Carlos Cardoso 10 anos e meio atrás
Um dos novos problemas criados pela tecnologia é a confusão entre o que é privado e o que não é. Antigamente a linha era clara: na rua vale tudo. Hoje isso está confuso. Quando você pode compartilhar algo com milhares de pessoas, o que é apenas público se torna super-exposição.
Assim, o simples ato de prestar atenção em uma mulher atraente, algo programado no DNA masculino, pode se tornar próximo de assédio, adicionando um simples celular à equação. Tirando as feministas radicais, há consenso que olhar, de forma respeitosa, não tira pedaço.
Já olhar, fotografar sem a pessoa perceber e subir pro Facebook, é complicado.
Isso não impede que 8% dos ingleses, segundo uma pesquisa da Nokia, façam isso.
Alguns vão se dar mal, que nem este japa burro, mas a grande maioria continuará com seu hábito. Fica a dúvida: é preciso toda uma estratégia de reeducação, conscientizando as pessoas, explicando o conceito de violação de espaço pessoal, etc, ou essa é uma postura arcaica, e devemos aceitar que não há presunção de privacidade no mundo online?
O quanto isso é diferente das transmissões de futebol, onde os câmeras caçam avidamente torcedoras edificantes, brindando-as com closes? Quem lembra dessa japinha* de umas duas Copas do Mundo atrás?
Se o comportamento de fotografar desconhecidas sem consentimento é errado (dica: é) então deve ser sempre errado. A câmera do estádio não deveria ser mais legítima que meu smartphone. Por outro lado, com a qualidade dos smartphones atuais, uma foto geral pode ser subvertida em um close específico de alguém na multidão. Devemos então não fotografar mais nenhum evento?
É hora de revermos nossos conceitos, e até criarmos uns novos. Tudo que sabemos de privacidade está obsoleto.
* eu sei