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Para Tim Sweeney, indústria dos videogames está mudando

Tim Sweeney afirma que indústria está passando por "uma mudança de geração" e que a ideia de um metaverso, como o Fortnite, é a responsável

02/10/2024 às 9:46

Seattle recebe, entre 30 de setembro e 3 de outubro, sua edição 2024 da Unreal Fest, evento em que a Epic Games promove sua engine. Entre as palestra realizadas no encontro, uma das mais esperadas era a do CEO da empresa, Tim Sweeney, e nela o executivo falou sobre como enxerga o atual estado da indústria.

Crédito: Divulgação/Epic Games

Além de anunciar um corte na taxa cobrada daqueles que lançarem simultaneamente seus jogos na Epic Games Store, reduzindo de 5% para 3,5% o que fica com a loja, Sweeney reforçou sua crítica à maneira como os donos das plataformas monopolizaram os serviços de distribuição digital.

Na sequência, ele afirmou que hoje sua empresa se encontra numa situação financeira melhor que aquela registrada no ano passado, quando vimos a demissão de vários funcionários. “Estou feliz em contar que agora a companhia está financeiramente sólida e que o Fortnite e a Epic Games Store atingiram novos recordes de usuários e sucesso,” garantiu.

De acordo com o executivo, no período do final de 2023 o Fortnite alcançou 110 milhões de jogadores simultâneos, o que lhe serviu como brecha para discorrer sobre como títulos assim estão mudando os padrões de consumo do público.

“Uma das manifestações que estamos vendo neste momento é que muitos jogos são lançados com orçamentos altos e não estão vendendo tão bem quanto esperado, enquanto outros jogos estão indo incrivelmente bem,” disse. “O que estamos vendo é uma real tendência em que os jogadores estão gravitando em direção aos jogos realmente grandes, onde podem jogar com mais de seus amigos.”

Crédito: Divulgação/Epic Games

Pois para Tim Sweeney, esse tende a ser o futuro da mídia, um em que experiências multiplayer envolvendo conversar com outras pessoas, participar de shows e fazer parte de várias outras atividades se mostram mais atrativo do que simplesmente jogar.

“Algumas pessoas chamarão isso de metaverso e não estamos todos de acordo sobre o que isso significa,” afirmou o CEO. “Algumas pessoas, quando ouvem a palavra ‘metaverso’, pensam no que o Facebook está fazendo com Realidade Virtual e Realidade Aumentada. Algumas pessoas usam o metaverso para descrever tudo o que não gostam sobre a atual temporada do Fortnite.”

De qualquer forma, Sweeney disse que esse cenário é empolgante e se trata de algo que “nunca aconteceu nesta escala na história do entretenimento.” Ainda segundo ele, tamanho sucesso se deve ao interesse das marcas em estarem presentes no jogo, com “músicos alcançando usuários, Disney, Star Wars e outros, todos se unindo para uma experiência de entretenimento de classe mundial que está sempre evoluindo e ao vivo.”

Crédito: Divulgação/Epic Games

Pensando por este lado, se torna difícil rebater a opinião de Tim Sweeney quando ele defende achar que é disso que “se trata o futuro dos jogos.” Qualquer empresa adoraria expor suas marcas para milhões de pessoas, podendo interagir com eles e aproveitando um público que claramente está muito mais interessado em passar seu tempo em um metaverso — jogo, ou seja lá como quiser chamar — do que diante da televisão assistindo a algum programa, filme ou série.

Esse interesse pode ser visto nos inúmeros personagens e colaborações que já deram as caras no Fortnite, mas a maior demonstração provavelmente foi aquela dada pela Disney, quando anunciou um investimento de US$ 1,5 bilhão na Epic Games, aposta justificada pelo presidente da empresa, Josh D'Amaro.

“Nós essencialmente Imaginamos um universo que iremos construir onde todas as nossas histórias podem ganhar vida. Elas podem ganhar vida de diferentes formas, [como] jogos. Elas podem ganhar vida de maneiras que você pode simplesmente interagir e jogar com a franquia de uma forma que seja significativa para você, um lugar onde pode realmente construir. E achamos que este será um lugar onde todos os fãs podem vir e interagir 365 dias por ano.”

Exagero? Talvez, mas D'Amaro usou o espírito aventureiro e tomador de riscos do próprio Walt Disney para defender sua visão de futuro e disse que se a empresa tivesse apenas confiado no que funcionou antes, hoje ela não existiria mais. “Devemos sempre procurar a próxima grande ideia, o próximo grande desafio [...] Conforme as preferências do consumidor continuam mudando, temos que nos adaptar, ou seremos deixados para trás,” afirmou.

Quando se trata de explorar a indústria de games, a Disney nem sempre acertou em suas apostas, mas é inegável que ao ver uma gigante colocando suas fichas em algo como o Fortnite, muitas outras empresas já devem estar pensando em fazer o mesmo. E se isso acontecer, quem deverá adorar é Sweeney e o pessoal da Epic Games.

Porém, essa é uma indústria muito volátil, em que ondas vem e vão, e aquilo que despontava como uma galinha dos ovos de ouro, logo pode parecer ultrapassado, sendo abandonado pelo público.

Crédito: Reprodução/Freepik

Por isso não consigo tirar da cabeça a ideia de que essa história de Fortnite, Roblox, metaverso e mundos virtuais no melhor estilo Jogador Nº1 não passa de uma tentativa de estabelecer um Second Live 2.0. Por mais que hoje tais investidas possam ser consideradas muito mais consolidadas que aquela criação da Linden Lab, até pela tecnologia presente, será que as empresas não temem por suas marcas acabarem no mesmo limbo daquelas que investiram na plataforma que no início dos anos 2000 despontou comum revolução digital?

Pois segundo Tim Sweeney, “tudo isso está acontecendo no contexto do negócio de jogos. Está mudando rapidamente de uma maneira que só vimos algumas vezes em nossas vidas como desenvolvedores de jogos. É uma mudança de geração.”

Como enxergar a história sendo escrita em tempo real não é algo simples, será interessante ver o que surgirá desta gigantesca popularidade que o Fortnite alcançou. Como nunca dediquei muita atenção a ele, confesso estar com vontade de fazer isso em breve, mas a sensação de que por lá tudo parece tão caótico e pouco amistoso com novatos, sempre acabo perdendo o interesse.

Fonte: PCGamer

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