Ricardo Bicalho 16 anos atrás
O Brasil é um dos líderes mundiais em biocombustíveis. É incrível constatar que um país com tantos problemas sociais, econômicos, políticos e educacionais, por causa de uma série de decisões acertadas, desponta como potência mundial de combustíveis renováveis.
O nosso "gasálcool" polui menos e ajudou o país a reduzir a dependência do petróleo externo, até atingirmos uma produção equivalente ao nosso consumo.
Apesar de ser algo comum para nós, o bom e velho etanol e motores que fazem uso do mesmo é novidade para o restante do mundo. E ainda há muita desconfiança em relação ao seu uso. Na Austrália, por exemplo, discute-se até mesmo os malefícios de usá-lo nos carros, como uma australiana me disse. Gente contra, dizendo que estraga o motor. Sabemos que em dosagens menores, ele não apenas reduz as emissões, mas também ajuda a manter o motor limpo, sem necessidade de aditivos.
Os EUA são os maiores consumidores de energia do mundo e a pressão pela redução da dependência de petróleo chegou ao limite. Produtores americanos usam milho, em um processo mais caro e menos eficiente que o do Brasil. Uma das nossas demandas é a remoção de barreiras alfandegárias, como a sobrataxa de 53 centavos de dólar por galão (~ 3,8 litros). O petróleo é livre de impostos.
O Brasil e os EUA, sozinhos, correspondem por 70% da produção mundial, sendo que o Brasil é o maior exportador e os EUA o maior produtor.
Para transformar o etanol em uma commodity negociada mundialmente, foi aberto um fórum de discussão entre os dois países e o presidente americano irá conversar sobre o assunto diretamente com o nosso atual gestor do executivo. É muito bom ouvir notícias, pois isso diz respeito não ao governo atual, mas políticas de Estado que podem reduzir os níveis de poluentes no mundo inteiro.
E o Brasil pretende também transferir tecnologia para países africanos e caribenhos, criando um mercado mundial, geração de empregos, redução da pobreza e de quebra manter a liderança mundial. Como menciona o artigo, nós plantamos e usamos cana-de-açúcar há 500 anos e motores a álcool há mais de 30.
Nem tudo são rosas, é claro. O nosso país ainda está no triste ranking de quarto maior poluidor mundial, com enormes queimadas e destruição de florestas. Por outro lado, estamos avançando no uso racional de riquezas naturais e biodiesel. Há muito a ser feito, mas se continuar assim, nos tornaremos potência mundial de fornecimento de energia e tecnologia limpa.
Fontes: Wired, New York Times