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Os mais bizarros relógios digitais dos Anos 80/90

Relógio não é exatamente tecnologia moderna, mas com o advento dos relógios digitais, todo tipo de recurso foi incorporado para promover vendas. Aqui conhecemos algumas dessas mais esquisitas ideias...

30/07/2024 às 0:57

Relógio sempre foi símbolo de status, equipamentos multifuncionais úteis, mas por milênios tudo que fizeram foi dizer as horas. Eram essenciais quando a gente não tinha um retângulo de plástico no bolso para dar esse tipo de informação. Sua funcionalidade única hoje parece uma aberração, e houve uma época em que a moda era lançar relógios digitais com recursos para lá de bizarros.

Relógios aleatórios (Crédito: Stable Diffusion)

Antes de conhecermos alguns desses exemplos, um breve histórico: até os anos 1970, relógios de pulso eram essencialmente analógicos, no máximo usando cristais de quartzo e circuitos elétricos para manter as engrenagens sincronizadas.

A primeira vez que alguém associou um circuito eletrônico com um display de LEDs foi em 1972, quando a Pulsar lançou o Pulsar Time Computer. Era um relógio sem nenhuma função além de dizer as horas. Seu display de LEDs ficava apagado o tempo todo, para economizar bateria. Para saber as horas, você apertava um botão que iluminava o display momentaneamente.

Hamilton Pulsar Time Computer (Crédito: Reprodução Internet)

Por esse luxo você pagaria US$ 2.100, ou R$ 15.783,91 em valores de 2024.

Sim, o primeiro relógio digital custava uma fortuna. Depois virou arroz de festa, todo mundo no meu colégio tinha um Casio da vida, como o F91W-1, lançado em 1989 a US$ 20, US$ 50 em 2024. R$ 281 tá um bom preço por uma novidade.

A Hamilton, empresa por trás da marca Pulsar percebeu que só dizer as horas, não justificava o preço, então em 1975 criaram o Pulsar Calculator Watch, um relógio-calculadora com uma Stylus para apertar os minúsculos botões.

Pulsar Calculator Watch. Sim, era terrível desse jeito (Crédito: Reprodução Internet)

O relógio foi vendido originalmente na Tiffany’s por US$ 3.950, valores de 1975.

De lá para cá, toda sorte de gadgets foram associados a relógios, com mais ou menos sucesso. Vamos conhecer alguns deles:

1 – Relógio-Calculadora Casio C-80

Quem tinha um desses no colégio era Rei. As professoras não tinham noção que essa tecnologia existia, então o sujeito podia usar a calculadora à vontade. Dos vários modelos, o Casio C-80 foi o mais popular e um dos mais baratos, custando aproximadamente US$ 50 em 1980, US$ 190 em valores atuais.

O debut do C-80 (Crédito: Reprodução Internet)

Sem precisar de stylus, ele tinha as funções de uma calculadora básica sem ocupar espaço extra no seu pulso, o que ajudava a “disfarçar” o equipamento. Em 1983 a Casio lançou o CFX-200, um relógio com calculadora científica.

2 – Relógio com agenda

Em 1983 saiu o Casio Databank CD-40, um relógio com calculadora, cronômetro, agenda para até 50 números de telefones e memorandos curtos. Tudo isso em uma interface atulhada de botões, e nenhum recurso para integrar com computadores pessoais, visto que eles mal existiam.

O CD-40 tinha muito mais botões, então naturalmente era melhor (Crédito: Reprodução Internet)

No futuro teríamos equipamentos como o Timex Data Link, um relógio que usava um sensor rudimentar para ler padrões de flashes em um monitor LCD e sincronizar a agenda com o PC.

Os relógios Databank não fizeram tanto sucesso, era muito, muito ruim entrar dados neles, e na mesma época as “agendinhas”, precursoras dos PDAs já eram bem mais práticas e elegantes.

3 – Relógio com Pager

Em 1995 foi lançado o Seiko Receptor Message Watch, um relógio com um pager integrado. Eu mataria por um relógio com pager integrado.

Seiko Receptor Message Watch (Crédito: Reprodução Internet)

Pagers, antes dos celulares, eram essenciais. Imagine uma época onde ninguém tinha celular, para falar com alguém você tinha que saber aonde a pessoa estava. Um pager permitia que você enviasse mensagens simples de texto (90% das malditas pessoas só sabiam mandar “me liga”) para um aparelho que funcionava semanas com uma simples pilha pequena, quase não ocupava espaço na cintura ou na bolsa e não era intrusivo.

O Seiko Message Watch era isso tudo e algo mais, uma vibração no relógio e pronto, sua mensagem em seu pulso.

Na prática, ele dependia de rede própria, a cobertura era limitada, e se mostrou bem menos útil do que prometia.

4 – Relógio com TV

Era 1982, a Seiko lança o TV Watch, e não vou dizer que é algo digno de Dick Tracy, nem eu sou velho o suficiente para ter lido os quadrinhos (embora admita que assisti Tracy Dick, mas isso é outra história), mas sei que a ideia de um relógio com uma tela mostrando vídeo veio de lá.

Foram honestos na propaganda (Crédito: Reprodução Internet)

Na prática, era impossível atochar todos os componentes de uma TV em algo tão pequeno quanto um relógio, e a Seiko foi honesta. Nos anúncios mostravam que o conjunto do TV Watch era composto de relógio, fones e uma unidade receptora.

Mesmo assim, estamos falando de uma época três anos após o lançamento do Walkman, uma TV no pulso, mesmo tranqueira, era revolucionário. Tanto que em 1983 o TV Watch fez uma ponta em Octopussy, com James Bond, bem... sendo James Bond. A tela colorida era fake, obviamente.

5 – Relógio com gravador de voz

O Citizen Voice Memo apareceu em uns anúncios de revista por aqui e eu fiquei doido, achei futurista demais um relógio que gravava mensagens de voz, sem fita, sem nada!

Impressionante, para a época (Crédito: reprodução Internet)

Claro, como estudante duro eu só podia sonhar em comprar um relógio desses, mas após estudar a propaganda, acabei desistindo. Mesmo para os Anos 80, o limite de seis segundos de gravação me pareceu ridiculamente pequeno. Que diabos eu vou gravar em seis segundos, uma sex-tape em áudio?

Em 1999 a Casio lançou o DBC-V50, com capacidade de 5 gravações de até 30s. Mais razoável.

6 – Relógio com Controle Remoto

Em 1984 a Casio lançou o CDM-40, resolvendo um problema que nos aflige até hoje: achar o controle remoto da TV, no caso, da TV, do Receiver, do aparelho de som, do ar-condicionado, do Toshiba Magic Wand, do subwoofer...

Admita, é bonito (Crédito: Reprodução Internet)

O CDM-40 vinha com um banco de dados de um monte de aparelhos de diversas marcas, e botões especializados, em teoria você poderia controlar por infravermelho todos os seus aparelhos.

Na prática, como na maioria dos “controles universais”, sempre algum iria ficar de fora, mas que era futurista, isso era.

7 – Relógio com... transmissor de FM

Essa eu descobri agora. É algo extremamente especializado, mas que faz bastante sentido. O Casio TM-100, lançado em 1987, vinha com um transmissor de FM e uma anteninha que é uma delícia de retrofuturismo.

Casio Tm-100. Sim, eu pagaria por essa anteninha (Crédito: Reprodução Internet)

O truque aqui é transmitir um sinal de FM, com alcance de uns 100 metros, para receptores nas adjacências. Isso pode ser muito útil, por exemplo, se você estiver monitorando um campo, e precisar mandar relatórios contínuos para uma central.

8 – Relógio com... Planetário?

O auge da tecnologia, leve a Máquina de Anticítera em seu pulso!

Em 1989 a Casio (sempre ela) lançou o CGW-50 Cosmo Phase. Um relógio a princípio igual a vários outros relógios digitais da época, mas ela aproveitou o hype do Cometa Halley.

Casio CGW-50. Nem com muito esforço consigo pensar em algo mais inútil (Crédito: Reprodução Internet)

O Cosmo Phase trazia um recurso inédito em relógios: um planetário completo, capaz de calcular a posição dos 9 planetas do sistema solar (GFYNDT), e mais o Cometa Halley, por um período de 300 anos, com precisão entre 1901 e 2200.

Na época eu não soube da existência dessa maravilha, que talvez seja o recurso mais inútil já colocado em um relógio, mas eu moveria montanhas para conseguir um bicho desses.

9 – Relógio FM

Em 1985 você podia até comprar Plutônio em farmácias, mas não achava rádios miniaturizados em qualquer canto.

Foi nessa época que Sir Clive Sinclair, pai do ZX Spectrum, o melhor computador do mundo (você pode discordar, mas vai estar errado), lançou seu Relógio/Rádio FM.

Como era impossível miniaturizar um rádio inteiro em um relógio, ele criou quatro compartimentos separados, incluindo um para a parte “relógio”, que era só um modulozinho minúsculo.

Uma das muitas inovações era não precisar de antena externa, comum em equipamentos do tipo até hoje, como os raros celulares com chip FM. Mesmo assim, só foram produzidas 11 mil unidades.

O relógio era frágil, a pulseira se desgastava rápido e o som era sofrível. Para algo voltado para música, aquele alto-falante mono miniatura não estava à altura.

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