Ronaldo Gogoni 9 anos atrás
A primeira conferência do Project Ara foi realizada ontem, e o Google demonstrou extremo otimismo com o projeto do smartphone modular, mesmo que ele tenha que passar por um longo caminho para deixar de ser um projeto e virar um produto de fato. Tanto é que a empresa definiu janeiro próximo como a data de seu lançamento oficial.
O líder do Project Ara Paul Eremenko delineou o percurso que o experimento vai percorrer na conferência realizada aos cerca de 200 desenvolvedores presentes no Museu da História da Computação na Califórnia. O modelo inicial que será disponibilizado foi chamado de "Gray Phone" por ter um tom cinza monótono, para "estimular os consumidores a customizá-lo", disse Emerenko. Com um preço planejado de 50 dólares, ele será o aparelho básico ao extremo para que os compradores sejam compelidos a adquirir mais e melhores módulos para possuir um smartphone aceitável.
O Google está se focando muito no design do aparelho mais na sua capacidade técnica, o que reforça a ideia de que o Ara não é pensado como um top de linha. Ao invés disso ele seria o primeiro passo da visão de futuro da empresa, em que o consumidor montaria seu próprio smartphone com os componentes que ele quiser. Reforçado pelo fato de que o Android é o sistema mobile mais popular do mundo, a intenção é atrair o consumidor para a possibilidade de customizar seu aparelho como quiser através da futura loja online, que ofereceria tanto módulos individuais quanto kits baseados no design que mais agrade.
A ATAP (Advanced Technology and Projects), a divisão responsável pelo hardware está desenvolvendo diversos modelos do Ara com diferentes graus de modularidade, o que pode e irá influenciar na performance de cada aprelho. O chassi é planejado para durar de cinco a seis anos, os módulos serão fixados com eletroímãs permanentes e utilizarão o protocolo UniPro para comunicação. A produção dos componentes, o ponto mais crítico para a agilidade e o barateamento dos custos o Google fechou parceria com a 3D Systems para o desenvolvimento de uma impressora 3D ignorante, dedicada para esse fim. Outros acordos foram fechados com o MIT e o Carnegie Mellon, e considerando que a ATAP é chefiada pela ex-DARPA Regina Dugan, pode-se dizer que o projeto está bem encaminhado.
O cronograma do Ara é bem apertado: o suporte ao barramento de energia é previsto para estar pronto em maio; as funções de sistema, em setembro; certificações regulatórias e de operadoras e o suporte pós-venda, em novembro. O ponto mais curioso é o Android: obviamente que o Ara vai rodar o sistema do robozinho, mas até o momento ele não oferece suporte para componentes modulares. Emerenko disse na conferência que "felizmente temos o Google", o que arrancou risos da plateia. A previsão é que o sistema seja completamente compatível com o aparelho somente em dezembro, e essa será uma das últimas tarefas que a equipe vai executar antes do lançamento comercial.
O Google planeja realizar mais duas conferências do Project Ara, uma em julho e outra em setembro. Emerenko disse ainda que permanecerá no projeto até abril de 2015, quando ele completará dois anos. Isso segundo ele é um padrão da DARPA para manter o ritmo de desenvolvimento sempre em caráter de urgência.