filmou na vertical, o sensor é quadrado mesmo.
ReelNASA — Astronaut’s-Eye View of NASA’s Orion Spacecraft Re-entry