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O custo do PC no Brasil

17 anos atrás

Com exclusividade para o MeioBit, Reinaldo Opice, Diretor de OEM da Microsoft Brasil discute a composição de preços de um PC no Brasil e seu custo final.

A carga tributária que incide sobre os computadores contribui para o alto custo do PC no país, mas está longe de ser a única causa

O custo dos computadores pessoais no Brasil tem sido apontado como um dos principais impedimentos para que o cidadão brasileiro tenha acesso efetivo às vantagens trazidas pela tecnologia da informação. De fato, existe uma grande diferença entre o preço de um PC produzido no Brasil com o de um equipamento, com as mesmas características e recursos, feito fora do país. Estima-se que hoje essa diferença seja da ordem de 28% a 32% - o que contribui para que apenas 12% dos domicílios no Brasil tenham um computador. Para efeitos de comparação, esse índice, de acordo com a IDC Brasil, chega a 20% no Chile e a 35% nos países asiáticos.

Nas discussões em torno do assunto, é comum se atribuir o alto custo do PC à elevada carga tributária que incide sobre os computadores produzidos no mercado nacional. Mas, apesar de ter uma importante participação na composição do preço final dos computadores, a carga tributária – que segundo a IDC Brasil responde por cerca de 33% do custo do PC – não pode ser considerada a única responsável por essa situação. Um dos componentes que também exercem forte influência no preço do PC nacional é o custo de logística.

No Brasil, além de serem obrigados a enfrentar os problemas gerados pela grave deficiência logística, os fabricantes de PCs têm que lidar com um cenário de baixo consumo distribuído por todo o país, uma vez que os maiores volumes de vendas ficam concentrados nas capitais. Esse cenário faz com que os custos com a entrega dos equipamentos comercializados sejam superiores aos de outros países, chegando até mesmo a neutralizar os benefícios fiscais concedidos às fábricas estabelecidas na Zona Franca de Manaus.

O Processo Produtivo Básico (PPB) também tem relação direta com o custo do PC nacional. O PPB é um conjunto mínimo de operações, no estabelecimento fabril, que caracteriza a efetiva industrialização de determinado produto no país. É ele que obriga que alguns componentes dos PCs sejam fabricados ou adquiridos no Brasil. Se por um lado, essa prática traz benefícios, por outro ela faz com que os fabricantes deixem de usufruir das vantagens da aquisição de componentes produzidos em escala mundial.

É o que acontece, por exemplo, com as placas-mãe dos PCs. Hoje praticamente 80% das placas comercializadas em todo o mundo vêm da Ásia. Como a produção asiática acontece em larga escala, os preços desses componentes tendem a ser bem inferiores aos praticados pelo restante do mercado. No entanto, diferentemente do que acontece em outros países, no Brasil os fabricantes de computadores não compram as placas já montadas. Para que as placas sejam montadas localmente, e, assim, possam atender às exigências do PPB, os fabricantes adquirem os componentes em separado, pagando a mais por isso. Esse custo também incide no preço do computador para o usuário final.

Além de conviver com a perda da escala asiática, a alta carga tributária e a carência de infra-estrutura logística, os fabricantes nacionais de PC ainda enfrentam a concorrência ilegal do chamado “mercado cinza”. Não raramente o mercado informal de PCs consegue oferecer preços finais mais baixos que a indústria formal, graças ao não pagamento de impostos, ao não cumprimento da legislação trabalhista ou à utilização de peças de qualidade duvidosa.

A vantagem dos integrantes do “mercado cinza” é significativa especialmente no caso dos grandes montadores, aqueles que produzem e comercializam cerca de 3 mil computadores por mês. O cenário muda um pouco de figura quando analisamos os pequenos montadores, que vendem 10, 15 PCs por mês. Como não têm as vantagens de escala como os grandes montadores, seus produtos são, em geral, mais caros que os fabricados pela indústria formal. Como, então, eles se tornam competitivos? Estando próximos de quem deseja adquirir um computador, mas não tem um ponto-de-venda convencional a seu lado. Essa situação é comum em pequenas cidades, onde não há canais de distribuição dos PCs legais.

A boa notícia é que a indústria formal tem adotado uma série de iniciativas para tornar o PC mais acessível aos usuários. A Microsoft Brasil, por exemplo, vem atuando fortemente junto às redes varejistas tradicionais no país – como hipermercados e grandes lojas de eletroeletrônicos – para transformá-las em um efetivo canal de vendas de PCs. O recente lançamento do Microsoft Windows XP Starter Edition, versão voltada para usuários iniciantes, e o PC de Marca (www.pcdemarca.com.br) – operação de distribuição de computadores voltada para consultores de informática, integradores e revendas de pequeno porte – também fazem parte dessa estratégia de tornar os computadores mais acessíveis no país e, com isso, contribuir para uma maior inclusão digital de nossos cidadãos.

Reinaldo Opice, Diretor de OEM da Microsoft Brasil

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