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Team FOLON e a vida pós-Fallout: London

Após conquistar muitos admiradores com o Fallout: London, grupo responsável pela modificação pretende montar estúdio independente e criar seus próprios jogos

12/08/2024 às 10:10

As modificações se tornaram parte muito importante dos jogos da Bethesda, com inúmeras delas tendo surgido ao longo dos anos. Mas quando se trata do trabalhado realizado por fãs usando o Fallout 4 como base, nenhuma causou tanta expectativa quanto o Fallout: London. Prometendo nos levar para a capital inglesa, o mod foi lançado recentemente e agora seus criadores falam sobre os próximos passos que pretendem dar.

Fallout: London

Crédito: Divulgação/Team FOLON

Conhecidos como Team FOLON e se apresentando como “um grupo de amadores, profissionais da indústria, modders e entusiastas de jogos que se reuniram de todos os cantos do mundo para dar vida às ruas pós-apocalípticas de Londres,” a experiência adquirida durante o projeto fez com que com eles almejassem voos ainda mais altos.

Durante uma entrevista para a BBC, o diretor do Fallout: London, Dean Carter, falou sobre tal possibilidade e como as doações feitas pela comunidade terão um papel fundamental para que a equipe forme um estúdio independente.

“Esperamos lançar nossa própria empresa de jogos indie, o que nos permitirá surgir com nossas próprias ideias, criar nosso próprio jogo e trabalhar como uma comunidade, sem ter que falar com ninguém acima de nós, como a Bethesda ou algo assim,” explicou. “Será uma coisa completamente nossa e poderemos criar um jogo que queremos, que achamos que a comunidade gostará. O Fallout: London tem sido um ótimo trampolim para isso.”

Pois Carter tem razão ao citar o holofote que o mod tem colocado sobre o grupo. Disponível exclusivamente no GOG (mas também podendo ser usado na versão do jogo do Steam), Fallout: London registrou mais de 500 mil downloads apenas no primeiro dia e foi aclamado pela sua ambientação.

Ao deixar os Estados Unidos e nos colocar para explorar uma Londres pós-apocalíptica, o Team FOLON fez um trabalho magistral aproveitando alguns pontos de referência da cidade e os costumes dos ingleses, fazendo várias referências à cultura local.

Mesmo com muitas reclamações quanto a instabilidade do mod, com diversos relatos de travamentos e bugs, aqueles que tiveram paciência para avançar pela longa campanha adoraram o que encontraram pelo caminho e não parece para menos. Segundo a página do jogo, com o Fallout: London teremos acesso ao seguinte:

  • 200 missões para mudar o futuro de Londres;
  • 20 facções brigando pelo poder;
  • 7 companheiros para levar em sua jornada;
  • 15 bairros criados do zero, trazendo a você uma nova Londres distorcida e quebrada;
  • Sistema de diálogo estendido para trazer as escolhas dos jogadores para a mesa, crie sua própria história!
  • Trilha sonora original revisada para dar personalidade a cada canto;
  • Dublagem original de todos os personagens principais, gangues e facções.

Crédito: Reprodução/Matthew Gibbs/ArtStation

O mais impressionante é que todo esse conteúdo — algo que se produzido pela Bethesda provavelmente daria vida a um jogo separado vendido pelo preço cheio — está disponível gratuitamente, exigindo apenas que os interessados tenham uma cópia do Fallout 4: GOTY Edition.

O que torna o lançamento do Fallout: London algo tão importante é a própria maneira como a Bethesda tenta capitalizar em cima dessas produções. Mesmo com a empresa se beneficiando da extensão da vida de seus jogos devido o interesse gerado pelo trabalho dos modders, ela quer mais, lançando e reciclando um criticado programa para a venda de modificações.

Então, quando um grupo como o Team FOLON surge com uma expansão que, mesmo com as ressalvas dos problemas do lançamento, nos oferece tanto (e tão bom) conteúdo sem cobrar um centavo por isso, é inevitável não questionar o papel da editora. Será que o melhor não seria eles aproveitarem todo o hype gerado por esse material, incluir (gratuitamente) o Fallout: London no Bethesda Game Studios Verified Creator Program e facilitar o acesso a ele?

Fallout: London

Crédito: Divulgação/Team FOLON

Sim, hoje o mod pode ser instalado de maneira relativamente simples graças ao suporte prestado pelo GOG, mas tê-lo na própria plataforma de distribuição da editora poderia ajudar muito tanto a tornar o trabalho do Team FOLON mais conhecido, quanto a aumentar as vendas do Fallout 4.

De qualquer forma, várias pessoas adoraram o que lhes foi entregue pela equipe capitaneada por Dean Carter e como demonstração disso, fizeram as doações citadas por ele. O grupo poderia continuar apostando neste modelo de produção, mas a verdade é que nem só de elogios vive o homem. “Por mais que eu ame o fato de que este é um projeto gratuito — que pudemos oferecê-lo de graça para toda a comunidade — ser de graça não paga nossas contas,” justificou. E como discordar disso?

Contudo, não pense que essa nova etapa do Team FOLON acontecerá logo. Segundo Carter, agora o objetivo é aproveitar os próximos meses do ano para preparar patches de correção, melhorar a estabilidade do jogo e até mesmo lançar conteúdos que foram cortados dessa versão inicial. “Temos outro final, que chamamos de final curinga e que será lançado em um patch futuro,” revelou.

Crédito: Divulgação/Team FOLON

Vendo o que esse pessoal conseguiu desenvolver até aqui, é difícil não criar expectativa pelo que está por vir e acredito que eles não terão muita dificuldade para encontrar uma editora disposta a financiar seus próximos projeto. Porém, é preciso levar em consideração a diferença em colocar no mercado uma modificação gratuita e um jogo que teremos que pagar para ter acesso a ele.

Algo lançado com tantos problemas como os associados ao Fallout: London seria muito criticado pela mídia especializada e até mesmo atacado pelos consumidores. Temos visto reações assim arranhando a imagem de estúdios gigantes e no caso de um independente, especialmente um que ainda está iniciando sua trajetória na indústria, poderia significar seu encerramento e por isso torço para que esse pessoal tenha noção do terreno em que está entrando e que sejam muito bem assessorados. Talento eles já demonstraram ter, mas a história nos mostrou que trabalhar com a criação de jogos exige muito mais do que isso.

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