Ronaldo Gogoni 10 anos atrás
Desvendar os segredos do cérebro é uma tarefa que desafia os neurocientistas há muito tempo. Nós não sabemos muita coisa sobre o órgão mais complexo que possuímos, não sabemos a fundo como ele funciona. mas graças a uma equipe de cientistas alemães e canadenses, demos mais um passo para entendê-lo com o lançamento do primeiro mapa 3D extremamente detalhado do cérebro.
O projeto chamado de BigBrain foi possível graças a uma doação de uma senhora de 65 anos, que forneceu seu cérebro após a morte. Ele foi dividido em 7.400 seções, cada uma mais fina que um fio de cabelo, depois cada uma das "fatias" foi tingida para realçar as estruturas cerebrais, e então elas foram dispostas em lâminas e devidamente digitalizadas.
O passo final foi remontar o quebra-cabeças no computador, o que resultou num mapa 3D extremamente detalhado, com muito, mas MUITO mais definição do que uma ressonância magnética comum. O processo conseguiu capturar 80 bilhões de neurônios e levou 10 anos para ser concluído.
O mapa pode ser rotacionado, permite zoom in e zoom out e facilitará o trabalho de pesquisadores que desejam estudam áreas específicas do cérebro. O professor Katrin Amunts, um dos cientistas responsáveis, disse que "é como usar o Google Earth. Você pode ver detalhes que não eram visíveis antes de termos essa reconstrução em 3D".
Segundo o dr. Paul Fletcher, psiquiatra da Universidade de Cambridge que estuda o cérebro de pacientes buscando entender distúrbios alimentares e será um dos que usará o BigBrain, "seremos capazes de estudar as respostas vistas nos pacientes e mapeá-las nesse mapa, que chega perto das camadas mais profundas do córtex, até nível celular".
De acordo com o professor Alan Evans do Instituto Neurológico de Montreal da Universidade McGill, "nós elevamos o nível de ordens de percepção com uma magnitude além do que era possível na virada do século 20. (...) Este conjunto de dados vai revolucionar nossa habilidade para compreender a organização interna cerebral".
O projeto foi publicado na Science e um vídeo pode ser conferido abaixo: