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Steamboat Willie e o poderoso DevKit do Ark: Survival Ascended

Para divulgar o kit de desenvolvimento presente no ARK: Survival Ascended, o Studio Wildcard criou um jogo de plataforma usando o Steamboat Willie

11 semanas atrás

Facilitar a criação de mods ou conteúdo para seus jogos é algo que alguns estúdios fazem e o motivo é simples: aumentar a vida útil e consequentemente despertar o interesse do público. Porém, quando uma empresa se dispõe a oferecer um criador de jogos em um dos seus títulos, ela precisa mostrar que realmente é possível produzir algo muito diferente do original e para fazer isso, o Studio Wildcard recorreu ao Steamboat Willie.

Super Steamboat Willie

Crédito: Divulgação/Studio Wildcard

A menos que você tenha se escondido numa caverna nesse início de 2024, deve ter ouvido falar que a animação criada por Walt Disney entrou em domínio público. Isso quer dizer que qualquer pessoa pode utilizar o design inicial do Mickey e da Minnie, sem precisar pagar um centavo para aqueles que antes mantinham os direitos sobre a propriedade intelectual.

Sabendo disso, os criadores do ARK: Survival Ascended enxergaram na animação em preto e branco uma ótima oportunidade para divulgar a Simple Game Framework, ferramenta que, segundo eles, pode ser usada para dar vida a qualquer tipo de jogo.

Caso não conheça a franquia ARK, nela teremos que sobreviver num mundo habitado por dinossauros, caçando, construindo abrigos e domando as feras. Com a ação acontecendo em primeira pessoa e ao saber que o Steamboat Willie havia sido levado para o jogo do Studio Wildcard, o que imediatamente pensei foi num conjunto de skins baseadas nos camundongos, no máximo uma mudança nos gráficos para que o jogo ficasse parecido com a animação. Eu não podia estar mais errado.

No trailer divulgado pela desenvolvedora, inicialmente até é mostrado algo neste sentido, com o Mickey e a Minnie ocupando o lugar dos humanos e montando dinossauros, saltando de paraquedas e até mesmo usando armas de fogo. Porém, o estilo muda completamente na parte final. Confira:

Como pode ser visto nesse material de divulgação, usando o framework a equipe da desenvolvedora conseguiu criar o Super Steamboat Willie, um jogo de plataforma com progressão lateral e que em nada lembra o ARK: Survival Ascended. Entregando uma boa fluidez, a modificação serve para termos uma noção do quão flexível é esse kit de desenvolvimento, uma ferramenta que, nas mãos certas, poderá dar origem a projetos bem interessantes.

“A Simple Game Framework permite aos criadores criar jogos totalmente novos, do zero, dentro do ARK,” diz a nota publicada pelo Studio Wildcard. “Mapas personalizados, modos de jogo e até experiências totalmente novas dentro ou fora do universo ARK! Para fazer essas engrenagens girarem, incluímos um jogo de plataforma totalmente jogável construído com a estrutura, com a fonte para isso no ARK Dev Kit, e é apenas um pequeno vislumbre do que é possível.”

Super Steamboat Willie

Crédito: Reprodução/YouTube

Os interessados em aproveitar essa poderosa ferramenta poderão obtê-la na Epic Games Store, já os arquivos do Super Steamboat Willie estão disponíveis aqui. Também vale citar que o ARK: Survival Ascended passou a contar com suporte a cosméticos customizados e assim, os jogadores poderão utilizar qualquer aparência nos personagens, dinossauros, equipamentos e armas, inclusive nas partidas realizadas nos servidores oficiais.

Não sei quanto a vocês, mas a flexibilidade desse kit de desenvolvimento me deixou bastante impressionado. Além disso, o mod criado pela desenvolvedora despertou um sentimento de nostalgia por aqui, me fazendo lembrar da primeira fase do Mickey Mania, um ótimo jogo criado pela Traveller's Tales e lançado para Mega Drive, Sega CD, Super Nintendo e PlayStation lá pela metade da década de 90.

As maravilhas (e os horrores) do domínio público

Crédito: Divulgação/Nightmare Forge Games

Não se engane achando que o Studio Wildcard foi o único a aproveitar o fato de o Steamboat Willie ter entrado em domínio público. Bastaram poucas horas após o fim dessa amarra para que alguns projetos baseados na animação começassem a pipocar na internet e no geral, eles ficam bem longe da inocência do que Walt Disney criou há quase um século.

Uma das primeiras iniciativas neste sentido a ser anunciada atende pelo nome Infestation: Origins e segundo seus criadores, será um jogo de “terror cooperativo no qual você é um exterminador que trata de infestações sinistras causadas por versões distorcidas de personagens clássicos e lendas urbanas.” Obviamente, entre esses personagens que nos perseguirão está uma versão bizarra do primeiro Mickey.

Mas ao chamar a atenção por aproveitar o fim dos direitos autorais do Steamboat Willie, esse jogo também causou um burburinho por um motivo bem diferente. O problema é que ele foi revelado como Infestation 88, a explicação estaria na sua ambientação, na década de 80. Porém, não demorou para que algumas pessoas acusassem o pessoal da Nightmare Forge Games de usar um número associado ao neonazismo e a temática de extermínio de monstros.

Diante de uma polêmica que poderia alcançar uma dimensão catastrófica, os responsáveis pelo título decidiram mudá-lo e se defenderam afirmando que não sabiam que o número era usado desta forma.  

Enfim, a ideia de aproveitar uma marca conhecida e levá-la para o lado do terror não será exclusividade dos games. Jamie Bailey será o diretor de Mickey's Mouse Trap, produção anunciada como “o primeiro longa-metragem de terror e comédia live action do Mickey Mouse.”

Segundo o site Variety, ainda existe outro filme nesses moldes, também uma comédia de terror, mas cujo título ainda não foi revelado. “O Steamboat Willie trouxe alegria a gerações, mas por baixo desse exterior alegre existe um potencial para o terror puro e descontrolado”, disse o diretor Steven LaMorte. “É um projeto com o qual tenho sonhado e mal posso esperar para lançar ao mundo esta visão distorcida deste amado personagem.”

Para ser bem sincero, mesmo adorando filmes de terror, o meu interesse por essas produções é inexistente. Infelizmente, ao olhar para projetos assim só consigo enxergar o puro oportunismo, a vontade de usar uma marca conhecido para faturar alguns dólares. E foi por isso que até hoje não tive coragem de assistir Ursinho Pooh: Sangue e Mel.

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