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A Fronteira Final, agora em HD

11 anos e meio atrás

1stPhotoFromSpace

Em 1946 o mundo ainda estava no rescaldo da 2a Guerra, milhões de documentos e artefatos eram examinados nos laboratórios dos países vencedores, e a tecnologia alemã mais interessante eram os mísseis V2. Não havia ainda arma nuclear pequena o bastante para caber em um deles, mas seria uma vergonha desenvolver uma bombinha joia e não ter como lançar.

Foram feitos toneladas de testes, mas só no 13o lançamento em solo americano alguém teve a brilhante idéia de instalar uma câmera no foguete.

Programada para fazer uma foto a cada 1,5 segundos, a câmera fotográfica de 35mm conseguiu as primeiras imagens do espaço, a mais famosa essa aí de cima, tirada a 100Km de altitude.

 

A qualidade das fotos não melhorou muito quando os soviéticos conseguiram as primeiras imagens da Lua, através de câmeras de fototelevisão nas sondas Luna. Este é um dos frames:

CS_Luna03_31

Não reclame, em 1959 isso era considerado milagre tecnológico. Já no final dos anos 1970 as Voyagers eram equipadas com câmeras vidicon, que tinham resolução de 800x800 pixels, mas levavam 48 segundos para passar um frame para o computador de bordo.

Mesmo assim proporcionou imagens magníficas, como esta foto de Saturno feita pela Voyager 2

saturn

Em 1982 os soviéticos transmitiam imagens das sondas Venera 13 e 14, direto da superfície de Vênus:

venera

O panorama acima era originalmente composto de várias imagens de 256 x 1024 pixels, e não passa o inferno que é a superfície do planeta, com temperatura de 460 graus Célsius e 93 atmosferas de pressão. As câmeras sobreviveram por duas horas, comprovando que os russos podem ser péssimos com computadores mas são excelentes em tecnologia pé-de-boi, que aguenta paulada.

A tecnologia de imagens vem sempre aumentando, a ponto da realidade se confundir com a ficção, e em alguns casos superando. Em 2008 a sonda Kaguya, japonesa, mandou toneladas de vídeos em FullHD da Lua. Faça um favor a si mesmo e veja em 1920x1080 este Nascer da Terra. NENHUM episódio de Yamato teve algo tão lindo:

Claro, a Lua está no nosso quintal, o que não falta é sonda por lá, mas conseguimos imagens incríveis mesmo de lugares distantes. Esta imagem de Phobos um dos satélites de Marte, feita pela HIRISE é algo incrível.Clique, vale a pena, mais saiba que tem 3374 x 3300 pixels.

Agora a NASA liberou o vídeo em alta definição da parte final do pouso da Curiosity. É algo lindo, lindo. Dá pra ver até o escudo térmico se estabacando no último habitat das lesmas gosmentas marcianas.

O Curiosity deu os primeiros “passos”, afastando-se alguns metros e virando 180 graus, para fotografar o local de pouso. Veja as marcas dos jatos do trenó, bem em volta do ponto onde começam os rastros:

curiosityjatos

Em 66 anos saímos de imagens granuladas para vídeos em alta resolução e panoramas que rivalizam e superam tudo que a ficção científica já fez.

cupola

De um certo modo dá até para perdoar o pessoal que xingou histericamente a NASA quando chegaram os primeiros thumbnails da Curiosity, e acharam que aquilo era tudo que um projeto de 2,5 bilhões de dólares poderia fazer.

É muito mais gostoso enfiar goela abaixo deles imagens como esta, de 10.000 x 2.400 pixels, mostrando a Coronation, a pedra escolhida para o primeiro teste do laser. Sim, a ChemCam tem um laser, além de três espectroscópios. Vejam a precisão:

pewpewpew

O “laser” é projetado para vaporizar a rocha. Os espectroscópios analisam a luz refletida pela nuvem de detritos e identificam os elementos químicos presentes, uma aplicação de uma ciência que começou com isaac Newton e hoje permite que identifiquemos a composição da atmosfera de planetas a 150 anos-luz de distância.

Viram o que falei sobre realidade superar ficção? Nem em Jornadas nas Estrelas alguém ousou mostrar os sensores da Enterprise analisando a atmosfera de um planeta a 257 dias viajando em Dobra Fator 5.

Estudar uma pedra a 2,7 metros da Curiosity deveria ser bem mais simples, mas todo o trabalho tem que ser automatizado, pois o operador mais próximo está a 14 minutos-luz de distância. Mesmo assim o primeiro teste foi excelente. Aqui o espectro da Coronation, o nome da pedrinha:

chemcam

Sim, há Lítio em Marte. Bipolares e iPhones respiram aliviados.

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