Carlos Cardoso 10 anos atrás
Brincadeiras à parte, conservação de alimentos sempre foi um grande problema. Por isso desenvolvemos técnicas de salgar carne, ressecar frutas, pasteurizar leite, embalar a vácuo e aplicar conservantes.
Todas essas técnicas visam matar os microrganismos responsáveis pela decomposição dos alimentos, sem alterar a composição dos mesmos. É uma briga perdida, mas há uma técnica que consegue resultados excelentes, atacando os microrganismos com algo que odeiam: pagode radiação.
Há vários métodos. Um deles utiliza uma bomba de Cobalto-60 para irradiar os alimentos com Raios Gama, altamente penetrantes (ui!). Eles atingem o DNA dos micróbios, bacilos, fungos e insetos presentes nos alimentos, barbarizam com esse DNA e os bichos morrem horrivelmente. O DNA do alimento também é afetado, mas como tirando comida japonesa é provável que o alimento já esteja morto, não fará diferença.
O material irradiado não fica contaminado, pois a energia dos Raios Gama foi toda gasta destruindo o DNA maligno, e dependendo da potência virtualmente 100% dos agentes contaminantes são eliminados.
Hoje no mundo são irradiadas 500 mil toneladas de alimentos anualmente, e o Brasil é um dos grandes usuários do processo. Agora a USP está pesquisando um efeito colateral bem interessante: Irradiação com Raios Gama acelera muito o envelhecimento da cachaça, assim não é preciso esperar meses ou anos para ter um produto de qualidade.
Testes identificaram que o sabor da cachaça irradiada é indistinguível da envelhecida normalmente, o único senão é que não há mudança na coloração da bebida. O custo é baixíssimo, uma tonelada de cachaça pode ser irradiada por R$50,00.
Uns dizem que é trapaça, mas se o sabor é o mesmo, qual a diferença?
Em meados do ano passado o processo estava em fase de degustação na USP, com um grupo de 40 pessoas. Conhecendo minha raça (cachaceiros, não cientistas) ainda devem estar degustando. Pela Ciência!
Fonte: CH