Dori Prata 9 semanas atrás
Na era dos remakes e remasterizações, a pergunta que estamos sempre nos fazendo é: qual o próximo clássico que será revisitado por alguma grande editora? Com tantas opções, os fãs continuarão torcendo pelos seus favoritos e se dependesse de um dos profissionais que trabalhou na criação do Phantasy Star II, o RPG para Mega Drive receberia uma versão bem interessante.
Embora seja mais lembrado por ter criado o personagem Miles "Tails" Prower, que estreou no Sonic the Hedgehog 2, Yasushi Yamaguchi assinou o aclamado RPG como designer de mecânica. Recentemente ele concedeu uma entrevista à revista japonesa Beep21 e durante a conversa, revelou qual caminho seguiria caso tivesse a oportunidade de refazer o Phantasy Star II. Para ele, o ideal seria partir para uma abordagem 3D, usando um estilo anime parecido com aquele encontrado no popular Genshin Impact.
Contudo, se tal projeto realmente fosse feito, para a parte visual Yamaguchi se basearia no trabalho de Nobuyoshi Habara, diretor de anime conhecido por obras como Uchu Senkan Yamato 2199, Kidô Senkan Nadesico e Kaiketsu jôki tanteidan. Ele também contribuiu para a criação de três jogos: Killer7, Mega Man X4 e Mega Man 8.
Durante a entrevista, o artista que era creditado nos jogos como Judy Totoya também afirmou que neste hipotético remake faria uma abordagem mais cinematográfica à aventura de Rolf e seus amigos, usando a série Uncharted, da Naughty Dog, como exemplo do que gostaria de alcançar.
Mas se o Phantasy Star II teve uma grande importância em ajudar a popularizar a franquia, Yamaguchi não parece tão satisfeito com o que foi produzido. Para ele, as limitações impostas pelo Mega Drive fizeram com que o título não alcançasse seu potencial e para ilustrar sua opinião, ele citou o design dos mapas e a falta de movimentos nos lábios dos personagens ou o piscar de olhos.
Também não parece ter ajudado a maneira como o projeto foi comandado e quem falou sobre isso foi o game designer Kotaro Hayashida.
“O Phantasy Star II foi originalmente planejado para o Master System, como uma continuação direta para o Phantasy Star. Mas tarde decidiram que ele poderia ser lançado para o Mega Drive, então tivemos que refazer todos os planos. Apesar da grande mudança, tivemos apenas meio ano para terminar o jogo, um cronograma realmente opressivo e é claro, tivemos que completar a depuração nesse período, então quando você considera o cronograma normal para um RPG, o Phantasy Star II foi criado num período incrivelmente curto. A única razão pela qual fizemos isso foi por causa do Yuji Naka.
Enfim, por causa da dupla pressão dessas restrições de tempo e do desafio de trabalhar com um novo hardware, acho que foi quase impossível revisar as coisas que queríamos revisar.”
O interessante é que, mesmo se tratando de um jogo lançado em março de 1989, ele saiu para um console muito mais poderoso que aquele em que a série estreou e que vinha em um cartucho com impressionantes (para a época, claro) 6 megabit! Contudo, não resta dúvida de que a tecnologia atual lhes permitira ir muito além e por isso o desejo de Habara é compreensível.
O problema é que eu não consigo enxergar a Sega assumindo uma aposta deste tamanho. Por mais que a empresa tenha anunciado recentemente o retorno de várias das suas antigas franquias, nada foi dito sobre a Phantasy Star. Além disso, hoje eles parecem muito mais interessados em explorar o Phantasy Star Online 2, jogo lançado em 2012, mas que só em 2020 deu as caras no ocidente, quando chegou ao PC e Xbox One.
Ou seja, enquanto a Sega continuar lucrando com o seu MMO gratuito, guardarei poucas esperanças de ver a criação de um capítulo mais tradicional, mesmo que seja um remake ou remasterização.
Desta forma, aos fãs resta a opção de jogar o Phantasy Star Generation 2, remake que a Sega lançou para o PlayStation 2 em 2005. Nele tínhamos uma série de aperfeiçoamentos, dos gráficos ao melhor desenvolvimento dos personagens, passando ainda por um sistema de combate revisado, nova trilha sonora e até a possibilidade de aproveitar o save do jogo anterior para jogarmos como Nei.
No entanto, o problema é que o jogo nunca chegou ao ocidente e aqueles que tiverem curiosidade em conhecer essa versão terão duas opções: encará-la em japonês ou recorrer a uma tradução feita pela comunidade.
Logo, seria fantástico se a editora localizasse e relançasse alguns títulos que fizeram parte da linha Sega Ages, especialmente os da série Phantasy Star. Isso até quase aconteceu em meados dos anos 2000, quando surgiu a ideia de levar para o PS2 americano a Phantasy Star Trilogy, que traria o Phantasy Star I, II e IV.
Desenvolvida pela Conspiracy Entertainment, a compilação chamou a atenção por não contar com o terceiro jogo, mas a explicação para sua ausência está na maneira como ele se conectava com aquele universo. Enquanto os demais títulos contam com história que funcionam como sequências diretas umas das outras, o Phantasy Star III serve mais como um antecessor do Phantasy Star Online.
De qualquer forma, tal projeto nunca chegou a sair da fase de desenvolvimento e desde então os fãs só podem sonhar com o dia em que esses clássicos retornarão. Quanto a proposta de Yasushi Yamaguchi, é difícil não ficar empolgado com um jogo nesses moldes, mas talvez uma solução seria adotar o estilo HD-2D para tais remakes.
Além de achar gráficos assim lindos, acredito que partir para um visual "pseudo-2D" poderia reduzir bastante o tempo e custo de produção, tornando esses projetos mais baratos e consequentemente, reduzindo o risco. No vídeo abaixo (ou visitando este site) podemos ter uma ideia de como algo assim poderia ficar.