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EA quer mostrar (mais) propagandas nos seus jogos

Para CEO da EA, intensificar o uso de propagandas nos jogos que produz poderá servir como um "significativo motor de crescimento" para a empresa

13/05/2024 às 9:58

A principal crítica que as pessoas fazem à Electronic Arts é sobre a maneira como a empresa está sempre buscando maneiras de faturar além do valor cobrado pelos seus jogos. Pois de acordo com o CEO Andrew Wilson, é possível que em breve a empresa tente mais uma estratégia: a inserção de propagandas enquanto estivermos jogando.

Crédito: Reprodução/Freepik/Dori Prata

 

A revelação da polêmica iniciativa foi feita durante uma reunião com acionistas, quando o executivo foi questionado por um analista sobre a possibilidade de a EA recorrer a este recurso e a explicação dada por ele tem despertado preocupação em algumas pessoas.

“Ao longo da nossa história analisamos para sermos muito cuidadosos com a publicidade no contexto das nossas experiências de jogo [...] À medida que começamos a construir uma comunidade e a aproveitar o poder dessa comunidade além dos limites dos nossos jogos, como pensamos na publicidade como motor de crescimento nesses tipos de experiências?

A publicidade tem a oportunidade de ser um significativo motor de crescimento para nós. Temos equipes internas na empresa neste momento analisando como fazer implementações muito cuidadosas dentro das nossas experiências de jogo.

Ao pensarmos nos muitos, muitos bilhões de horas gastas, tanto jogando, criando, assistindo e conectando-se, e aonde grande parte desse engajamento acontece nos limites de uma experiência de jogo tradicional, a nossa expectativa é que a publicidade tenha uma oportunidade de ser este significativo motor de crescimento para nós.”

Crédito: Reprodução/Dori Prata

Porém, por mais que algumas pessoas não gostem da ideia de serem bombardeadas por propagandas enquanto jogam algo pelo qual pagaram mais de R$ 300, essa é uma tática que está presenta nos jogos há muito tempo.

Das placas publicitárias presentes em jogos de futebol ou corrida, até as latinhas de refrigerantes ou pacotes de salgadinhos encontrados em alguns jogos de ação/aventura, não chega a ser raro vermos este tipo de inserção.

Divulgações assim podem até mesmo aumentar a imersão, pois soa muito mais natural o Alan Wake usar uma pilha de uma marca famosa em sua lanterna do que de uma que não existe no mundo real. O que dizer então de um flash durante um jogo de luta, algo parecido com o que vemos durante um evento do UFC? Se na teoria isso parece inofensivo, na prática uma experiência assim feita pela própria EA não agradou ao público.

O caso aconteceu há alguns anos, quando a empresa norte-americana incluiu propagandas no UFC 4. O detalhe é que essas divulgações só começaram a ser feitas algumas semanas após o lançamento do jogo e assim, as análises publicadas não citaram a estratégia. Mas para os críticos, o maior problema estaria mesmo no fato de aquele ser um título vendido pelo valor cheio.

EA decided to add full-on commercials in the middle of gameplay in a $60 game a month after it's release so it wasn't talked about in reviews
byu/Ydino inassholedesign

Contudo, esteja você de acordo ou não com essa tentativa de lucrar mais com os jogos, o que acende um alerta na cabeça de muita gente é a possibilidade dessas propagandas se tornarem mais intrusivas. E novamente a EA surge como uma potencial utilizadora desta prática, já que ela é uma das companhias que fechou um contrato para utilizar a PlayerWON.

Criada pela Simulmedia, essa é uma plataforma cujo objetivo é justamente inserir nos games propagandas no mesmo estilo daquelas que vemos na televisão ou em serviços como o YouTube. Assim, no meio da partida um comercial será exibido aos jogadores e após assistirmos a dez deles, seremos presenteados com moedas virtuais.

O principal alvo da iniciativa seriam os jogos gratuitos e se pensarmos na quantidade de pessoas que consomem esses títulos, fica fácil entender o interesse dos anunciantes. Além disso, o custo para divulgar seus produtos e serviços em um jogo tende a ser muito menor que na mídia tradicional e se uma desenvolvedora/editora de jogos puder aumentar seu faturamento, o negócio se tornar vantajoso para todas as partes — tirando aqueles que odeiam ver sua diversão interrompida por anúncios.

Mas não pense que a EA está sozinha nessa empreitada. Relatos sobre tanto a Sony quanto a Microsoft terem interesse em explorar esse mercado são antigos e embora ainda não tenhamos visto uma investida mais incisiva neste sentido, não surpreenderia se ela acontecesse algum dia.

No caso da fabricante do PlayStation, a ideia seria justamente oferecer espaços dentro dos jogos, como em placas em um jogo esportivo e uma maneira de diminuir a insatisfação do público seria o premiando por ser exposto aos anunciantes.

Já a Microsoft parece até mais inclinada a apostar nas propagandas em games, já que em 2021 a Gigante de Redmond fechou a compra da Xandr, uma divisão de análises e publicidade fundada pela AT&T e cujo foco é a compra e venda de anúncios centrados no consumidor.

Crédito: Reprodução/Decoy Turk/Shenmue Wiki

Talvez a grande questão aqui esteja na maneira como dosar essas divulgações. Ainda assim, nem todos receberão bem esses anúncios, ainda mais com o preço dos jogos aumentando e muitas empresas já recorrendo a outras táticas para esvaziar os nossos bolsos, como microtransações, DLCs, passes de temporadas e até mesmo NFTs.

Pegando a própria EA como exemplo, no ano fiscal que terminou em março de 2024 ela registrou uma receita líquida de US$ 7,43 bilhões. É óbvio que qualquer empresa sempre tentará aumentar seu faturamento, mas o fato de tanto dinheiro estar entrando no caixa e mesmo assim haver planos para reduzir 11% da sua força de trabalho até 2025 não ajuda a criar uma boa imagem.

Para ser sincero, eu até acho que a publicidade é pouco explorada nos jogos. Essa é uma mídia que consome cada vez mais tempo das pessoas e se hoje o público não está diante da TV, lendo jornais ou revistas, nem mesmo ouvindo rádio, é natural que os anunciantes busquem esse público, com ele gostando ou não de ser alcançado.

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