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Futuro da Infogrames será a preservação do passado

Ao lado da Nightdive Studios e da Digital Eclipse, Infogrames será mais uma desenvolvedora da Atari SA dedicada a resgatar jogos antigos

05/09/2024 às 10:30

Seja pela mais pura paixão pelos clássicos, seja pela simples intenção de faturar com o saudosismo dos fãs, o fato é que trabalhar remasterizando ou recriando jogos antigos se tornou um belo negócio. Empresas como a Nightdive Studios, a GOG e a Digital Eclipse já perceberam isso e outra que pretende investir neste mercado é a Infogrames.

Infogrames

Crédito: Divulgação/Infogrames

Fundada na França por Bruno Bonnell em 1983, durante muitos anos a Infogrames foi um nome bastante conhecido do público (assim como seu logotipo com o tatu colorido). Conseguindo se tornar uma das maiores empresas do ramo, uma série de decisões equivocadas fez com que a marca perdesse força, até que, após várias aquisições, mudanças e fusões, em 2013 a editora entraria com um pedido de proteção contra falência.

Mas até chegar àquele ponto, diversas franquias já tinham sido vendidas, Bonnel há muito não participava da companhia e o grupo passou a ser conhecido como Atari SA. Parecia o fim de uma gigante que agonizava por anos. Porém, teimando em descansar em paz, em 2020 o conglomerado passou por mais uma reformulação e quatro anos depois, a Infogrames ressurgiu das cinzas.

Segundo o CEO e presidente da Atari, Wade Rosen, “por décadas a Infogrames construiu uma reputação como editora e desenvolvedora de jogos incríveis e ecléticos,” o que o levou a dizer ainda que estavam “animados para trazê-la de volta.” Com o intuito de usar a marca para publicar títulos que não estejam associados à marca Atari, ele afirma que a preservação de jogos será o foco dessa nova etapa da companhia.

Alone in the Dark - Infogrames

Alone in the Dark foi publicado pela Infogrames, mas hoje a marca pertence à THQ Nordic (Crédito: Reprodução/666gonzo666/MobyGames)

Pois esse objetivo ficou ainda mais explicito após uma entrevista concedida por Rosen ao site Game Developer. “A Infogrames é única, pois tivemos muitas oportunidades chegando a nós de jogos e propriedades intelectuais que as pessoas queriam vender, porque sentiam que eles não deveriam simplesmente desaparecer,” explicou.

Para o executivo, conforme essas ofertas foram surgindo, ficou claro que eles precisavam de uma editora para cuidar dos jogos que não se encaixavam nos negócios da Atari. “O objetivo é se envolver com a publicação preservacionista,” contou. “O que isso significa para cada título será variável. Às vezes será apenas o tornar acessível em mais plataformas. Às vezes será remasterização. Às vezes continuações.”

Mas Wade Rosen reconhece que esse é um mercado que está se tornando cada vez mais competitivo e por isso eles pretendem mirar em títulos esquecidos no passado.

“Estamos realmente interessados em propriedades intelectuais que estão no mercado há muito tempo, aquelas que as pessoas abandonaram. As pessoas que querem focar em seus projetos futuros e querem levantar capital para fazer novos jogos e se concentrar neles — é isso que a Infogrames está realmente procurando.”

Bubsy, uma das marcas pertencente à Atari SA (Crédito: Reprodução/fooziex/MobyGames)

E ao contrário do que empresas como a Nightdive Studios tem feito, com a Infogrames eles pretendem apostar apenas em franquias cujas aquisições sejam as mais simples possíveis. Se, por exemplo, houver problema para identificar os donos de uma marca, eles não entrarão num longo processo de licenciamento. A missão é diminuir os risco.

Esse processo de aquisição já começou e tem rendido bons frutos. Só em 2023 a Atari SA garantiu os direitos sobre 100 clássicos, incluindo aí franquias como Bubsy, Hardball, 1942: Pacific Air War, F-117A, Berzerk e Demolition Racer. Contudo, Rosen tem ao menos um sonho que adoraria realizar.

“Eu amei o Ogre Battle,” revelou. “Eu conheço o Tactics Ogre, eles acabaram de lançar o remaster, que é basicamente uma adaptação do jogo para PSP, mas adoro aquele mundo. Eu adoraria nos ver fazer algo com o Ogre Battle em algum momento. O Tactics Ogre está bem coberto. Mesmo que não seja uma aquisição, se a Square estiver lendo isso, por favor, nos deixe remasterizar o Ogre Battle.”

Crédito: Reprodução/666gonzo666/MobyGames

Particularmente acho difícil que isso aconteça, mas o que realmente me preocupa nessa nova etapa da Infogrames é uma possível perda de foco. O que me leva a pensar assim é que além desse novo braço ressuscitado pela Atari SA, hoje a empresa cuida também do Nightdive Studios e da Digital Eclipse, duas empresas dedicadas justamente a resgatar jogos antigos.

A impressão é que a editora está apostado demais em um nicho do mercado que, por mais que já tenha se mostrado lucrativo, certamente possui um limite. Além disso, será que os consumidores não ficarão confusos com tantos estúdios trabalhando em remasterizar, recriar ou dar continuidade a franquias que não fazem tanto sucesso quanto antigamente?

Contudo, para Wade Rosen nada disso parece assustar. “Você tem que se tornar uma editora que transcende esses jogos e, então, ter a disciplina de escolher jogos que suportem essa marca,” defendeu. “Isso provavelmente significa dizer ‘não’ a jogos que podem ser comercialmente viáveis, mas podem ser confusos para seu público alvo. É por isso que começamos a Infogrames.”

Tomara que o executivo esteja certo.

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