Carlos Cardoso 10 anos e meio atrás
Existe algo que angustia os cientistas e engenheiros da NASA mais do que lançamentos e pousos, mesmo aquela doideira do pouso da Curiosity, que fez a Manobra Adama parecer algo corriqueiro. Na verdade angustia até a mim, com a mesma sensação de estar em uma biblioteca enorme e saber que nunca terei tempo para ler tudo aquilo.
Ao menos vejo assim a situação da Curiosity, e na verdade das outras sondas em Marte também, por disporem de capacidade de gerar toneladas de dados, mas estarem limitadas por capacidade de armazenamento e principalmente com a banda de transmissão com a Terra.
Sim, ao contrário do que acham os histéricos do Twitter, a NASA captura sim imagens grandes. A original do para-quedas da Curiosity, por exemplo, tem 555 MiB, e levou um bom tempo pra ser transmitida de Marte.
As sondas e satélites de observação hoje em dia mandam thumbnails, e aguardam comandos para que os cientistas escolham quais imagens querem em alta resolução. Só assim conseguem manter os canais menos que 100% congestionados.
Por mais que a Curiosity tenha contato direto com a Terra, com seu transmissor de 15 Watts, seu contato direto consegue bbelocidades entre 800 e 160 bits por segundo, dependendo da antena a captar o sinal. Imagine transmitir UMA imagem de 2 megapixels.
O método ideal de transmissão é utilizando os dois satélites, a Odissey e o MRO, como retransmissores. A Curiosity fala com o Odissey a 256 kbit/seg e com o MRO a 2 megabit/s.
Dado o uso da Deep Space Network por outras missões, e os dados normais já enviados por esses satélites (a câmera HIRISE, dos tais 555MB está atuchada no MRO) a banda total tem que ser dividida, então a NASA pretende receber 250 megabits por dia marciano da Curiosity.
Isso dá 31,25 MB, nem um filme educativo decente, a não ser que você curta aquela perversão chamada RMVB.
Dividindo, isso dá 1,30 MB/h, ou 0,0217MB/s - 21,7kB/s.
O nome do robô é curiosidade, o nome do jogo é Paciência.
Fonte: NASA (cuidado, PDF).