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Kingmakers: e o cinema se rende à criatividade dos games

Mesmo sem ter uma data para o seu lançamento, o jogo Kingmakers será transformado em filme e mostra como Hollywood se rendeu aos games

09/08/2024 às 9:53

No final de fevereiro a Redemption Road chamou a atenção de muita gente. Com um trailer que durava pouco menos de dois minutos, o estúdio norte-americano mostrou ao mundo seu novo projeto, um jogo chamado Kingmakers e que surpreendeu ao misturar presente e passado, mas também pela qualidade visual.

Kingmakers

Crédito: Divulgação/Redemption Road

O vídeo em questão começa mostrando centenas, talvez milhares de soldados em um campo de batalha medieval, com um nível de detalhes impressionante e que passa a impressão de mais um jogo multiplayer como Mount & Blade 2 ou Chivalry 2. Porém, a grande surpresa ainda estava por vir.

A cena é cortada para uma cidade moderna, com uma câmera localizada atrás de uma caminhonete que, ao melhor estilo De Volta Para o Futuro, viaja para o que ficou conhecido a Revolta Galesa (ou Revolta de Glyndŵr) e lá, atropela vários combatentes.

Depois somos apresentados a um massacre, com o motorista daquele veículo usando armas de fogo atuais para atacar os soldados e dando comandos para seus aliados. É surreal, é absurdo, é covarde, mas acima de tudo, parece um jogo muito divertido. Confira:

Colocar o jogador contra hordas de inimigos que agem como enxames é algo antigo, mas a ideia da Redemption Road não teria conquistado apenas aqueles que adoram se valer de uma superioridade bélica. Por mais difícil que seja acreditar, mesmo sem nem ainda ter uma data para seu o lançamento, uma adaptação do Kingmakers já está garantida.

Aparentemente dedicada a adquirir todas as propriedades intelectuais baseadas em games que conseguir, a Story Kitchen é a produtora que fechou um acordo com a Redemption Road e a TinyBuild para levar o Kingmakers para o cinema.

“A ação, a construção do mundo e a intrigante ficção científica do Kingmakers fazem dele uma mistura perfeita para criar uma franquia propulsora em Hollywood,” explicou o cofundador da Story Kitchen, Dmitri Johnson. “Sempre fomos grandes fãs da Tinybuild. Como editores, eles estão lançando jogos que adoramos jogar. Estivemos de olho nas coisas em que eles estão trabalhando e tentando descobrir a próxima melhor oportunidade para colaborar com eles.”

Já para Mike Goldberg, o outro fundador da produtora, assim que eles viram o trailer que apresentou o Kingsmakers ao mundo, ficou claro que aquela era uma “brilhantemente empolgante ideia tanto para um jogo quanto para um filme.”

Kingmakers

Crédito: Divulgação/Redemption Road

Mas arriscar em um jogo que ainda está sua fase de desenvolvimento não lhe parece muito arriscado? Será que o pessoal da Story Kitchen não está apostando muito pesado em um conceito interessante, mas vindo de um estúdio que até agora só nos deu o razoável Road Redemption, aquele jogo que surgiu como um sucessor espiritual do Road Rash?

“[Kingmakers] será enorme,” defendeu Johnson. “Nós caçamos personagens, histórias, mundos únicos e isso possui todos os elementos. E ter a oportunidade de entrar nisso cedo, para nós, onde outros podem ter medo disso, nós adoramos. É uma oportunidade de ter esse documento vivo, pulsante e criativo.”

Pois essa ousadia com o Kingmakers não é novidade, caminhando inclusive para se tornar uma marca registrada da Story Kitchen. Contando atualmente com mais de uma dezena de propriedades intelectuais nascidas como videogames, entre os projetos que estão em suas mãos temos adaptações de jogos que fizeram sucesso, mas estão longe de serem grandes produções, como Dredge, Vampire Savior, My Friend Pedro e 3 out of 10.

E quanto ao cinema? Não soa estranho ver filmes se escorando tanto em histórias e conceitos nascidos em outras mídias, com os videogames sendo os queridinhos do momento? Para o CEO da Tinybuild, Alex Nichiporchik, há uma boa explicação para isso.

“No cinema é muito difícil fazer uma nova propriedade intelectual que de repente se torne grande,” disse. “Mas nos jogos, você vê isso todo mês. Você tem propriedades intelectuais e jogos que começam a explodir e então as companhias podem fazer parcerias para desenvolvê-los em várias mídias ao mesmo tempo.”

Nichiporchik então afirmou algo que está ganhando força na indústria, que é a possibilidade de pelos próximos anos vermos muitas adaptações de jogos chegando ao cinema e à TV. Para executivo, o ponto de virada aconteceu com o lançamento do Sonic: O Filme, quando ele percebeu que esse tipo de transição entre mídias poderia funcionar.

Crédito: Divulgação/Paramount Pictures

Essa é uma previsão que vai ao encontro do que acredita David Alpert, CEO da empresa responsável pela marca The Walking Dead, a Skybound. Após o enorme sucesso alcançado por adaptações como Fallout, The Last of Us e Super Mario Bros. - O Filme, o executivo disse que o que vimos até agora é apenas o início de uma onda que deverá durar por muito tempo.

“Se você olhar para os filmes baseados em histórias em quadrinhos, as adaptações dos anos 80 e 90 eram geralmente uma mer**, mas então o Homem-Aranha de 2002 deu início a uma corrida de 20 anos de algumas das adaptações para cinema e TV mais bem sucedidas de todos os tempos,” disse. “Não sei se chegaremos a 20 anos para jogos, mas acho que certamente estamos olhando para uma corrida de cinco a dez anos aqui.”

Mas se antes as adaptações de games eram tão ruins, o que explica o sucesso que elas estão fazendo recentemente? Pois para Alpert, dois fatores contribuíram para essa virada: a evolução dos jogos, que tem feito com que as pessoas passem cada vez mais tempo em seus mundos; e o avanço da tecnologia nos filmes e nas séries para TV, o que tornou a utilização de efeitos especiais algo muito mais acessível.

Crédito: Divulgação/Prime Video

O CEO aproveitou para elogiar o trabalho feito na série da Amazon baseada na franquia Fallout. Na sua opinião, além dela ser fiel ao material em que se inspirou, ainda consegue ser uma boa série para TV, lhe dando a esperança de que um dia veremos um jogo ser adaptado de maneira tão brilhante quanto Denis Villeneuve fez com o filme Duna. “Quando isso acontecer, será quando chegaremos ao auge da corrida do ouro,” afirmou.

Mesmo que tal objetivo nunca seja alcançado, uma enxurrada de filmes, séries e animações baseadas em jogos é inevitável. Hoje temos dezenas de projetos assim em desenvovlimento e com a indústria do cinema há muito tendo sido superada pela de games na questão de faturamento, será mesmo que Hollywood está errada ao aproveitar as boas e criativas ideias nascidas dos desenvolvedores de jogos?

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