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Convergência ou divergência?

16 anos atrás

Lembro bem da primeira tevê que chegou lá em casa. Era uma Telefunken com imagem em preto-e-branco, movida a válvulas. Não sou assim tão velho. Minha família era pobre mesmo. O aparelho, usado, tinha um seletor de canais barulhento e vez ou outra precisava de um soco para voltar a exibir.

O tempo passou e hoje, com um pouco mais de recurso, tenho uma tela plana de muitas polegadas e milhões de cores. Som estéreo, surround. Uma beleza. Não precisa apanhar e nem colocar bom-bril na ponta da antena. Nem antena tem mais. O sinal vem pelo cabo com mais de uma centena de canais.

Eu adoro assistir a quase tudo. E da minha infância restou esse trauma. Agora vejo que poderei ter tevê digital pelo celular. Eu me pergunto: por quê eu iria fazer isso? Qual a razão para gastar os olhos em tela minúscula? O mercado cria necessidades que não existem, mas muitas vezes exagera.

O celular é, sem dúvida, o aparelho da convergência das tecnologias cotidianas. Estou convencido, como diria o presidente, que em breve ele será o controle remoto de todas as coisas da casa. Mas ele, definitivamente, não combina com imagens em movimento.

Há uma clara divergência entre um e outro conceitos. Filmes pertencem aos espaços amplos. Telefones móveis, à miniaturização. Pode ser que as seqüelas da Telefunken sejam ainda muito fortes e presentes. Pode ser... vou conversar com a psicóloga.

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