Carlos Cardoso 10 anos atrás
A Guerra, quente ou fria é quando a tecnologia mais avança, mas curiosamente os militares, que primeiro usufruem e desenvolvem essa tecnologia acabam sendo lentos em assimilar suas consequências. Em alguns casos mesmo nós, que vivemos a tecnologia temos dificuldade.
É o caso da Distinguished Warfare Medal, a primeira nova medalha desde 1944, criada para condecorar pilotos de drones e “cyber-guerreiros”.
O conceito é que embora estejam distantes, esses soldados participam de ações de combate reais. matando inimigos, incapacitando infraestrutura e salvando vidas de soldados amigos. No caso dos Hackers, podem anular sistemas inimigos, invadir redes e coletar informações vitais para uma estratégia de ofensiva vencedora.
Qual a polêmica?
Todos os matizes do espectro político nos EUA estão incomodados. Mesmo entre as forças armadas há uma clara prevenção contra esses Guerreiros de Escritório. A argumentação é que por mais que você contribua, ficar numa sala com ar-condicionado em Nevada comandando um Predador não é perigoso. Todo o mérito, a honra, o sacrifício de pular em cima de uma granada para salvar seus amigos não existe. No máximo você faz um ataque kamikazi com o drone e espera o “respawn”.
Do ponto de vista do soldado em terra é difícil discordar, mas eles têm a mesma prevenção com o pessoal da Força Aérea, e até com os da Artilharia, 40Km atrás da linha de frente.
“O horror da guerra – estou sem Doritos”
É fácil ser simpático a esse ponto de vista, crescemos vendo filmes de guerra, glorificando sacrifício, destacando gente que foi acima e além do dever, há inúmeras histórias, e por mais que saibamos que guerra não torna ninguém grande, atos de coragem são sempre admirados.
Só que a coisa começa a ficar cinzenta quando o guerreiro é um artilheiro em um Bombardeiro Stealth B2 voando a 40 mil pés em uma área sem oposição aérea, soltando bombas de sua cabine com ar-condicionado, cama de lona e até banheiro com privada.
A coisa é cinzenta quando o guerreiro está no CIC de um cruzador no meio do Mediterrâneo, apertando botões, lançando Tomahawks em bases líbias sem NENHUMA chance de contra-ataque. Esse sujeito receberá a mesma faixa de campanha para colocar no uniforme que o corno do SEAL que ficou 3 meses rastejando no deserto comendo escorpiões e acumulando inteligência.
Acho que essa mentalidade vai mudar com o tempo, é interessante ver como mesmo na minha mente ela vem mudando, mas prevejo ainda muitos anos antes de considerarmos guerreiros de escritório tão dignos quanto os de verdade (viu?).
Fonte: ET